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Elza Fiuza/Agência Brasil
Estudos e pesquisas

Pesquisas sistematizam desafios da formação e carreira docente

Estudos divulgados recentemente pela OCDE e Fundação Carlos Chagas/Unesco são boas fontes de informações e pautas

05/07/2019
Marta Avancini

Duas pesquisas divulgadas recentemente - “Talis (Teaching and Learning Internacional Survey – Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem)”, da OCDE e “Professores do Brasil: Novos cenários de formação”, lançada pela Representação da Unesco no Brasil e a Fundação Carlos Chagas – apresentam resultados que podem gerar pautas relevantes sobre um tema central do debate educacional da atualidade: a formação e as condições de trabalho docente.

 

Os estudos são diferentes, mas ambos são bastente úteis para pautas sobre o tema. “Professores do Brasil” traça um amplo painel da formação incial e continuada no país, identificando gargalos (novos e antigos) e experiências bem-sucedidas nessa área. É o terceiro volume de uma série iniciada em 2009 com “Professores do Brasil: impasses e desafios” e seguida de “Políticas docentes do Brasil: um estado da arte”, de 2011.

 

Além de compilar, num único volume, informações atualizadas sobre os cursos, as matrículas e o perfil do alunado, o estudo mostra que houve um aumento de 131% das matrículas em pedagogia e licenciatura entre 2001 e 2016, chegando a 1,5 milhão de estudantes, mas estas concentram-se em cursos a distância em instituições privadas (52%).

 

A expansão via educação a distância gera preocupação porque, segundo analistas, a profissão de professor exige intensa conexão com a prática, nem sempre viabilizada por essa modalidade, além da tendência de privilegiar uma formação aligeirada, sem um monitoramento adequado da qualidade.

 

Além desses aspectos abordados em artigos e matérias sobre a pesquisa, há outros aspectos que merecem ficar no radar do jornalistas:

 

Ociosidade e evasão

 

Em 2016, foram oferecidas 2,2 milhões de vagas de pegadogia e licenciatura presenciais e a distância, mas somente 595 mil foram ocupadas. Nas instituições públicas, 39% das cerca de 220 mil vagas oferecidas. No setor privado, responsável por 1,9 milhão de vagas, a taxa de ocupação não chega a 25%. Paralelamente, a evasão está na faixa de 50%.

 

Esses resultados servem como ponto de partida para pautas sobre a atratividade desses cursos e dos motivos que levam os estudantes a desistirem do curso ou a não concorrer às vagas. Entre os fatores elencados na pesquisa estão: a autoexclusão da concorrência, sobretudo nas instituições públicas (porque os candidatos não confiam que sejam capazes de serem aprovados no processos seletivos), a falta de apoio para assegurar a permanência dos estudantes e a dificuldade de modificar a estrutura e o funcionamento dos cursos, tornando-os pouco atrativos.

 

Outra linha de abordagem é o impacto da ociosidade de vagas, especialmente no setor público, sobre a subutilização dos recursos destinados às instituições.

 

Os formadores de professores

 

Outra possibilidade é pauta e problematizar as disparidades em termos da qualificação dos docentes responsáveis pela formação de professores para a educação básica. O Sul e o Sudeste concentram o maior número de professores doutores – 53,7% e 53,2%, respectivamente. O Norte posssui a menor proporção de formadores com doutorado, 36,3%, mas esta é a região que concentra a menor oferta de programas de pós-graduação. No Brasil, em 2016, predominam os formadores com doutorado: são 49,2% de um total de 91.409.

 

No que diz respeito à Talis, o diferencial do estudo é possiblitar análises e comparações internacionais, colocando a realidade brasileira em perspectiva em relação a outros países. A pesquisa é realizada a cada cinco anos. Na edição de 2018, foram coletados dados sobre aprendizagem e condições de trabalho de professores e gestores de escolas de 48 países, entre eles o Brasil.

 

 

No país, participaram 2.447 professores e diretores de 185 escolas dos anos finais do ensino fundamental (5º ao 9º ano) e 2.883 de 186 escolas de ensino médio das redes públicas e privadas.

 

Além do relatório completo, a OCDE divulga um documento específico por país, inclusive para o Brasil, O site do Inep (instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) disponibiliza diversos documentos sobre a pesquisa.

 

Boa parte da cobertura da mídia concentrou-se sobre a relação apresentada pela Talis entre incidência de bullyng nas escolas e o menor tempo de aula dedicado ao ensino no Brasil, na comparação com a média da OCDE. Estadão, O Globo, R7, entre outros, são exemplos de veículos que seguiram essa linha de cobertura.

 

Além desse tema, outras possibilidades de pauta são:

 

Inclusão/educação especial

 

No Brasil, 11% dos professores informaram que têm, em sua sala de aula, 10% de alunos com necessidades educacionais especiais. A média da OCDE é mais alta: 27%. Segundo a pesquisa, 40% dos professores brasileiros, informaram ter participado de formação específica nos 12 meses anteriores à pesquisa. Apesar disso, no país, 58% informaram que têm “muita necessidade” de formação nessa área, ante a 22% na OCDE. No Brasil, 60% dos diretores informaram que a qualidade da educação em suas escolas é prejudicada pela falta de professores qualificados nessa área. Na OCDE, são 32%.

 

Nas pautas sobre inclusão escolar, um desafio comumente abordado é a preparação do professor para atender os estudanes de inclusão. Esses dados podem ser um ponto de partida para a problematização da necessidade e da demanda desse tipo de formação.

 

Metodologias de ensino

 

No Brasil, os métodos que estimulam a participação ativa do aluno são menos usados do que na média da OCDE (40% ante a 45%). No que diz respeito à avaliação, apenas 40% dos docentes adotam autoavaliação dos estudantes. Apesar disso, 80% dos professores brasileiros informaram estarem abertos a adotar práticas inovadoras. A porcentagem é comparável à média da OCDE.

 

Esses resultados podem ser um ponto de partida para pautas sobre os métodos de ensino adotados na sala de aula, especialmente no contexto de implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que preconizaa renovação das metdologias de ensino e aprendizagem.

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