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Tiago Queiroz/Jeduca
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Educação precisa se converter em votos para avançar como política pública estratégica

Em mesa, palestrantes do 8° Congresso da Jeduca concordam que, embora a educação seja defendida como prioridade pelo senso comum, isso não se verifica no palanque

05/09/2024
Miréia Figueiredo/Oboré Projetos Especiais*

(Com edicação de Ana Luisa Gomes)

 

A mediadora do debate “Educação dá voto?”, Débora Freitas, da Rádio CBN, compartilhou com a plateia que, numa conversa de bastidor, os convidados concordaram que a resposta para a pergunta que dá o título à mesa seria não: “Os planos de governo são praticamente ‘copia e cola’ dos planos anteriores. Não há propostas”, afirmou. 

 

O debate aconteceu na tarde do segundo dia do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca, realizado nos dias 2 e 3 setembro, em São Paulo.

 

As inscrições para a versão online do #Jeduca2024, com a possibilidade de emissão de certificado até 4/10, seguem abertas aqui.

 

Na linha da argumentação da mediadora, Macaé Evaristo, deputada estadual de Minas Gerais (PT), defendeu em sua fala, que parte da desvalorização da área se deve ao entendimento recente da educação como um direito. Para ela, a luta pela universalização do ensino, que tomou boa parte do século XX, parece ter contentado a população em receber somente o básico. Enquanto isso, outras questões que ultrapassam o direito de acesso são deixadas de lado: “O que vemos é a ideia de privatização das escolas. Não se realiza concurso público, nem se paga o piso salarial aos professores”, explicou.

 

A senadora Dorinha Rezende (União Brasil), eleita pelo Tocantins, acompanhou a  fala de Evaristo, apontando alguns riscos de avaliar a educação apenas pelos números. “Não adianta abrir creche que não tem profissional qualificado. A educação é uma pauta importante, mas não centraliza nenhuma gestão”, opinou. Para ela, a abertura de novas creches e a garantia de matrículas para os estudantes costumam ser usadas como campanha política. No entanto, esses indicadores nem sempre refletem a qualidade do ensino.

 

Por sua vez, o jornalista Bruno Boghossian, da Folha de S.Paulo, abordou os desafios da cobertura que obedece um padrão de oferta e demanda. Para ele, o descaso dos gestores em relação à educação se deve à dificuldade da sociedade em acompanhar os avanços da área. Muitas das melhorias só poderão ser verificadas a médio ou longo prazo. Assim, abrir novas creches, por exemplo, gera muito mais vista do que investir na formação de professores. 

 

O que dizem as pesquisas

Ainda sobre dar visibilidade às pautas de educação e torná-las mais interessantes, Maurício Prado, executivo da Plano CDE, empresa de pesquisa focada em educação pública, contou que muitas das pesquisas que desenvolve, direcionadas às classes sociais C, D e E, indicam uma percepção generalizada de melhora nas condições escolares. Isso se justifica pelo período ainda mais precário que os entrevistados, em geral os pais e mães dos estudantes, frequentaram  a escola. Além de não haver merenda escolar,  por volta dos anos 1980 apenas 5% dos estudantes concluía o ensino médio.

 

Desse modo, a percepção pública não pode ser considerada como a única medida de avanços. Até porque o impacto de muitas transformações que acontecem hoje não serão observados pelos pais que têm seus filhos em idade escolar. Prado destaca a necessidade de tornar assuntos comuns no dia-a-dia escolar concretos para o público amplo. Às vezes, criar matérias sobre a formação de professores pode ser pouco atrativo, mas, uma vez que esse tipo de informação está associado a outras de desempenho, como rankings ou olimpíadas, o conteúdo pode chamar mais atenção da audiência.

 

O jornalista da Folha relembrou um período em que a educação pareceu ser um assunto proeminente no debate público. Em 2019, pesquisas do Datafolha registraram o maior índice de preocupação entre os eleitores para o tema, totalizando 15%. Ele atribui esse fato ao início do governo Bolsonaro, quando a educação sofreu diversos ataques, seja pela “Escola sem Partido” ou outros disparates envolvendo a educação sexual e de gênero. Assim, ele argumenta como a política é capaz de mudar a pauta e como tornar esse assunto o centro da discussão depende da coragem dos representantes.

 

Macaé Evaristo agitou a plateia quando afirmou que a imprensa deveria dar mais espaço às conquistas do sistema educacional ao invés de só reportar os problemas. Na sequência, Boghossian reivindicou redações mais críticas e com mais jornalistas especializados em educação. Por fim, a senadora Dorinha expressou o desejo de consolidar pactos nacionais de comprometimento com o setor e concluiu: “A educação só vai ser estratégica se começar a dar voto”.

 

Confira a mesa completa:


 

O 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca contou com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Lemann e Instituto Sonho Grande, patrocínio ouro de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura, Santillana Educação e Imaginable Futures e apoio da Fecap, Canal Futura, Colégio Rio Branco e Loures Consultoria. O evento contou também com o apoio institucional da Abraji (Associação de Jornalismo Investigativo), Abej (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Coalização em Defesa do Jornalismo, Instituto Palavra Aberta, Jornalistas&Cia e Unesco Mil Alliance.


*A cobertura oficial do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da Editoria Pública e da equipe de Comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação)
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