A Jeduca vai divulgar os resultados de uma pesquisa inédita sobre a percepção do público em geral sobre matérias de educação durante o 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação. Foram duas etapas de coleta de dados nos últimos meses, uma quantitativa, feita pelo Datafolha, e uma qualitativa, realizada pela Rede Conhecimento Social.
Os grupos que participaram das discussões coordenadas pela Rede comentaram sobre seu interesse por educação em geral e por matérias específicas. Também falaram do que entenderam das reportagens e trocaram ideias sobre a qualidade de textos e vídeos, discutindo enfoques e até a linguagem utilizada.
Na pesquisa quantitativa, os entrevistados do Datafolha responderam a um questionário fechado. As perguntas abordaram de novo a questão do interesse por notícias de educação em geral e por temas específicos. Mas também trataram de como as pessoas se informam, a quais mídias costumam recorrer, do rádio à TV, passando por sites, veículos impressos ou redes sociais.
“Um dos diferenciais desse projeto com a Jeduca é que nunca tínhamos feito um trabalho tão aprofundado sobre a compreensão de quem consome conteúdo jornalístico. Em alguns casos, as pessoas desceram a detalhes, indicando palavras específicas usadas em matérias nas quais elas ‘travaram’, termos que criaram barreiras à compreensão”, disse Marisa Villi, diretora-executiva da Rede Conhecimento Social, criada por especialistas que trabalharam no Instituto Paulo Montenegro, braço social do Ibope e responsável pelo Inaf (Índice de Analfabetismo Funcional).
O projeto permitiu combinar as duas pesquisas de forma orgânica. A parte prática começou com uma reunião em abril com diretores da Jeduca, integrantes do Comitê Editorial da associação e jornalistas convidados, para garantir a representação tanto de grandes veículos como da mídia mais segmentada. Da reunião saíram indicações de temas da cobertura de educação e de perguntas para serem apresentadas nas oficinas de pesquisa qualitativa. Com base nos temas, foram selecionadas as reportagens que seriam comentadas depois pelos entrevistados.
As oficinas foram realizadas nos dias 15 e 17 de maio em São Paulo. A primeira reuniu um grupo com maior fluência de leitura, de nível de escolaridade mais alto (formados no ensino superior e pós-graduados eram maioria). A do dia 17 trabalhou com um grupo de menor fluência de leitura e nível de escolaridade mais baixo (pessoas que cursaram até o ensino fundamental ou ensino médio).
Os dois grupos falaram sobre o perfil de notícias que consomem, o quanto se interessam pelo noticiário de educação (e o motivo desse interesse), a quais mídias costumam recorrer e com qual frequência. Também indicaram, de forma espontânea, quais temas de educação têm maior apelo para eles.
Na parte final dos encontros, foram apresentadas reportagens, em texto e vídeo. Os participantes comentaram sobre seu grau de interesse pelas matérias e discutiram aspectos como a linguagem utilizada e se o título, por exemplo, retratava adequadamente o conteúdo.
Editor do site da Jeduca, Sergio Pompeu acompanhou as oficinas. “É uma experiência que permite ter vários insights, relevante para todos os jornalistas, especialmente os que são especialistas em uma área, como os de educação. Vários colegas com quem converso já falaram sobre a dificuldade que têm para ‘visualizar’ um leitor quando escrevem”, disse.
Pompeu achou particularmente interessante ver a análise que o grupo fez sobre as matérias. E comparar, com base nos relatórios da Rede, a diferença de percepções entre os participantes de alta e baixa fluência de leitura. “Em alguns casos as reações contrariaram a minha expectativa. Reportagens que eu achei que interessariam mais ao grupo de maior escolaridade tiveram mais impacto sobre o grupo de baixa fluência de leitura e vice-versa.”
A partir dos achados da pesquisa qualitativa, a direção da Jeduca e a Rede Conhecimento Social estruturaram as perguntas da pesquisa quantitativa, realizada pelo Datafolha entre 12 e 16 de julho. O instituto entrevistou 2.084 pessoas de 16 anos ou mais em 129 municípios de pequeno, médio e grande porte de todo o país.
“O fato de usarmos as discussões e interações entre os grupos das oficinas como base para subsidiar a pesquisa quantitativa deu mais riqueza ao processo. Não partimos dos nossos pressupostos, mas de elementos trazidos por quem consome informação”, disse Marisa.
Os resultados das duas pesquisas foram apresentados na quinta-feira (19/06) para alguns integrantes da diretoria e do Comitê Editorial da Jeduca e para jornalistas que participaram da primeira reunião do projeto, em abril. “É um material rico. Não há uma única conclusão, mas sim indicações diferentes para atender os diversos públicos consumidores de jornalismo de educação”, disse o vice-presidente da Jeduca, Fábio Takahashi.
A mesa “A percepção do público sobre o noticiário de educação”, que terá o resultado das pesquisas encomendadas pela Jeduca, será realizada no segundo dia do Congresso, 7 de agosto, às 14h50. Faça sua inscrição aqui.