Focar em propostas de governo (e menos nas disputas políticas), ser assertivo nos questionamentos aos candidatos e se colocar no lugar do leitor. Essa é a receita para ampliar o espaço da educação na pauta da cobertura eleitoral discutida por editores nesta terça-feira, no 2º Congresso da Jeduca.
Apesar de o notíciário de educação ser o mais valorizado por 80% dos brasileiros, segundo levantamento feito para a Jeduca pelo Instituto Datafolha, a editoria ainda tem muito espaço para conquistar nos veículos. Para qualificar e expandir a cobertura, o diretor-executivo de Jornalismo da Band e da Band News TV, André Luiz Costa, aponta que é necessário priorizar os planos de governo dos candidatos. “Geralmente as reportagens focam nos arranjos de partidos, nas alianças, e acabam não falando das propostas. O que dá certo nos jornais, tanto na rádio quanto na TV, é fazer a ligação direta entre educação e o que transforma a vida das pessoas”, explica.
Para a chefe da sucursal da revista Veja no Rio, Monica Weinberg, uma dessas conexões é o financiamento. “Enquanto a demanda da educação aumenta, o investimento cai e esse é um assunto vital, que vai ter um caminho longo depois deste mandato”, enfatiza. Para ela, os grandes assuntos para a cobertura das eleições são a reforma do ensino médio, a cobrança de mensalidades na universidade pública e a educação infantil para além da abertura de vagas em creches.
Para o editor-executivo da BBC Brasil, Caio Quero, o fato de as redações terem um número cada vez menor de setoristas pode, paradoxalmente, ser benéfico, permitindo associar a educação a outras áreas, de forma transversal. “Precisamos ver qual é o macro para uma história e identificar como afeta o cidadão. É complicado ter pouca gente especializada, mas a cobertura nos obriga a abrir o foco. A escassez faz abrir horizontes.”