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A mídia regional pode ser um espaço para boas reportagens de educação. É o que indica o resultado do 1º Prêmio Inep de Jornalismo, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais em 20 de dezembro: as três matérias premiadas na categoria Avaliações Educacionais – que teve o maior número de inscrições, 74 de um total de 130 – foram publicadas em veículos locais. Além disso, são exemplos de boas reportagens de fôlego.
A vencedora da categoria, "Vale da Rapadura", publicada no portal da Tribuna do Ceará em janeiro de 2017, é o resultado de mais de mil quilômetros de estradas percorridas no estado com o objetivo de responder a uma pergunta: por que o Ceará tem as 24 melhores escolas públicas do Brasil?
A equipe – composta por Jéssica Welma (reportagem e fotos), Roberta Tavares (entrevistas) , Nasion Frota (filmagem), Mayara Kiwi (design), Adriano Paiva (animação) e Rafael Luis Azevedo (edição) – foi ao interior do Ceará conhecer escolas que obtiveram as pontuações mais elevadas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2015.
O título do especial remete à rapadura, alimento local que faz parte do cardápio das escolas no estado e, segundo os jornalistas, tem características que se relacionam “com a disposição de alunos e professores do Ceará para mudar a realidade de pobreza no sertão, através da educação”.
São vários os diferenciais da matéria, que por ter sido publicada numa plataforma digital, combina recursos de texto e vídeo. O principal, no entanto, é o fato de adotar a escola como ponto de partida. É a partir dela – das declarações de professores, alunos, gestores e das observações da repórter – que se desenha o cenário no qual as políticas educacionais ganham vida e materialidade, permitindo uma compreensão dos motivos do bom desempenho das escolas e que resultam em Idebs elevados.
É interessante observar que muitas das medidas e ações adotadas pelas escolas que fazem parte da reportagem costumam ser citadas pelas fontes como fatores que impulsionam a educação de qualidade, mas, neste caso, não constituem uma “fórmula de sucesso”. Diferentemente, essas medidas são descritas a partir da realidade de cada escola. O recado, então, é: o que dá certo em uma escola não necessariamente funciona em outra, compondo um cenário que coloca em perspectiva alguns dos principais desafios para a educação de qualidade.
A reportagem "O caminho das pedras: índices de desenvolvimento educacional guiam evolução do ensino básico em Pernambuco", de Ed Wanderley e Larissa Lins do Diário de Pernambuco, foi a segunda colocada na categoria Avaliações Educacionais no prêmio Inep. O percurso da repórter é semelhante, na medida em que toma a escola como ponto de partida para falar sobre a avaliações educacionais. O texto mostra como a apropriação dos resultados do Ideb pelas instituições de ensino funciona como fator para impulsionar a qualidade e o desempenho nas avaliações educacionais, trazendo exemplos de como diferentes escolas lidam com os dados.
Já a terceira colocada, "Rumo a 2022: como gestão, engajamento e inovação estão melhorando o Ideb em três estados", da Agência Social de Notícias, relata as estratégias adotadas por três escolas de estados diferentes para melhorar o Ideb, enfatizando, como fator comum, o fortalecimento do relacionamento com a comunidade e a gestão.
Intertítulo: Educação superior
Na primeira edição do Prêmio Inep, chamou a atenção o predomínio de reportagens sobre educação básica em detrimento da categoria da educação superior. A categoria Avaliações da Educação Superior teve apenas 17 inscrições, das quais apenas uma foi premiada, em vez de três, como ocorreu nas demais categorias. A reportagem premiada foi "O desempenho do ensino jurídico no DF", de Ana Paula Lisboa, jornalista do Correio Braziliense.
Usando os indicadores de qualidade da educação superior do Inep e o índice de aprovação no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ana Paula montou um panorama dos cursos de direito no Distrito Federal, que revela quais são as graduações com melhor e pior desempenho nessas avaliações, oferecendo um serviço ao leitor.
Se, de um lado, o baixo número de inscrições pode ser uma sinalização de que os veículos têm dedicado menos espaço à cobertura da educação superior em relação à educação básica, de outro, a reportagem de Ana Paula é um bom exemplo do tipo de investimento que resulta numa sistematização dos indicadores de qualidade do ensino superior – o que nem sempre é simples de fazer, devido à complexidade do sistema de avaliação deste nível de ensino –, resultando numa matéria útil e relevante.
* A editora pública da Marta Avancini participou do júri do 1º Prêmio Inep de Jornalismo a convite do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
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