(Atualizado em 3/12/2020)
No contexto da pandemia de Covid-19, o ensino híbrido surge como alternativa para manter o vínculo do estudante com a escola e a aprendizagem. Mas as instituições e redes de ensino e professores estão preparados para trabalhar, simultaneamente, com metodologias presenciais e online? Como contornar os desafios de infraestrutura e deformação dos educadores? Quais os ganhos que o ensino híbrido pode propiciar?
Esses são alguns dos temas que serão debatidos no webinário “Ensino híbrido: oportunidades e desafios da abordagem pedagógica”, realizado pela Jeduca nesta quarta-feira (2/12), às 14h, com tradução em Libras e transmissão pelo YouTube e Facebook da Jeduca.
Participam do evento Lilian Bacich (coordenadora de pós-graduação em Metodologias ativas no Instituto Singularidades e cofundadora da Tríade educacional), Lucas Rocha (líder das iniciativas de inovação da Fundação Lemann) e Maria Luiza Süssekind (professora da UniRio, primeira secretária da ANPEd e membro da coordenação executiva do Fórum Nacional Popular de Educação). A mediação será feita pela jornalista Tatiana Klix (Porvir e diretor da Jeduca).
O evento faz parte de uma programação complementar ao 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, realizado pela Jeduca em outubro.
Conceito
O ensino híbrido ganhou destaque no contexto da pandemia, mas antes disso já era objeto de estudos e debate na área da educação, como se vê nessas reportagens da Nova Escola e do Porvir.
Em linhas gerais, o ensino híbrido pode ser definido como uma abordagem que combina aprendizado online (ou remotamente) e offline, mesclando momentos em que estudantes e professores estão juntos presencialmente e momentos em que o aluno estuda sozinho, de maneira virtual. Esta é considerada uma das tendências para a educação no século 21.
Ao contrário do que parece à primeira vista, o ensino híbrido não se resume à incorporação da tecnologia ao dia a dia da sala de aula. Diferentemente, exige uma mudança das metodologias de ensino e aprendizagem, impactanto diretamente o trabalho do professor e sua relação com o estudante. Assim, a organização da sala de aula, o plano pedagógico e a gestão do tempo têm que ser repensadas.
Entre os argumentos a favor do ensino híbrido estão a ideia de que essa maneira de trabalhar transforma o estudante em protagonista de seu aprendizado, além de possibilitar a personalização do ensino conforme as necessidades de cada um.
Desse modo, o papel do professor muda: ele deixa de ser o único responsável pela transmissão de informações e conteúdos, para atuar como um mediador.
Efeitos da pandemia
Com o prolongamento da pandemia de Covid-19, a expectativa é que em 2021, as redes de ensino e escolas privadas adotem o ensino híbrido, o que envolve uma série de desafios de infraestrutura e ações capazes de reduzir as desigualdades No entanto, são muitos os desafios e o primeiro deles é a conectividade, que se mostrou um dos principais fatores de exclusão dos estudantes das camadas sociais mais vulneráveis ao longo de 2020.
O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou, em outubro, o Parecer 15/2020, que autoriza o ensino remoto no Brasil até o final de 2021. A medida gera críticas de pesquisadores e sindicatos, que veem o risco de intensificação das desigualdades de acesso à educação.
No que diz respeito ao acesso à internet, existe um Projeto de Lei (n.º 3.477/20) em tramitação da Câmara dos Deputados que prevê acesso gratuito à internet, para fins educacionais, a alunos e professores de escolas públicas do ensino com recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicação). A Câmara realizou um debate sobre o PL.
Uma pesquisa realizada com 1,5 mil jovens pela área de Inteligência de Mercado da Globo em parceria com o Instituto Toluna mostra que 73% dos entrevistados acreditam que o ensino pode mudar para o modelo nos próximos anos, por causa da pandemia.
Algumas referências
No site do Observatório de Educação Ensino Médio e Gestão, do Instituto Unibanco, há diversos materiais sobre ensino híbrido.
Uma linha de crítica ao ensino híbrido está associada ao excesso de exposição e uso de telas que estaria impactando negativamente no desenvolvimento cerebral de crianças e jovens, como é o caso do neurocientista francês Michel Desmurget, citado em post no blog Avaliação Educacional.
Acompanhe o webinário na íntegra: