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Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Censo da Educação Superior: EAD e permanência estudantil são pontos de atenção da cobertura

Dados de 2022, divulgados nesta terça (10/10), traçam panorama dos desafios de acesso e desistência de estudantes nos cursos de graduação, bem como dos cursos de licenciatura

11/10/2023
Marta Avancini

A divulgação do Censo da Educação Superior 2022 nesta terça-feira (10/10)  foi além do tradicional balanço realizado anualmente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

 

A apresentação dos dados incluiu diversas informações de contexto e recortes que dão margem a pautas sobre a ampliação da oferta e das matrículas a distância, acesso à educação superior, o impacto de programas e políticas de ação afirmativa, formação inicial de professores, entre muitas outras.

 

Além disso, durante o lançamento o ministro Camilo Santana (Educação) anunciou, sem dar detalhes, diversas ações relacionadas à autorização de cursos de graduação a distância,  mudanças no SiSU (Sistema de Seleção Unificada), Fies (Financiamento Estudantil), ProUni (Programa Universidade para Todos) e medidas para a permanência estudantil.

 

Todos são temas relevantes para ficar no radar dos jornalistas, por isso, a seguir,  apresentamos alguns destaques do Censo da Educação Superior 2022, que podem se desdobrar em pautas.


Acesse o material divulgado pelo MEC aqui. Assista à entrevista coletiva aqui.

 

Educação a distância

Os dados divulgados sinalizam o avanço da oferta e das matrículas em cursos a distância, já registrados nos anos anteriores. De 2021 para 2022, o aumento da oferta a distância foi de 21%, chegando a 9.186 cursos. Em quatro anos, o aumento foi de 189,1%. Há dez anos, eram ofertados 1.148 cursos a distância.

 

O número de ingressantes na modalidade a distância é maior do que na presencial: respectivamente, 3.100.556 e 1.656.172 – ou seja quase 1,8 vez maior  (total 4.756.720 em 2022).

 

Isso está ligado à oferta de vagas a distância, 17.171.895 – 75% do total (22.829.803) -, três vezes mais do que as vagas presenciais (5.657.908).

 

Pontos de atenção:

- A oferta de vagas e os ingressantes em cursos a distância concentram-se nas instituições privadas. Em 2022, as instituições privadas ofereceram 17.064.035 vagas a distância, contra 107.862 presenciais. Nas públicas, é o contrário: a maioria das vagas é presencial (567.361 contra 107.862 a distância). Esses dados incluem as vagas novas e as vagas remanescentes.

 

Com relação aos ingressantes nas particulares, 71% são em cursos a distância (3.032.618 de 4.231.328). Nas públicas, 12,9% ingressam na modalidade (67.938 de 525.400).

 

- A oferta de vagas é grande, mas a maioria permanece ociosa. Somente 23% do total geral de vagas novas são ocupadas, mas a comparação entre as instituições públicas e particulares mostra uma diferença importante: nas federais, por exemplo, 73,6% das vagas são ocupadas, contra 23% nas instituições privadas com fins lucrativos. Ou seja, o setor privado oferece muitas vagas, a grande maioria a distância, mas a ociosidade é grande.

 

- Por conta desse cenário, o ministro Camilo Santana anunciou que o MEC, em conjunto com o CNE (Conselho Nacional de Educação), vai implementar um novo marco regulatório para a educação a distância, com base em um relatório que deverá ser divulgado em breve.  Vale acompanhar essa pauta, que envolve o debate sobre a qualidade da oferta e da formação dos futuros profissionais.

Acesso à educação superior

Em 2022, o Brasil tinha 9.443.597 estudantes matriculados na educação superior. O número, que se aproxima de 10 milhões, representa um aumento de 5,1% em relação a 2021 – a maior taxa desde 2015.

 

A maior parte das matrículas é presencial (5.112.663). Os cursos a distância têm 4.330.934 alunos. Porém, a tendência é que as matrículas a distância atinjam e até ultrapassem as presenciais nos próximos anos.

 

Um dado importante para entender o cenário é a desistência: 58% dos ingressantes abandonam o curso antes de concluí-lo – eles podem ter trocado de curso ou parado de estudar. Este é outro ponto que pode render boas pautas para compreender os motivos do abandono e os impactos do fenômeno, considerando que no Brasil muitos jovens sequer fazem o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ou prestam vestibular.

 

Segundo dados do IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) apresentados durante a divulgação do Censo, do total de jovens de 18 a 24 anos:

 

  •         43,4% concluíram o ensino médio e não estudam.

  •         21,2% não concluíram o ensino médio e não estudam.

  •         20% frequentam educação superior.

 

Ou seja, uma parcela significativa dos jovens não está estudando ou não consegue chegar à educação superior, o que é um ponto de atenção para as políticas públicas e para a cobertura. Este dado não é novidade, mas pode ser uma referência útil em matérias.


Ponto de atenção:

- O ministro disse, no lançamento do Censo, que o SiSU será reformulado: segundo ele, o sistema será aberto uma vez ao ano com vagas novas e, na segunda abertura, serão oferecidas vagas remanescentes.

 

Permanência estudantil

Um bloco importante da divulgação do Censo da Educação Superior envolve a permanência dos estudantes na educação superior.


O Censo mostra que
a taxa de desistência é menor para estudantes que têm Fies e ProUni.


A taxa de desistência entre alunos do Fies (financiamento para estudantes da rede privada) é de 49%. Para alunos do ProUni (bolsa de estudo total ou de 50% da mensalidade), a porcentagem é de 40%.


Entre os estudantes da rede particular sem esses benefícios, a taxa é de 60% e nas instituições públicas, 52%.


Esses dados são uma indicação da importância dos programas de permanência estudantil.


As
políticas de cotas também contribuem para a permanência: nas instituições federais, 36% dos cotistas desistem do curso contra 55% dos não cotistas.


Ponto de atenção:

- Esses dados servem de ponto de partida para pautas sobre as políticas e programas de financiamento e permanência. Com base nesses dados, que indicam impacto positivo desses programas, o ministro anunciou que será criada uma linha especial do Fies para aumentar a atratividade dos cursos de licenciatura. Ele também falou do aumento do valor das bolsas de permanência para grupos específicos, como indígenas e quilombolas.

 

Formação de professores

Os dados relativos a ingresso e matrícula nos cursos de licenciatura foram destaque na divulgação do Censo: a EAD (Educação a Distância) é a modalidade amplamente majoritária na formação dos professores da educação básica.

Segundo o Censo, na licenciatura, 81% (789.115) do total geral de ingressantes e 64% (1.669.911) das matrículas estão na educação a distância.


Nas instituições privadas, que concentram a formação de professores, 93,7% dos ingressantes e 88% das matrículas em licenciatura são da EAD - em 2022, foram 654.329 ingressantes e 1.097.982 matrículas.


Os dados levantam um sinal de alerta quanto à qualidade da formação ofertada, num cenário em que faltam professores para atuar em determinadas áreas como física, química e língua estrangeira, entre outras.


Ponto de atenção:

- A intenção do MEC, segundo o ministro, é criar normas para regular a oferta de cursos de licenciatura, além de ações no campo do financiamento estudantil para atrair estudantes.

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