Adaptar a linguagem e o conteúdo para os diferentes públicos e plataformas, assegurar a veracidade das informações e promover a educação midiática entre crianças e adolescentes foram alguns dos desafios apontados por influenciadores durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca.
A mesa “Influenciadores na luta pela educação midiática”, promovida na manhã de 26 de agosto, reuniu os influenciadores digitais Professor Noslen e Rafaela Lima, com mediação da jornalista Luiza Tenente, repórter do g1.
Da esquerda para direita estão Luiza Tenente (Portal g1), mediadora da sessão,
Rafaela Lima (MaisCiênciasRafaela) e Professor Noslen (@ProfessorNoslen)
Foto por Tiago Queiroz/Jeduca
Os palestrantes, que produzem conteúdo para redes sociais, especialmente para o YouTube, explicaram que procuram trazer questões de língua portuguesa e ciências que surgem no dia a dia. Porém, diante da diversidade de públicos, adaptar a linguagem é um desafio.
Segundo Noslen e Rafaela, seus canais, que começaram voltados para estudantes do ensino médio, hoje também alcançam profissionais recém-formados, estudantes de EJA (Educação de Jovens e Adultos), professores e pessoas de diferentes faixas etárias. “A gente entrega o básico. Existe uma defasagem grande, as pessoas têm muita dificuldade com o básico”, disse Noslen, fundador do canal de língua portuguesa @ProfessorNoslen, o maior canal de Língua Portuguesa do mundo com mais de 5 milhões de seguidores.
Ver essa foto no Instagram
Os memes, além de serem uma maneira de adaptar a linguagem às redes, também funcionam como ferramenta para ensinar assuntos complexos e facilitar a conexão com o público mais jovem, contaram os influenciadores. De acordo com Rafaela Lima, criadora do canal Mais Ciência, referência no YouTube que hoje possui 276 mil inscritos, professora da rede pública do Rio de Janeiro: “Nos vídeos, eu uso os memes como alívio cômico dentro de um conteúdo formal, mas também já fiz atividades com meus estudantes para trabalhar a criatividade”.
Para Noslen, os memes são um gênero textual que facilita o aprendizado de muitas questões do cotidiano. “Eu uso muito. É essencial fazer essa conexão para que as pessoas sintam que você não está fora do mundo delas, mas dentro, principalmente quando se fala com adolescentes”, afirmou Noslen.
Outra questão debatida na conversa é a entrega de conteúdos de educação nas plataformas digitais pelos algoritmos para crianças e adolescentes. “O conteúdo de educação deveria chegar para todo mundo”, enfatizou o influenciador. Em um cenário em que os jovens têm acesso a conteúdos nocivos e de desinformação nas plataformas digitais, ele reforçou que os professores precisam estar nestes espaços.
“Muitos professores me perguntam ‘será que eu deveria ter um Instagram ou alguma coisa na internet?’. Eu falo que todos deveriam ter uma pegada digital, porque hoje o mundo é assim. Coisas ruins na internet já existem, então precisamos colocar coisas boas para disputar espaço”, disse o professor.
Rafaela, por sua vez, destacou os cuidados de curadoria e responsabilidade dos produtores de conteúdo desse nicho, composto por professores, educadores ou profissionais especializados, defendendo que as plataformas poderiam criar mecanismos para impulsionar conteúdos de educação.
Ver essa foto no Instagram
Na sessão, a mediadora Luiza Tenente destacou a semelhança com o jornalismo quanto aos cuidados que os influenciadores mencionaram ter para garantir a veracidade e precisão das informações.
“Na área da saúde, tem muita desinformação. Isso é uma propaganda, conteúdo de opinião ou informação embasada? Para ele [o aluno], é tudo uma coisa só. Então, é trazer essas diferenças e conceitos básicos e trabalhar o combate à desinformação”, enfatizou Rafaela, ao falar sobre o trabalho de educação midiática em sala de aula e na Internet.
Para Noslen e Rafaela, estar atento às atualizações de conceitos e informações, para evitar imprecisões e garantir a veracidade das informações, é um dos cuidados que precisam ter na hora de gravar e editar seus conteúdos.
Tendo em vista o dilema entre entregar um conteúdo aprofundado ou rápido, que desperte o interesse e engajamento, os influenciadores falaram sobre as diferenças entre plataformas, os tipos de conteúdos e maneiras de direcionar os usuários para materiais mais complexos. “Temos que entender que, para atingir as pessoas, se chegarmos com um aprofundamento direto, não vamos despertar o interesse delas”, pontuou Noslen.
De acordo com Rafaela, que percebe um incômodo na presença de educadores nas redes sociais, é preciso analisar a superficialidade desses ambientes. “As pessoas estão nas redes sociais. Então que tenha também ali informações de qualidade para que a pessoa, naquele um minuto, saiba que pode aprofundar aquele conteúdo em outro lugar”, concluiu a professora.
O 9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca conta com o patrocínio de Imaginable Futures, Instituto Unibanco, Fundação Bradesco, Fundação Lemann, Fundação Itaú, Arco Educação, Fundação Telefônica Vivo, Grupo Eureka, Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura e Santillana Educação e apoio da Fecap, Instituto Sidarta, do Colégio Rio Branco e da Loures. Conta também com apoio institucional da Abej, Abraji, Ajor, Canal Futura, Coalizão em Defesa do Jornalismo e Instituto Palavra Aberta.