Lucas De Vivo
Lucas Domenico
Do Repórter do Futuro
As diferenças entre os sistemas educacionais do Chile e da Argentina e na cobertura do tema nos dois países marcaram o início, na manhã desta quarta-feira (28), do 1º Congresso de Jornalismo de Educação, organizado pela Jeduca, na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Participaram da mesa, mediada por Fábio Takahashi, da Folha de S. Paulo, Elizabeth Simonsen, da Universidade do Chile, e Ricardo Braginski, editor do diário argentino Clarín.
Braginski relatou que a educação não é um tema presente na agenda política e na grande imprensa do seu país. Enquanto isso, no Chile o assunto é decisivo nos debates da campanha presidencial deste ano.
Nenhum dos dois países conta com muitas publicações especializadas no assunto. Segundo Simonsen, tanto o jornal La Tercera quanto o El Mercurio já tiveram espaços diretamente focados em educação. Em função da crise econômica, porém, o La Tercera incluiu recentemente o tema na editoria Nacional.
Relação entre os movimentos estudantis e a imprensa
No Chile, segundo Simonsen, em princípio, a mídia criminalizava os movimentos estudantis ocorridos desde o início do século. Para a jornalista, autora de um livro sobre o tema (Mala educación), a solução foi se aproximar dos estudantes, para conhecer as ocupações e o movimento na sua intimidade.
O chamado Pinguinazo, em 2006, e as ocupações em 2011, levaram o tema ao centro da agenda política e jornalística do Chile, motivando a criação de editorias de educação e a ampliação do espaço dedicado ao tema em veículos daquele país.
A força política dos movimentos estudantis, como conta a jornalista, acabou por ofuscar a importância das fontes oficiais e dos próprios professores chilenos.
Internacional ou geral
Outro tema debatido durante a plenária foi a cobertura educacional entre os veículos latinos americanos. “Quem deveria cobrir as ocupações estudantis brasileiras na Argentina? A editoria internacional ou a editoria de educação?”, questionou Braginski.
Simonsen acrescentou que no Chile há pouco espaço para destaques internacionais na editoria de educação, a exemplo do que ocorre no Brasil.
Veto às fontes oficiais
A proibição de acesso às fontes oficiais argentinas durante o governo Cristina Kirchner também ganhou destaque durante o debate.
A "censura" do governo provocou uma crise de acesso a informações sobre educação, como de resto sobre outros temas da agenda pública, que impediu uma cobertura mais aprofundada sobre o tema.
O despreparo dos jornalistas locais para cobrir educação também foi mencionado pelo editor do Clarín. “Os jornalistas mais jovens ganham mais espaço e a cobertura fica superficial”, afirmou Braginski.