A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) condenam a invasão dos prédios do Congresso Nacional, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, por criminosos neste domingo (8/1/2023). Também repudiam ataques a jornalistas que tão somente cumpriam seu papel de acompanhar e reportar esses eventos que atentam contra a democracia brasileira.
Ao menos cinco jornalistas foram agredidos ou tiveram seus equipamentos quebrados e até mesmo roubados, segundo informações fornecidas pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. Foi o caso do fotógrafo da Folha de S.Paulo Pedro Ladeira, que foi chutado, empurrado e teve o equipamento roubado pelos vândalos, enquanto cobria as manifestações golpistas.
"Enquanto me agrediam, diziam que estavam lá para tomar o Brasil, e que eu estava ali para f… com eles, porque eu era fotógrafo", disse ele, acrescentando que outros colegas foram atacados.
A Abraji, assim como a Jeduca e outras organizações de liberdade de imprensa, vinha relatando e denunciando a escalada da violência dentro desses grupos extremistas, sem que o poder público e as forças de segurança tomassem providências adequadas. De 30/10/2022 a 6/1/2023, a Abraji em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 77 ataques de violência política contra a imprensa.
A Abraji localizou, em grupos de mensagens bolsonaristas, ameaças de invasão também a meios de comunicação como forma de coagir, constranger e impedir o exercício do jornalismo. A liberdade de imprensa tem garantia constitucional e um jornalismo livre e seguro é fundamental para manter o Estado Democrático de Direito.
A baderna e a destruição promovidas nas sedes dos Três Poderes ferem a democracia brasileira e emulam o episódio da invasão do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, em 6.jan.2021, protagonizada por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Uma das mais completas reportagens sobre o episódio norte-americano foi feita pelo New York Times, e a repórter Haley Willis contou como ela foi realizada no Congresso da Abraji de 2022.
A Abraji e a Jeduca repudiam de forma veemente a invasão e os ataques aos poderes e à imprensa, e se solidariza com os jornalistas agredidos, seus familiares e colegas. E exorta as autoridades públicas a identificar e responsabilizar os culpados pelas tristes cenas registradas no coração político do Brasil.
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca)