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Alice Vergueiro/Jeduca
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Conciliar acesso e qualidade, o desafio da educação infantil

Pesquisadoras dos EUA e do Brasil consideram desigualdade o principal obstáculo a ser superado

28/06/2017
Redação Jeduca

Letícia Cavalcante

Do Repórter do Futuro

 

Como conciliar acesso e qualidade na educação infantil em um cenário de desigualdade social. Esse foi o tema da terceira mesa desta quarta-feira (28) no 1º Congresso de Jornalismo de Educação, realizado na Universidade Anhembi Morumbi. Ela reuniu as especialistas em educação infantil Sharon Lynn Kagan, da Universidade de Columbia (EUA), Cisele Ortiz, da Abebê (Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê) e Sandra Zakia, da USP (Universidade de São Paulo).

 

Sharon Lynn abriu a mesa falando da necessidade de adaptação da educação infantil às tendências deste século. De acordo com ela, não é possível educar a nova geração sem levar em conta um mundo globalizado, conectado e voltado para debates sobre gênero, etnias e desigualdade.

 

Para a pesquisadora, a educação infantil deve se edificar a partir de programas, serviços e políticas que reconheçam crianças como indivíduos e priorizem um plano de desenvolvimento a partir daí. São oito fatores (entre eles, a formação dos professores e a infraestrutura das escolas e creches) que devem ser levados em conta; a ausência de qualquer um deles compromete todo o conjunto. Segundo Sharon, essa é uma conta em que 8-1 = 0.

 

A americana destacou a necessidade de pensar grande e a longo prazo a política educacional no Brasil. Ela reconheceu o investimento massivo em tempo recorde no setor, mas afirmou que o País ainda poderia fazer mais.

 

Sandra Zakia acrescentou à questão dados sobre a realidade brasileira reunidos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Para ela, o Brasil tem uma educação infantil bem desenvolvida no campo teórico, com planos e metas determinados por leis, mas que não se aplicam à realidade.

 

“Desigualdade é uma questão essencial para tratarmos”, observou Sandra. As maiores lacunas na educação infantil estão em pontos geográficos de desigualdade social, associados à pobreza. Dados do Inep apontam que cerca de 7% das crianças de 4 a 6 anos ainda não têm acesso à educação e 74,6% estão fora das creches, situação que se agrava nas Regiões Norte e Nordeste.

 

Além disso, a qualidade do ensino ofertado é uma preocupação enfatizada por Sandra. Os parâmetros de avaliação, que dividem opiniões de especialistas, ainda precisam ser revisados e equilibrados entre o desenvolvimento individual da criança, a estrutura física e a formação da equipe de professores que a atende. Estes parâmetros ficam ainda mais complexos quando se trata da oferta privada no setor, que não está submetida ao monitoramento do Ministério da Educação.

 

Cisele Ortiz, última convidada a se apresentar, abordou o fator político que envolve a educação básica. “Crianças estão nas promessas, mas nunca na ação. 'Vinde a mim as criancinhas'... E depois?”. Ela destacou que crianças são o grupo mais vulnerável da sociedade, em especial por conta da desigualdade. Cerca de 5,3 milhões de brasileiros de zero a 14 anos estão em situação de pobreza “e sem educação de berço, isso não muda”. Ela apontou que é necessário mudar a cultura que associa a educação infantil apenas à questão de “onde deixar os filhos” e priorizar a infância, a valorização de profissionais da área e a importância desse período na formação do indivíduo.

 

As pesquisadoras destacaram por fim o papel do jornalista como agente social pela educação e no combate à desigualdade. “Como jornalistas, vocês têm o poder impressionante de mudar o mundo”, finalizou Sharon.

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