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Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil
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Alfabetismo funcional: entenda os principais resultados do Inaf

O indicador sinaliza estabilidade no cenário de analfabetismo funcional, além de trazer informações sobre a alfabetização no contexto digital e por escolaridade

05/05/2025
Redação Jeduca

Entre brasileiros na faixa etária de 15 a 64 anos anos, a taxa de analfabetismo funcional é de 29%, ou seja, uma a cada três pessoas. Esse é um dos principais resultados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), lançado nesta segunda-feira (3/5) pela ONG Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social. Desde 2001, o Inaf traça o cenário do analfabetismo funcional, complementando as informações sobre analfabetismo divulgadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O alfabetismo funcional diz respeito ao grau de domínio da leitura e da escrita - ou seja, à capacidade de utilizar essas habilidades em atividades do dia a dia com diferentes níveis de complexidade.

 

  • Os resultados do Inaf 2024, que tem co-realização da Fundação Itaú, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef, podem ser consultados aqui.

    Neste conteúdo você encontra:
    - Sobre o Inaf;
    - Principais resultados gerais;
    - Alfabetismo digital;
    - Alfabetismo e escolaridade.

     


    Sobre o Inaf

    O Inaf é um estudo amostral que coleta informações sobre o analfabetismo funcional. Em 2024, a pesquisa foi feita com 2.554 brasileiros entre 15 e 64 anos, avaliando as competências de leitura, escrita e matemática em situações cotidianas. 

    O indicador define cinco níveis de alfabetismo, associados a três categorias:

    Analfabeto


    Analfabetismo Funcional

    Rudimentar

    Elementar

    Analfabetismo Elementar

    Intermediário


    Alfabetismo Consolidado

    Proficiente

     

    As descrições dos cinco níveis de alfabetismo e habilidades estão disponíveis aqui.

     

    Analfabeto: no nível mais baixo da escala, os indivíduos conseguem ler palavras, pequenas frases e números que sejam familiares, como o telefone de casa, por exemplo, mas tem dificuldades em usar ferramentas digitais, como hiperlinks e scroll.

    Rudimentar: pessoas no nível rudimentar conseguem localizar informações explícitas em textos formados por sentenças ou palavras, comparar, ler e escrever números familiares, como telefones, cédulas e moedas, por exemplo.

    Elementar: o indivíduo consegue encontrar informações em textos de extensão média, fazer operações básicas com números de ordem milenar e usar ferramentas digitais em tarefas cotidianas.

    Intermediário: este nível prevê que a pessoa consiga encontrar informações explícitas e interpretar textos jornalísticos e científicos, reconhece argumentos e figuras de linguagem, além de trabalhar com problemas que envolvem porcentagem e proporção.

    Proficiente: no nível mais alto da escala, o indivíduo demonstra domínio amplo e crítico da linguagem e da matemática, conseguindo elaborar textos de maior complexidade e interpretar tabelas e gráficos. No espaço digital, consegue reconhecer situações de risco, como golpes e vírus e elaborar textos para mensagens e posts. 

     

 
 Principais resultados gerais 

Os resultados do Inaf 2024 revelam uma tendência à estabilidade do nível de alfabetismo funcional no país desde 2018 (última vez que o estudo foi realizado antes de 2024). 


A comparação com 2001, início da série histórica, indica redução de 10 pontos percentuais da porcentagem de analfabetos funcionais (de 39% para 29%). No entanto, a redução ocorreu de 2001 a 2009 (de 39% para 27%,mantendo-se nessa faixa até 2015). Em 2018, o percentual foi 29% e permanecendo estável até 2024. 


  • O indicador mostra que 36% dos brasileiros de 15 a 64 anos estão concentrados no nível elementar (selecionar informações em textos de extensão média e realizar inferências, além de resolver problemas que envolvem operações básicas).

  • Houve um pequeno aumento do analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos de 2018 para 2024 (de 14% para 16%), que pode ter sido causado por conta da pandemia e do período de fechamento das escolas. É o que sugere um dos pesquisadores que realizaram o estudo, segundo matéria da Agência Brasil.

  • A taxa de analfabetismo funcional é maior conforme a faixa etária: 17% (de 15 a 29 anos) contra 41% (41 a 54 anos).

  • Quanto menor a renda, maior a taxa de analfabetismo funcional: 76% dos analfabetos funcionais têm renda de até 2 salários mínimos. Na faixa de renda acima de 5 salários mínimos, 5% são analfabetos funcionais.

  • Há uma associação entre escolaridade e analfabetismo funcional: 38% concluíram o os anos iniciais do ensino fundamental contra 9% dos que chegaram ao ensino superior.

  • A proporção de mulheres funcionalmente alfabetizadas é maior do que a de homens (73% contra 69%, respectivamente estão nos níveis mais altos da escala). Ainda no recorte por gênero, 53% dos homens são analfabetos funcionais contra 47% das mulheres.

  • Na comparação com 2018, houve diminuição do analfabetismo funcional entre pretos e pardos (de 67% para 58% em 2024). Entre os brancos, houve aumento (passou de 24% para 39%). Entre os indígenas, caiu de 4% para 3%.


Confira a série histórica na tabela abaixo:


Níveis de Alfabetismo no Brasil segundo o Inaf (2001-2024)


Nível/Ano

2001-

2002

2002-

2003

2003-

2004

2004-

2005

2007

2009

2011

2015

2018

2024

Analfabeto

12

13

12

11

9

7

6

4

8

7

Rudimentar

27

26

26

26

25

20

21

23

22

22

Elementar

28

29

30

31

32

35

37

42

34

36

Intermediário

20

21

21

21

21

27

25

23

25

25

Proficiente

12

12

12

12

13

11

11

8

12

10

Analfabeto
Funcional

39

39

37

37

34

27

27

27

29

29

Funcionalmente
Alfabetizado

61

61

63

63

66

73

73

73

71

71

Fonte: Inaf 2001-2024 *Reprodução



Alfabetismo digital


Pela primeira vez, o Inaf 2024 traz informações sobre o alfabetismo no contexto digital. A pesquisa incluiu questões que simulavam tarefas cotidianas em celulares, como realizar uma compra online, selecionar um filme em um serviço de streaming, utilizar aplicativos de mensagens instantâneas e fazer a inscrição em um formulário.


As tarefas incluíram ações como fazer um pagamento, criar uma senha a partir de regras específicas e anexar fotos, entre outras, como detalha reportagem do jornal Estado de S.Paulo. 

  • De acordo com o estudo, 95% dos indivíduos que estão no nível analfabeto apresentam um desempenho considerado baixo em tarefas digitais, sendo que 4% possuem desempenho médio e 1% alcançam o patamar alto de desempenho.

  • Entre os que estão no nível elementar, 18% possuem um desempenho alto, 67% apresentam um desempenho médio e 15% desempenho baixo.

  • A análise por faixa etária mostra que mais jovens se saíram melhor nas tarefas digitais propostas. 38% dos brasileiros de 20 a 29 anos alcançaram esse patamar. Na faixa etária de 19 a 25 anos, esse percentual é de 31%. Em contrapartida, 6% das pessoas entre 50 a 64 anos tiveram desempenho alto nas tarefas propostas.

  • No entanto, apesar dos resultados colaborarem para a noção geral de que jovens têm mais facilidade com tarefas digitais, ainda chama atenção que 61% dos brasileiros de 15 a 19 anos não conseguem completar a tarefa que simulou uma compra online.

  • Com cada vez mais atividades cotidianas sendo feitas principalmente no ambiente online —  como compras e transações financeiras —, o analfabetismo digital eleva a vulnerabilidade de pessoas nesse ambiente, uma vez que se tornam mais suscetíveis a golpes e fraudes online e à desinformação, além de limitar o acesso a serviços públicos.

Alfabetismo e escolaridade


Um dos destaques do Inaf 2024 são os dados sobre analfabetismo funcional por escolaridade. Entre os indivíduos que não tiveram acesso à educação básica, 98% são classificados como analfabetos funcionais, sendo que apenas 2% apresentam alfabetismo consolidado. 


O relatório destaca que a escolaridade tende a ser o maior indutor da alfabetização, mas que essa relação não é tão evidente entre 2024 e 2018. 


  • Entre os que chegaram ou concluíram o ensino médio, o percentual de analfabetismo funcional chega a 17%. O percentual de indivíduos com alfabetismo funcional consolidado é de 38%, enquanto 45% estão no nível de alfabetismo funcional elementar.

  • Entre a população que chegou ou concluiu o ensino superior, 12% são analfabetos funcionais, 27% possuem alfabetismo elementar e 61% estão no nível de alfabetismo consolidado.

Segundo matéria do Uol, outra possível explicação para os resultados do Inaf 2024 é que a pandemia, além de afetar a educação formal, também ocasionou a falta de convivência em outros espaços de letramento, como o trabalho, por exemplo.


Ao analisar os dados por escolaridade, é importante lembrar que, no intervalo de seis anos entre as duas edições do Inaf, a educação brasileira foi afetada pelo período de fechamento das escolas durante a pandemia de covid-19, além da diminuição de investimentos na pasta e o enfraquecimento de políticas educacionais em governos anteriores.


Além disso, a qualidade da oferta da educação básica pode ficar comprometida por fatores como a falta de infraestrutura das escolas e o aumento de professores temporários, entre outros.


Análise comparativa no resultado de avaliações em estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aponta relação entre a aprendizagem dos estudantes com a infraestrutura das escolas, o que inclui salas adequadas, recursos pedagógicos e equipamentos, conforme matéria do canal Futura.


Segundo o Censo Escolar 2024, o número de professores temporários é maior que o de  efetivos nas redes estaduais, noticiou o g1, entre outros veículos. A sobrecarga de trabalho, a instabilidade e rotatividade de docentes, impactam a atuação dos professores na sala de aula e, consequentemente, na qualidade do ensino.


A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é apontada como um caminho para contornar o analfabetismo. Porém, o Censo Escolar 2024 indica queda de 20,4% nas matrículas da modalidade desde 2020, segundo matéria da revista Educação


Para especialista de uma das organizadoras do Inaf, de acordo com reportagem d´O Globo, o encolhimento da modalidade é um dos fatores que contribuem para a estagnação do percentual do analfabetismo funcional.


Tendo como metas a ampliação das matrículas da modalidade e a superação do analfabetismo, em 2024, o MEC (Ministério da Educação) lançou o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos.



Tem mais sugestões e indicações sobre este tema? Escreva para contato@jeduca.org.br.

 

#Inaf #AnalfabetismoFuncional #Alfabetização

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