A reabertura das escolas já está começando a ocorrer em algumas partes do país, mas há insegurança quanto ao impacto da medida na disseminação da Covid-19.
Em São Paulo, 128 municípios estão iniciando atividades presenciais de reforço a partir de 8 de setembro. No Rio Grande do Sul e no Paraná, foram publicados decretos autorizando a reabertura das escolas. No Rio de Janeiro, também já está autorizada a reabertura.
No Distrito Federal, a reabertura das escolas se tornou objeto de uma disputa judicial. O Amazonas reabriu as escolas em agosto e, após cerca de 20 dias de funcionamento das escolas, o estado registrou 342 professores com Covid-19.
Em meio a tantas situações diversas, uma pesquisa do Ibope mostra que 72% dos entrevistados defendem que as escolas reabram apenas quando houver uma vacina contra Covid-19. Em contrapartida, existem os prejuízos emocionais e de aprendizagem para as crianças e jovens, causados pelo longo afastamento da escola.
No webinário “Reabertura das escolas nas redes pública e privada”, realizado pela Jeduca, foram debatidos alguns dos pontos centrais envolvidos no debate sobre o assunto. Participaram do evento: Arthur Fonseca Filho, presidente da Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares), Cleuza Repulho, especialista em educação e ex-presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), Marlei Fernandes, vice-presidenta da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e Salomão Ximenes, professor de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC).
Os temas debatidos no evento envolvem questões relevantes para quem está na cobertura, entre eles estão:
Infraestrutura das escolas
A infraestrutura das escolas é um aspecto importante a se considerar na reabertura, pois favorece (ou não) o cumprimento dos protocolos sanitários. Nesse sentido, vale lembrar que as condições das escolas variam muito, tanto na rede pública, quanto na rede privada.
É verdade que existem escolas onde falta o básico, por exemplo, condições para lavar as mãos com água e sabão: segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), 16 milhões de estudantes brasileiros estão nessa situação. No entanto, é preciso lembra que nem toda escola privada apresenta ótimas condições de oferta.
Implementação dos protocolos sanitários
A definição de como as escolas devem se estruturar e se organizar para fazer a reabertura é um aspecto essencial, mas não basta. É preciso considerar como será feita a implementação do protocolo: qual é o planejamento de implementação do protocolo, se existem insumos suficientes (álcool em gel, máscaras, sabão etc.), como os espaços físicos serão organizados, de modo a respeitar o distanciamento social, entre outros pontos.
Nesse sentido, vale lembrar que as secretarias de educação em muitos estados e municípios podem estar em dificuldades financeira, em função da queda da arrecadação de impostos por causa da pandemia. Esse assunto foi discutido no webinário sobre o impacto da pandemia sobre o financiamento, realizado pela Jeduca.
Os efeitos do afastamento da escola
Um dos aspectos envolvidos no debate são os prejuízos causados pelo afastamento da escola por longos períodos, especialmente para os estudantes que vivem em condições mais vulneráveis e, justamente, por isso dependem mais da escola para desenvolver a aprendizagem.
Outro aspecto diz respeito às crianças mais novas, pois, para elas, as interações sociais são fundamentais para o desenvolvimento.
Esses argumentos têm sido usados em defesa da reabertura gradual e seguindo as recomendações da área da saúde. E também são questões relevantes para os jornalistas, que podem explorar em suas pautas as estratégias para atender esses grupos no contexto da reabertura.
No caso dos jovens, vale ficar atento também às ações e programas de combate à evasão.
Assista ao webinário na íntegra:
