Os desafios impostos pela pandemia de covid-19 à educação ainda não foram totalmente mapeados. No entanto, a trajetória para superá-los já começou com o retorno presencial gradual, que está ocorrendo em várias partes do país.
Nesta terça-feira (28), Ernesto Martins Faria, diretor executivo e fundador do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), lançou luz em alguns pontos de atenção para especialistas e redes de ensino, bem como para os jornalistas que estão nessa cobertura, no minicurso “Desigualdades educacionais, Covid-19 e pós-pandemia”.
Mediado pela jornalista Amanda Cieglinski, a apresentação de pesquisas e diagnósticos de aprendizagem feitos pela organização serviu de pano de fundo para pensar os desafios relacionados às desigualdades educacionais no cenário da pandemia.
Confira alguns pontos de atenção destacados no minicurso:
Estruturar a busca ativa
Apesar de a estratégia ser bastante conhecida, aplicá-la ainda parece ser uma pedra no sapato. "São raras as secretarias com ações consolidadas na temática e que assumem o protagonismo na busca ativa dos estudantes", destacou Faria, já que, em muitos casos, as informações sobre os estudantes que não estão frequentando as escolas ou atividades remotas existe no nível da escola e não chegam a ser repassadas às secretarias de educação. A ação pode ser uma saída para retomar o contato com estudantes afastados da escola.
Acompanhar as estratégias de busca ativa nos municípios e estados é um dos focos relevantes da cobertura, que podem render pautas ao longo deste segundo semestre de 2021, em que o retorno das aulas presenciais está ocorrendo de forma gradativa.
Educação infantil
Esta etapa da educação básica carece de atenção especial, para o diretor do Iede. Ele defende que é preciso atuar em regime de colaboração, com formação de professores e monitoramento das atividades enviadas para as crianças em ensino remoto. Este é o outro aspecto que merece atenção da cobertura,
Padronização dos dados
Estudo realizado pelo Iede e tribunais de contas sobre a participação dos estudantes no ensino remoto durante a pandemia revelou a ausência de unificação de documentos e variáveis utilizadas pelas secretarias de educação para monitorar a aprendizagem e permanência dos estudantes.
Este é mais um tema que pode ser explorado em pautas, seja pela perspectiva das escolas, do que os professores e gestores estão identificando, quanto pelo lado das secretarias de educação – por exemplo, as ações e estratégias para sistematizar os dados e informações relativos à aprendizagem, abandono e evasão, tendo em vista tornar suas ações mais eficazes.
Integração de modelos
Mais do que tentar mensurar o quanto os alunos estão deixando de aprender, Faria defende que a estratégia seja diagnosticar o que sabem e o que não sabem. Entender o que conseguem assimilar presencial e remotamente.
Assim, um caminho pode ser planejar de forma diferenciada as práticas pedagógicas. Segundo ele, a integração dos modelos presencial e remoto acontece a partir daí, acredita o representante do Iede.
Na cobertura, vale acompanhar como estados e municípios estão organizando o ensino presencial e o remoto.
Exposição à aprendizagem
Um estudo sobre o desempenho dos estudantes em minitestes, realizados no atual contexto de pandemia, revelou que os estudantes tiveram dificuldade para responder questões relacionadas a objetivos de aprendizagem prioritários da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Mesmo com flexibilidade de tempo para responder às questões e com possibilidade de pesquisar as respostas, os estudantes tiveram dificuldade de responder às questões – o que contrariou a expectativas, já que se acreditava que o desempenho seria melhor, dadas as condições em que o miniteste foi realizado.
Esse resultado lança um olhar sobre a importância dos diagnósticos das perdas de aprendizagem na pandemia, outro tema que pode render boas pautas.
Inscreva-se
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Os minicursos ocorrem entre terça e sexta (28 de setembro e 1.º de outubro), sempre às 16h. Confira a programação do #Jeduca2021.
O 5.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação conta com o patrocínio de Fundação Lemann, Fundação Telefonica Vivo, Instituto Unibanco, Itaú Social, Itaú Educação e Trabalho, e apoio do Colégio Rio Branco e Loures Consultoria.