“Ela foi uma ‘senhora mãe’. Não nos abandonou. Passávamos fome juntos. Nunca falou em abandonar os filhos. É essa sensibilidade que eu tenho da Carolina. E dentre os pedidos que ela me fez, e fez vários, ela pediu para que eu propagasse a memória dela”. Foi desta forma que Vera Eunice relembrou a memória de sua mãe, a escritora Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo”, best-seller internacional.
A obra foi publicada em 1960, a partir da reunião dos diários escritos por Carolina Maria, que era negra e moradora da favela do Canindé, em São Paulo (SP).
O legado, as histórias e a relação entre mãe e filha foram tema da conversa entre Vera Eunice, professora de Língua Portuguesa do ensino público da cidade de São Paulo, e a jornalista Semayat Oliveira, co-fundadora do site Nós, Mulheres da Periferia. O bate papo aconteceu durante o 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca.
Vera relembrou que um dos pedidos de sua mãe foi que se tornasse professora, já que a escritora estudou por apenas um ano e meio e valorizava muito a educação. “Ela falava muito bem da professora porque, se não fosse ela, não seria a escritora que é”, afirmou durante o evento.
Ela acredita que o legado de sua mãe fala mais alto às mulheres negras. “Eu tenho ido a palestras e vejo mulheres negras empoderadas”, comentou. Vera confidenciou que, em uma live que fez para crianças, em maioria negras, ouviu que elas iriam lutar como Carolina Maria de Jesus lutou. A professora afirma que o amor pela sua profissão nasceu na identificação com seus alunos.
Livros inéditos
Vera Eunice conta que a mãe continuou escrevendo mesmo no seu período mais difícil, quando caiu no ostracismo, já nos anos 1970. Em sua carta de pedidos à filha, Carolina disse para Vera cuidar dos seus livros inéditos. “Eu consegui pegar todos os seus livros inéditos. Mais de 27 obras que ficaram comigo”, contou.
As obras serão publicadas pela editora Cia. das Letras em conjunto com a Somos Educação.
Por fim, Vera revelou que está escrevendo uma biografia da mãe. “As biografias que estão saindo não me agradaram”, afirmou. Para a filha de Carolina Maria de Jesus, falta pesquisa aos autores que escreveram sobre sua mãe. Ela questiona fatos e afirmações dos biógrafos da autora.
Confira um resumo do papo:
Confira também a íntegra deste papo no vídeo abaixo:
O 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca conta com o patrocínio master de Itaú Educação e Trabalho e Instituto Educbank, patrocínio de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Península, Instituto Unibanco, Itaú Social e Santillana Educação, XP Educação e apoio da Fecap, Canal Futura/Fundação Roberto Marinho, Colégio Rio Branco, Loures Consultoria e Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil.
*Edição: Ronald Sclavi
A cobertura oficial do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da editoria pública e da equipe de comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).