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Education at a Glance 2025 analisa avanços e desafios do acesso e conclusão no ensino superior

Relatório da OCDE sinaliza que, apesar dos avanços, taxas de ingresso e evasão em cursos de graduação ainda são um problema no Brasil e em outros países

09/09/2025
Redação Jeduca

(Atualizado às 19h12 de 09/09/2025)


O relatório Education at a Glance 2025, lançado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nesta terça-feira (09/09), tem como tema a educação superior.


Um dos assuntos que atraiu atenção nesta edição foi a mudança da metodologia de cálculo do investimento por aluno no ensino superior - que passou a considerar o número total de matrículas nas instituições públicas e privadas, colocando o Brasil entre os paises que menos investe neste nível. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), esta metodologia, adotada pela OCDE, não é fiel à realidade brasileira (leia mais abaixo).

Pontos de atenção:


- É preciso tomar cuidado com comparações entre indicadores de anos diferentes e entre países. Por vezes, a OCDE modifica a metodologia de cálculo dos indicadores, inviabilizando a comparação entre resultados de anos diferentes. Já a comparação entre países precisa ser feita com cuidado, levando em conta as características e particularidades de cada um, a fim de evitar comparações indevidas.

- Os dados utilizados para compor o relatório são fornecidos pelo governo de cada país.


- Nem todos os dados estão disponíveis para todos os países.


- Para alguns indicadores, a OCDE calculou a média para o G20 (Grupo dos 20), que reúne países industrializados e emergentes, do qual o Brasil faz parte. Pode ser interessante comparar o Brasil com a média do G20.

- O relatório sinaliza que muitos desafios enfrentados pelo Brasil também estão presentes em outros países.

O lançamento do Education at a Glance 2025 no Brasil ocorreu numa live organizada pelo Inep. Assista aqui.

Além do relatório, a OCDE divulga as “country notes”, que compilam as principais informações sobre cada país incluído no relatório. A nota do Brasil pode ser baixada aqui. O relatório na íntegra (em inglês) está disponível no site da OCDE.

 

O Education at a Glance, publicado anualmente, é uma espécie de anuário que compila diversos tipos de dados sobre a educação, possibilitando traçar um cenário do Brasil em relação a outros países. Participaram da edição 2025 do relatório os 38 países da OCDE, além do Argentina, Brasil, Bulgária, Croácia, China, Índia, Indonési, Peru, Romenia, Arábia Saudita e África do Sul.


O documento está dividido em quatro partes. A seguir, alguns dos principais pontos de atenção à cobertura em cada seção.



Parte A: O desempenho das instituições educacionais e o impacto da aprendizagem

Esta seção enfoca o nível de escolaridade de adultos (24 a 64 anos) e seu impacto na empregabilidade e na renda (Tabelas A1.2 e A3.4). Considerando essa população, no Brasil:

  •  27% dos adultos não têm ensino médio completo (Média da OCDE: 13%).

  •  24% têm ensino superior completo (Média da OCDE: 49%).

  • 1% tem mestrado (Média da OCDE: 16%), como informa O Globo.


No Brasil, o nível de escolaridade está fortemente associado à renda. Ter o ensino médio completo garante, em média, um salário 26% maior do que quem não tem (Média da OCDE: 17%). Quem tem ensino superior ganha 148% a mais do que quem tem ensino médio completo (Média da OCDE: 54%). Esse dado evidencia o impacto da educação, mas, ao mesmo tempo, sinaliza para grandes desigualdades – maiores do a média da OCDE.

Segundo o Inep, a proporção de ganho relativo assegurado pela educação superior é a maior no conjunto de países analisados no relatório.


Pontos de atenção:

  • Os indicadores de escolaridade estão avançando no Brasil, mas permanecem abaixo das médias internacionais. Pensando nos adultos, quais as consequências desse fenômeno para a qualidade de vida da população e para o país?

  •  A partir dos dados e indicadores do Education at a Glance 2025, é possível aprofundar as relações existentes entre escolaridade, empregabilidade e renda.

  •  O dado sobre acesso ao mestrado indica que uma pequena minoria da população tem acesso à pós-graduação e pode render boas pautas, associando-o inclusive a dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e outras agências de pesquisa que indicam queda do número de ingressantes na pós-graduação no país.

 

Parte B: Acesso à educação, participação e progressão

Em 2024, cerca de ¼ da população de 18 a 24 anos no Brasil não trabalhava, nem estudava, segundo a OCDE (Média da OCDE:14%) (Tabela A2.2).  Vale atentar às diferenças de gênero – as mulheres são mais afetadas, constituindo 29% dos no jovens nesta condição, e os homens, 19%. O indicador não sofreu alteração significativa em relação a 2023, como se observa nas Notas Estatísticas do Education at a Glance 2023, organizadas pelo Inep (Parágrafo E2).

  • As matrículas em EPT (Educação Profissional e Técnica) correspondem a 14% do total do ensino médio (Média da OCDE: 44%). Chama a atenção que as mulheres são maioria - 56%, contra uma média de 45% nos países da faixa da OCDE (Tabela B3.3).    

  • A taxa de evasão no primeiro ano nos cursos de graduação é de 25% no Brasil, contra 13% na média da OCDE (Figura B5.3). Vale ressaltar que a OCDE considera a taxa de evasão elevada nos dois casos.

  •  No Brasil, 38% dos ingressantes no ensino superior concluem o curso no tempo esperado. A porcentagem é pouco menor do que a média da OCDE, 43%, noticiou o g1. Ambas as porcentagens são consideradas baixas pela OCDE (Tabela B5.1).

  • A maior parcela dos estudantes universitários brasileiros ingressa em cursos das áreas de Administração e Direito (34%), seguidas de: Saúde (19%), STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) (16%) e Artes e Humanidades (8%) (Tabela B4.2).

  • No Brasil, a taxa de conclusão nos cursos de STEM é menor do que na área da Saúde: 38% contra 46% (Tabela B5.3).


Ponto de atenção:

  • Os dados de acesso e evasão do ensino superior publicados no Education at a Glance 2025 podem ser ponto de partida de pautas que aprofundem perfil do estudante, acesso e permanência nas diferentes áreas, entre outras. Como fontes complementares de dados, os jornalistas podem recorrer ao Censo da Educação Superior do Inep e ao Mapa do Ensino Superior do Semesp.



Parte C: Recursos financeiros investidos na educação


Os dados de investimento público na educação básica apresentados no Education at a Glance 2025 seguem a mesma tendência de edições anteriores do estudo, situando-se na faixa de US$ 3.872 per capita ao ano, informou a Folha de S.Paulo. O país está entre os que menos investem em educação básica, considerando o universo analisado no relatório – que varia de US$ 2 mil a US$ 27 mil per capita ao ano. A média da OCDE é US$ 12.438. Os dados referem-se ao ano de 2022. Esses dados estão disponíveis na Tabela C1.1.

No ensino superior, o Education at a Glance 2025 calculou o investimento por aluno em US$ 3.765  - muito abaixo do valor apresentado nas edições anteriores do relatório. Antes, o per capita estava na faixa de US$ 13 mil, comparável ao valor aplicado pelos países ricos.

A discrepância se deve a uma mudança da metodologia do cálculo. Em 2025, a OCDE dividiu o investimento público em ensino superior pelo total de alunos matriculados em instituições públicas e privadas (cerca de 10 milhões). Até  ano passado, a conta era diferente: o investimento público era dividido pelo total de alunos nas instituições públicas (2 milhões), por isso o per capita era maior, como explica reportagem do Estadão.


De acordo com o Inep, a nova metodologia da OCDE distorce o indicador, pois ele não corresponde à realidade do Brasil. Na live de lançamento do relatório, o coordenador-geral de Controle de Qualidade e de Tratamento da Informação do Inep, Fábio Bravin, afirmou que a OCDE considerou o gasto público como sendo o gasto total em ensino superior (sistemas público e privado), detalhou o portal GZH. Na visão dele, a metodologia anterior, que dividia o gasto público pelas matrículas nas instituições públicas, é mais fiel à realidade brasileira. Bravin informou que o Inep pediu a correção do indicador à OCDE.


De acordo com a OCDE, o Brasil aplica 4,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação, considerando gasto com pesquisa em desenvolvimento, um pouco acima da média da OCDE (4%). Desconsiderando este gasto, o percentual é de 4,3%.


Ponto de atenção:

  • Os dados sobre financiamento da educação são um bom ponto de partida para pautas que aprofundem como é a distribuição e o uso dos recurso em educação, à luz, por exemplo, das desigualdades de oferta, acesso, permanência e aprendizagem.



Parte D: Professores, ambiente de aprendizagem e organização das escolas


Em dez anos (2013 a 2023), o número de alunos por professor no Brasil diminuiu em todos os níveis da educação básica (Tabela D2.2):

  • Ensino fundamental – anos iniciais: passou de 26 para 22 (Média da OCDE em 2023: 14).

  • Ensino fundamental – anos finais: passou de 26 para 21 (Média da OCDE em 2023: 13).

  • Ensino médio: passou de 25 para 21 (Média da OCDE em 2023: 13).


No Brasil, chama a atenção a diferença de número de alunos por professor entre o ensino médio propedêutico (23) e o ensino médio profissionalizante (15).


As salas de aula do ensino fundamental – anos iniciais têm, em média 20 alunos, considerando escolas públicas e privadas (ano 2023). Nas públicas, as turmas tendem a ser um pouco maiores, com 21 alunos, contra 16 nas escolas particulares.


No ensino fundamental – anos finais, têm 25 alunos em média (escolas publicas e privadas, ano 2023). Nas públicas, as turmas contam com 26 alunos, e nas particulares, com 23.


Os dados estão na Tabela D2.3.


Ponto de atenção:

  • É possível realizar pautas sobre o impacto do tamanho da sala de aula e a quantidade de alunos por professor na qualidade do ensino e da aprendizagem.

 

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