A cobertura de eleições do ponto de vista da educação é o foco do 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, que a Jeduca realizará nos dias 6 e 7 de agosto, no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, região central de São Paulo. Haverá também discussão de políticas públicas e de questões ligadas ao fazer jornalístico. Ao todo, serão 28 atividades, entre mesas e oficinas, com convidados brasileiros e estrangeiros. A data do início das inscrições será anunciada em breve.
Na manhã de abertura, o congresso vai mesclar o cenário geral da cobertura da eleição com o relato de experiências e projetos de ex e atuais gestores da educação. Para situar os participantes sobre o contexto da campanha eleitoral que se aproxima, a Jeduca convidou o experiente jornalista Marcelo Beraba, atual editor da sucursal de Brasília do Estadão, que foi ombudsman da Folha de S. Paulo e é fundador da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
“Optamos por alguém como o Beraba, altamente qualificado, mas não especializado em educação, porque achamos que quem cobre a área precisa ter uma visão do que será prioritário na cobertura, de maneira geral”, diz o presidente da Jeduca, Antônio Gois, que vai mediar a atividade.
O congresso terá uma entrevista com o ministro da Educação, Rossieli Soares, e o depoimento de quem já foi gestor público. O ex-ministro Renato Janine Ribeiro e a ex-secretária municipal de Educação do Rio Cláudia Costin vão falar sobre o poder real de quem exerce cargos de comando na educação brasileira para adotar políticas que tenham impacto efetivo no chão da escola. Está previsto também na programação um debate com representantes dos candidatos à Presidência da República.
Entre os convidados internacionais, o jornalista americano Greg Toppo vai contar como acompanhou a ascensão de Donald Trump e sua polêmica agenda para a educação em reportagens para o USA Today. Ele é o presidente da EWA (Education Writers Association), entidade equivalente à Jeduca nos Estados Unidos.
Na mesa sobre a América Latina, as jornalistas Sonia del Valle, do jornal mexicano La Reforma, e Luciana Vazques, do argentino La Nación, falarão sobre a experiência de cobrir eleições presidenciais em seus países.
Professores da Universidade de Stanford, na Califórnia, Martin Carnoy e David Plank vão lançar um olhar estrangeiro sobre políticas adotadas recentemente no Brasil, como a Base Nacional Comum Curricular e a reforma do ensino médio. Ambos vão dar uma perspectiva do que podemos aprender com a experiência de outros países que realizaram grandes reformas educacionais.
Outro destaque das atividades diretamente relacionadas à eleição é a mesa que vai discutir como cobrir uma campanha na qual questões morais podem ter um papel central. A atividade é um bom exemplo de outra característica do 2º Congresso da Jeduca, a diversidade de formatos. Os participantes vão construir coletivamente uma pauta jornalística para abordar um contexto marcado por polêmicas, como a retirada das menções a gênero e sexualidade da Base Nacional Comum Curricular e a agenda do movimento Escola Sem Partido.
“Teremos essa grande reunião de pauta e também entrevistas e depoimentos de estudantes, sobre a escola que gostariam de ter, e de professores, sobre como eles são retratados na mídia e seu status na sociedade. O formato de debates, que foi a tônica do 1º Congresso, será apenas um dos itens do cardápio que vamos oferecer ao público”, diz o diretor da Jeduca Paulo Saldaña.
Mas haverá também reedições de atividades do 1º Congresso, como o debate entre editores sobre o espaço da educação na pauta dos veículos, a apresentação de grandes reportagens e a oficina sobre jornalismo de dados, que terá a duração ampliada – a atividade ficará a cargo da Escola de Dados.
No debate dos editores, Monica Weinberg, da revista Veja, André Luiz Costa, do Grupo Bandeirantes, e Caio Quero, da BBC, vão comentar os desafios que as pautas de educação vão enfrentar na disputa com outros temas na campanha eleitoral.
A mesa Grandes Reportagens terá discussões sobre jornalismo de dados, com um dos autores da matéria publicada na Folha de S. Paulo, Daniel Mariani, que mostrou supostas fraudes no Enem. A repórter Jéssica Welma, da Tribuna do Ceará, também falará sobre seu trabalho premiado que destrinchou as escolas do estado nordestino. E Renato Biazzi, repórter da TV Globo, contará os desafios de uma série sobre educação básica no Jornal Nacional.
Em algumas situações, os eixos do congresso estarão interligados, com atividades práticas e debates sobre temas educacionais que terão as eleições como pano de fundo. É o caso da oficina de fact-checking, ministrada pela Agência Lupa e customizada para a cobertura de educação, que ensinará aos jornalistas técnicas para identificar fake news e imprecisões nos discursos de candidatos. Ou a discussão do futuro de políticas públicas que já estão em vigor, como o Plano Nacional de Educação, e de instrumentos como o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), que expira em 2020 e precisa ser reformulado.
O debate sobre financiamento da educação estará presente em outra mesa sobre a relação entre o debate econômico e a educação. Em tempos de PEC do Teto, a atividade vai contrapor a visão de economistas e educadores. O que deve prevalecer, o equilíbrio macroeconômico ou a percepção de que, sem uma população instruída, o Produto Interno Bruto não tem como avançar de forma sustentável?
Como no 1º Congresso, realizado em julho de 2017, a Jeduca abriu espaço para todas as etapas da educação. Haverá também mesas específicas para a educação infantil e para o ensino superior, com um enfoque parecido: como conciliar qualidade e expansão da oferta?
“Com essa diversidades de temas e de formatos, esperamos que os jornalistas presentes se gabaritem ainda mais para temas que já conhecem, tenham ideias de novas pautas e, sobretudo, estejam preparados para encarar essa dura cobertura de eleições que se aproxima”, diz o vice-presidente da Jeduca, Fábio Takahashi.
O 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação conta com o patrocínio master da Fundação Lemann, Fundação Telefônica, Instituto C&A, Instituto Unibanco e Itaú BBA; patrocínio da Editora Moderna e Fundação Itaú Social; e apoio da Abraji, Canal Futura, Colégio Rio Branco, Embaixada Americana, Escola de Dados, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e Todos Pela Educação.