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Alice Vergueiro/Jeduca
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Cobertura de ataques às escolas leva veículos a rever as regras do jogo

Em mesa do 7º congresso da Jeduca, jornalistas debatem conflitos éticos envolvidos na divulgação de agressões contra as instituições escolares

19/09/2023
André Derviche/Oboré Projetos Especiais*

(Com edição de Anelize Moreira/Oboré Projetos Especiais*)


Os ataques a escolas pelo Brasil, no primeiro semestre deste ano, deram margem a uma série de reflexões sobre o trabalho jornalístico. Enquanto políticas editoriais mudavam, veículos e jornalistas viviam conflitos éticos relacionados ao direito à informação na cobertura das tragédias. Em prol de conter o efeito contágio, reportagens de alguns veículos passaram a evitar a divulgação dos detalhes sobre os agressores e os casos.

 

Os dilemas que a imprensa viveu na cobertura jornalística de ataques a escolas foram tema da terceira mesa do primeiro dia do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca. Na mesa, estiveram presentes os jornalistas Laura Mattos (Folha de S. Paulo), Lorrany Martins (A Tribuna - ES), Maurício Xavier (O Globo), e Victor Vieira (O Estado de S. Paulo). A mediação foi da jornalista Marta Avancini, editora pública da Jeduca.


Todos estiveram envolvidos na cobertura dos recentes ataques neste ano: um em março contra uma escola estadual de São Paulo, que terminou com uma professora morta e outro, dez dias depois do primeiro, em abril contra uma creche em Santa Catarina, que deixou quatro crianças mortas. Cada um dos participantes contou os desafios pelos quais eles e seus veículos passaram na cobertura. Em maio, houve outro ataque, contra uma escola em Cambé (PR).

 

No Estadão, por exemplo, as discussões sobre como cobrir ataques a escolas começaram em 2019 com um episódio que aconteceu em Suzano (SP). Seguindo a orientação de especialistas sobre o tema, o jornal colocou “um freio” na divulgação de imagens como forma de não incentivar novos ataques violentos, segundo Vieira.

 

Já a Folha de S.Paulo optou analisar caso a caso e divulgar detalhes como o nome do autor dos crimes tomando como referência a “relevância jornalística”, revelou Laura Mattos. Ela ressaltou a importância do apoio de especialistas na cobertura: “Isso ajudou as redações a levarem para dentro a reflexão sobre o olhar para esse tipo de assunto, porque muitas vezes entramos em um piloto automático”.

 

A pressão das redes sociais

A cobertura não escapou de dilemas. Na era das redes sociais, jornais e jornalistas acabam sendo induzidos a repercutir conteúdos virais, o que, neste caso, vai contra orientações de não divulgar imagens e vídeos dos ataques. “Tirar essa cobertura do jogo da busca por audiência é essencial. Não dá para sermos hipócritas e falar que não estamos sob essa pressão nas redações e esse tipo de cobertura dá muita audiência”, afirma Laura.

 

Victor Vieira lembrou que, com as redes sociais, a circulação de imagens consideradas inadequadas tornou-se inevitável. Para ele, a imprensa deve perder a pretensão de que as pessoas não vão chegar a essas imagens de outra forma. Cabe ao jornalismo qualificar o circuito de informações e à educação evitar o uso indevido desse tipo de conteúdo. “Não publicar vira um exercício para o jornalista. Estamos acostumados a querer publicar”, afirmou o jornalista do Estadão.

 

A cobertura de ataques a escolas acabou sendo um processo de aprendizado “em tempo real” para jornalistas. No fim das contas, esses eventos ressaltaram o trabalho jornalístico: “Ataques a escolas são fatos de interesse público. A gente deve continuar noticiando eles, mas tomando cuidados para evitar a espetacularização”, disse Maurício Xavier. O Globo publicava somente uma vez o nome do autor, mas optou por não divulgar mais em 2023.

 

“Nós fomos aprendendo e lidando com esses dilemas durante a cobertura”, relatou Lorrany, que cobriu o ataque a uma escola em Aracruz, no Espírito Santo, em novembro de 2022. Ela conta que a cobertura começou na editoria policial e terminou com a participação de diversos repórteres, inclusive de educação.


Assista ao vídeo sobre a atuação da Jeduca na cobertura de ataques contra escolas:

 

 

Confira a íntegra da mesa abaixo:

 

 

O 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca conta com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e YouTube, patrocínio ouro de Fundação Lemann, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Sonho Grande e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Península e Santillana Educação, apoio do Instituto Ibirapitanga, Fecap, Canal Futura, Colégio Rio BrancoConsulados dos EUA no Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Loures Consultoria e apoio institucional da Abraji, Ajor, Unesco MIL Alliance, Énois, Jornalistas&Cia, Instituto Palavra Aberta e Núcleo Jornalismo.

 
* A cobertura oficial do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação foi realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da editoria pública e da equipe de comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).

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