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Tomaz Silva/Agência Brasil

Como a experiência dos EUA nos ajuda na cobertura sobre a BNCC

Em debate durante seminário da EWA, especialistas dos Estados Unidos afirmaram que discussões sobre o currículo escolar estão escondidas na pauta das redações e apontam possibilidades para abordar o tema

01/06/2019
Angela Chagas

Um dos painéis do seminário anual da EWA (Education Writers Association), realizado no começo de maio em Baltimore, nos Estados Unidos, enfocou como os currículos das escolas podem ser abordados na cobertura jornalístico de educação. Morgan Polikoff, professor da Universidade do Sul da Califórnia, Sonja Santelises, coordenadora das escolas públicas de Baltimore, e David Steiner, professor da universidade Johns Hopkins apontaram que os temas sobre os conteúdos escolares costumam estar escondidos na pauta das redações americanas. E indicaram alguns caminhos, que podem ser úteis para os jornalistas também no Brasil.

 

 A EWA é uma associação de jornalistas de educação dos Estados Unidos, que existe há mais de 70 anos e inspirou a criaçao da Jeduca.

 

Segundo os debatedores, o trabalho dos jornalistas ainda é muito focado na cobertura do ponto de vista político – como nas disputas entre representantes de sindicatos e governos – e negligencia temais mais cotidianos, do dia a dia das escolas.

 

"O currículo tem sido reduzido a um acompanhamento do aprendizado dos jovens", afirmou Sonja Santelises durante o debate.

 

Para compreender a perspectiva dos especialistas e como elas podem contribuir com o nosso trabalho, é preciso levar em conta que, assim como ocorre agora no Brasil com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), os EUA também definiram um padrão curricular único, incorporado de forma voluntária pelos estados. O lançamento ocorreu em 2010, durante o governo de Barack Obama. Havia um entendimento -  não um consenso; tanto lá quanto aqui existem posições contrárias à ideia de currículo nacional - de que ter uma base curricular rigorosa colaboraria para a melhoria da qualidade da educação.

 

O Common Core, como é chamado o padrão curricular americano, definiu o que os estudantes deveriam aprender em cada ano, da pré-escola até o ensino médio. Materiais didáticos passaram a ser reformulados e a formação dos professores sofreu modificações, de acordo com a nova política. Assim como nos Estados Unidos, a BNCC prevê o que as crianças devem aprender desde a educação infantil até o ensino médio. Escolas, públicas e privadas, devem se adaptar às mudanças. Estados e municípios agora estão trabalhando nos referenciais curriculares, adequando à base curricular aos conteúdos regionais.

 

Enquanto ainda estamos em fase inicial de implementação da BNCC – principalmente em relação à BNCC do ensino médio, homologada no fim do ano passado – o Common Core americano enfrenta muitos desafios nove anos após o seu lançamento (vale ler reportagem da Folha de S.Paulo sobre isso).

 

Disputas políticas, falta de capacitação dos professores para a implementação do novo currículo e problemas nos materiais didáticos são alguns dos fatores elencados pelo professor Morgan Polikoff ao ser questionado pela Jeduca sobre os principais obstáculos da política e que podem servir de alerta para o Brasil.

 

"Uma das questões centrais é acompanhar a implementação e ver o que está funcionando ou não para se trabalhar em adequações", disse o professor, ao enfatizar que pesquisas acadêmicas são fundamentais nesse processo e que o trabalho dos jornalistas também pode contribuir.

 

Mas de que forma o jornalismo pode colaborar nas discussões sobre o currículo? Os debatedores no painel deram algumas sugestões:

 

- A primeira é uma questão que envolve a construção da política – um ponto bem importante para os jornalistas brasileiros, já que a BNCC foi homologada e agora está em fase de implementação. De acordo com os especialistas, os repórteres precisam relatar os impactos das decisões sobre o currículo para os educadores e estudantes. Para aplicar à nossa realidade, cito um exemplo: como os estados e os municípios estão construindo os referenciais curriculares a partir da BNCC? Conteúdos regionais aparecem no texto, são valorizados? Os educadores são consultados? Existe participação?

 

- A segunda, e não menos importante, tem relação com a formação dos professores. Os educadores estão recebendo capacitações para trabalhar com a base curricular? Eles conhecem o seu conteúdo? O que acham das mudanças? Como elas impactam no seu trabalho?

 

- A terceira tem relação com os materiais didáticos, apontados como um dos problemas na implementação do Common Core americano. Como são selecionados os materiais? São suficientes? Estão sendo distribuídos? Os professores encontram dificuldades para usá-los?

 

Para finalizar, uma dica que os especialistas deram e que serve para tudo na cobertura de educação, então não custa repetir: ir às escolas, entrar nas salas de aula, ouvir educadores e alunos para entender como a política acontece/ou não na ponta.

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A jornalista e diretora da Jeduca Angela Chagas acompanhou o 72.º Seminário Anual da EWA.

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