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Mireia Figueiredo/Oboré Projetos Especiais
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Inteligência Artificial é ferramenta e não vai substituir professor, dizem pesquisadores

Na mesa de encerramento do #Jeduca2024, participantes relataram experiências de como a IA pode ser um recurso de ensino e, ao mesmo tempo, um desafio para a comunidade escolar

05/09/2024
Lucas Andrade/Oboré Projetos Especiais*

(Com edição de Ana Luisa Gomes)

 

“A Inteligência Artificial não veio para substituir o professor. Ela sempre será uma ferramenta”,  afirmou Francisco Coelho, professor no CETI Liceu Parnaibano, no Piauí. 

 

Essa foi a tônica da mesa “O futuro da educação é a Inteligência Artificial?, que também contou com a participação de Fábio Campos, professor  e pesquisador da Universidade da Columbia (EUA), Geber Ramalho,  professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Virgínia Chagas, professora articuladora do Ginásio Educacional Tecnológico Tobias Barreto, no Rio de Janeiro. 

 

O debate ocorreu nesta terça-feira (3/9), encerrando o 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, e teve mediação da jornalista Jéssica Moreira, da TV Globo.

 

As inscrições para a versão online do #Jeduca2024, com a possibilidade de emissão de certificado até 4/10, seguem abertas aqui.

 

Os educadores trouxeram experiências práticas, desmistificaram o uso da IA nas escolas e comentaram sobre os desafios que esta ferramenta traz aos alunos, professores e toda a comunidade escolar. 

 

Fábio Campos contou sobre o projeto no qual trabalha na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde os jovens usam comandos de textos para a IA gerar imagens próximas às suas realidades cotidianas. Segundo o professor, a ideia é que os alunos discutam se as imagens geradas fazem, de fato,  sentido para eles. Caso contrário, o desafio é refazer o comando até que a IA consiga chegar a uma imagem mais condizente com o que os alunos julgam ser a realidade em que vivem.  

 

“ A Inteligência Artificial entra na vida do jovem para que ele visualize alternativas para sua própria realidade”, afirmou Campos.

 

Sobre sua experiência com IA na rede de ensino em Pernambuco,  Geber Ramalho explicou que os alunos podem usá-la como uma ferramenta para detectar dificuldades de aprendizagem,  motivações para uma possível evasão escolar ou mesmo sugerir exercícios para praticar.  Ele afirma ainda que os professores podem usar a IA para obter um diagnóstico mais preciso de seus alunos, por exemplo, ajudando-os a identificar quem necessita de ajuda e de que tipo. 

 

O pesquisador citou o exemplo de uma startup que auxilia professores e alunos na correção de exercícios. “Os professores que usam essa ferramenta afirmam que estão dando feedbacks cada vez melhores aos seus alunos”, afirmou.

 

Já Virgínia Chagas contou como seus alunos da educação infantil utilizam programas específicos  para criação de desenhos e ilustrações com a finalidade de recriar histórias infantis. Recentemente, os professores da escola Tobias Barreto, que fica no Complexo do Alemão, uma das favelas mais conhecidas do Rio de Janeiro, passaram  por um processo de formação para utilizar  esse tipo de IA com as crianças. 

 

Visão de futuro 

Francisco Coelho  ainda comentou sobre os investimentos em IA que o governo do Piauí vem realizando na área. De acordo com o professor, o 9º ano do ensino fundamental e todo o ensino médio da rede no estado  possuem aulas sobre  Inteligência Artificial como disciplina obrigatória desde 2023.  Essas disciplinas são ministradas por professores e não por pessoas da área de tecnologia. Eles foram capacitados para utilizar a ferramenta de uma forma natural, segundo o docente.

 

“O professor da base comum passa a ver a IA como uma aliada e não uma ameaça, pois ele vai discutir o tema com os alunos. Há um grande mundo a ser descoberto por todos eles”, declara. 

 

Desafios 

Os exemplos citados pelos convidados mostram benefícios que a utilização da IA pode trazer no ensino escolar mas nem tudo são flores. 

 

Eles também elencaram limites e desafios a serem superados quando se pensa na  implementação em massa desta tecnologia. 

 

Geber Ramalho citou quatro pontos de reflexão na implantação de uma IA no campo escolar:  “é preciso ter uma escala de uso com qualidade, estar preparado para as mudanças do futuro, trabalhar as competências e não só os conteúdos e repensar o sistema educacional como um todo”.

 

Para Francisco Coelho, há o desafio ético no uso da IA no processo educacional: “não é para usar a IA só por usar; se for assim, o desenvolvimento de competências, não será completo”. Uma outra questão que envolve o terreno ético, segundo ele, é que muitas escolas podem usar a ferramenta como um meio de baratear os custos da educação.

 

Fábio Campos destacou o grande desafio de não cair no marketing das “big techs” que vendem soluções simples, mas que não condizem com a realidade do processo de ensino-aprendizado. 

 

Ele citou o caso de uma empresa do setor que vende uma IA que cria planos de aulas completos e promete economia de tempo aos educadores. “Os professores não ganham mais tempo com seus alunos ao usar essas soluções”, afirmou o pesquisador, citando ainda que planos de aulas são de responsabilidade de professores e não podem ser feitos por máquinas.

 

Limites e desafios é que não faltam neste debate. “Quando a IA chega na minha escola, ela é meu problema mínimo”, rebate Virgínia Chagas, referindo-se ao fato de que a IA, na realidade do Complexo do Alemão, é um presente: “meu aluno não tem direito básico de alimentação ou de tomar um banho”.

 

Confira a mesa completa aqui:

 

 

O 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca contou com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Lemann e Instituto Sonho Grande, patrocínio ouro de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura, Santillana Educação e Imaginable Futures e apoio da Fecap, Canal Futura, Colégio Rio Branco e Loures Consultoria. O evento contou também com o apoio institucional da Abraji (Associação de Jornalismo Investigativo), Abej (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Coalização em Defesa do Jornalismo, Instituto Palavra Aberta, Jornalistas&Cia e Unesco Mil Alliance.



*A cobertura oficial do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da Editoria Pública e da equipe de Comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação)
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