Caroline Simões
Lucas De Vivo e
Lucas Domenico
Do Repórter do Futuro
O fatiamento da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), encaminhada pelo Ministério da Educação ao CNE (Conselho Nacional de Educação) sem o documento relativo ao ensino médio, compromete a política educacional como um todo. Esse foi o tema discutido na mesa “Base Nacional: desafio de abordagem e próximos passos”, último debate desta quarta-feira (28) do 1º Congresso de Jornalismo de Educação, organizado pela Jeduca, na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Participaram da mesa César Callegari, membro do CNE, Cleuza Repulho, ex-presidente da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), e Paulo Carrano, coordenador do Observatório Jovem da UFF (Universidade Federal Fluminense).
“A base deve contemplar todos os segmentos e seguir uma linha de pensamento”, afirmou Callegari, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo. Ele criticou o fato de a BNCC dos ensinos infantil e fundamental, já sob análise do CNE, mencionar competências e habilidades que devem ser adquiridas pelos alunos, e não direitos de aprendizagem, como as versões anteriores. Outro ponto visto com reservas por Callegari é a diminuição do ciclo de alfabetização de três para dois anos.
“Mais difícil do que aprovar é implementar”, afirmou a pedagoga Cleuza Repulho, defensora de um pacto nacional para a aprovação da BNCC que envolva todas as instituições relacionadas ao tema. Para Cleuza, o papel da imprensa é fundamental para a mediação desse pacto.
Outro ponto apontado na mesa foi a importância dos pais no acompanhamento da educação de seus filhos. A pedagoga explicou que, se houvesse mais informação para os familiares, eles poderiam entender o que esperar da educação das crianças. “Para os pais, as melhores escolas são aquelas que fornecem uniforme, alimentação e transporte”, exemplificou.
Segundo Cleuza, “crianças dão sorte ou azar dependendo do CEP”, uma vez que escolas localizadas em regiões precárias dificilmente contam com a participação dos pais e a atenção do poder público.
O carioca Paulo Carrano afirmou que a atual BNCC “matou duas coisas: a diversidade e a capacidade das escolas de agir de maneira autônoma”. Carrano também destacou a falta de estrutura nas escolas públicas que não estão preparadas para implementar as metas da base.
A imprensa, segundo Carrano, não tem contribuído para a formação de opinião sobre o tema, já que recorre a “fontes viciadas”, que padronizam discursos distantes da realidade da educação brasileira.