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#conteprajeduca

Cobertura destaca baixo interesse pela carreira de professor

Dados que foram usados nas matérias vieram de estudos da OCDE, divulgados este mês. Os estudantes que optam pelo magistério têm notas mais baixas no Pisa

25/06/2018
Marta Avancini

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) lançou em junho dois estudos que tiveram como tema o professor, figura-chave para o sucesso de qualquer sistema educacional no mundo.

 

Um deles, "Políticas eficazes para professores", foi elaborado a partir de percepções de estudantes que participaram do Pisa, a avaliação internacional de estudantes, sobre a carreira docente. O documento também inclui análises sobre aspectos que influenciam na atratividade do magistério.

 

Entre os resultados, chama a atenção a diminuição do interesse dos estudantes pela profissão nos 60 países investigados. Como noticiou a Agência Brasil, em matéria reproduzida em vários veículos, entre eles o jornal Valor Econômico, a proporção de adolescentes que desejam se tornar professor caiu de 5,5% em 2006 para 4,2% em 2015. No Brasil, a proporção é menor ainda: 2,4%. O Estadão também deu manchete para o assunto no domingo, dia 24, em matéria de Isabela Palhares.

 

As matérias apresentam fatores que contextualizam esse resultado. De maneira geral, os estudantes que expressam o desejo de ser professor têm médias mais baixas no Pisa. No entanto, este traço é mais acentuado nos países com pior desempenho na avaliação (caso do Brasil), onde a diferença de pontuação entre os melhores e piores alunos tende a ser maior e chega a ser equivalente a um ano de estudo.

 

Ou seja, é como se os jovens que querem ser professores estivessem um ano atrás daqueles que querem ser cientistas, por exemplo. Além do Brasil, a lista inclui países como a Bulgária, Geórgia, Israel, Letônia, Líbano, Peru, Portugal, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

 

A percepção negativa sobre a carreira docente está associada à desvalorização do professorado, que, por sua vez, está ligada às condições de trabalho. Esse aspecto do relatório da OCDE foi destacado por diversos veículos, como a BBC Brasil, em texto reproduzido pela Folha e pelo Metro. O número de alunos por sala, a redução da carga horária e o aumento de docentes na ativa são alguns dos fatores que precisam ser equacionados para melhorar as condições de trabalho. Esses aspectos foram noticiados pela Gazeta do Povo, de Curitiba (PR), e pelo Diário de Goiásde Goiânia (GO).

 

O segundo estudo divulgado pela OCDE, "Professores Ibero-Americanos: Insights do Pisa e da Talis" tem como um de seus focos as desigualdades entre escolas.

 

Como destacaram a revista Nova Escola e o portal G1, a diminuição das desigualdades entre escolas depende da oferta de um ensino de qualidade, por isso é preciso atrair os melhores professores para as escolas mais vulneráveis; não basta aumentar a quantidade de docentes em atividade nessas instituições.

 

Também influenciam no aprendizado dos alunos a experiência do professor, a estabilidade dos contratos e os salários. Os resultados apresentados nos estudos da OCDE compõem um panorama de questões que merecem um olhar mais aprofundado por parte dos jornalistas de educação.

 

A formação inicial é apontada como um dos principais desafios tendo em vista a qualificação do docente e da aprendizagem dos alunos. Uma das críticas existentes é o descolamento entre o que se ensina na faculdade e a prática de sala de aula, como assinala a pesquisadora Bernadete Gatti em entrevista à revista Pesquisa Fapesp.

 

Vale acompanhar ainda o impasse em torno da implementação das diretrizes para os cursos de licenciatura, aprovadas em 2015 pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). A nova regra aumenta em um ano a duração do curso (de três para quatro anos) e deveria começar a valer em julho de 2018.

 

A aplicação da norma corre o risco de ser adiada, pois o Ministério da Educação quer suspendê-la por tempo indefinido. O argumento é o de que as instituições de ensino, em especial aquelas do segmento privado, que concentram a maioria das matrículas, não tiveram tempo para se adequar à nova regra, informou matéria de Paulo Saldaña na Folha de S.Paulo.

 

Em artigo publicado no Estadão, Renata Cafardo também falou do assunto e chamou ainda a atenção para a má fiscalização em estágios nos cursos que formam professores. Muitos alunos burlam o sistema e, mesmo quando a carga horária é cumprida, o treinamento não é eficiente. O estágio bem feito também foi destacado em um dos estudos da OCDE como crucial nos melhores sistemas de ensino do mundo.

 

No ano passado, o MEC lançou a Política Nacional de Formação Docente, que inclui a criação do programa de Residência Pedagógica (um estágio supervisionado nos cursos de licenciatura), que passa a funcionar paralelamente ao Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), mas a quantidade de bolsas também não é suficiente.

 

No entanto, segundo resultado preliminar divulgado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), mais de 400 instituições tiveram projetos aprovados para os dois programas – o que pode ser uma ideia para matérias sobre o programa, enfocando as propostas apresentadas.

 

Um aspecto fundamental no campo das condições de trabalho é o salário do professor. Estudos, inclusive da OCDE, apontam o que a remuneração docente no Brasil está entre as mais baixas no mundo. Segundo o relatório “Education at a Glance” de 2017, o salário inicial de um professor brasileiro é de cerca de US$ 13 mil ao ano. A média entre os países da OCDE é de US$ 30 mil, detalha matéria publicada pela Nova Escola.

 

Além disso, apesar da lei que instituiu o piso salarial para professores, muitos municípios e alguns estados não pagam o mínimo legal. Em Minas Gerais, por exemplo, 70% dos municípios não pagam o piso, segundo notícia do G1 baseada em estudo do TCE (Tribunal de Contas do Estado). No Espírito Santo, 65% dos municípios estão na mesma situação, de acordo com o TCE local, em matéria da Folha Vitória.

 

 

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