Pâmela Ellen
Do Repórter do Futuro
Para a criadora do RUF (Ranking Universitário da Folha), Sabine Righetti, a imprensa erra ao utilizar rankings estudantis como critérios absolutos para determinar a qualidade dos cursos universitários.
Segundo a jornalista, os indicadores têm sido utilizados pela imprensa e por instituições de ensino superior como os únicos parâmetros para decidir se os cursos de graduação são melhores que os da concorrente.
O importante, segundo Righetti, “é o jornalismo entender como os rankings funcionam e passar a informação certa do porquê a mesma universidade pode possuir diferentes colocações”. As diferenças de colocação, como explicou a jornalista e pesquisadora, devem-se aos critérios adotados para criar cada tipo de ranking.
A repórter participou do painel “O que sabemos sobre o ensino superior do Brasil?”, realizado nesta quinta-feira, 29, no 1º Congresso da Jeduca, que também contou com a presença de Leandro Tessler, professor do Instituto de Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e membro do conselho consultivo do ranking internacional de universidades QS.
De acordo com Tessler, os critérios de avaliação mudam conforme o foco do ranking. “Dependendo de quais parâmetros são analisados, a faculdade pode ter uma boa colocação em um ranking, e em outro não”, explica.
O professor também aponta que os rankings não devem ser utilizados para determinar políticas públicas, já que cada um indicador tem um foco diferente.
Histórico
O Shanghai Ranking Consultancy, ligado à Shanghai Jiao Tong University, foi o primeiro indicador de avaliação criado em nível internacional e desde então tem sido o responsável por disseminar essas análises universitárias pelo mundo, utilizando quatro critérios de verificação ligados a pesquisas científicas.
No Brasil, o sistema de avaliação oficial adotado pelo governo para avaliar o ensino superior é o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), fortemente baseado no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes). O sistema adota ainda uma fórmula de cálculos que leva ao CPC (Conceito Preliminar de Curso), um indicador de qualidade que avalia os cursos de graduação. A nota sempre será de 1 a 5, sendo que, se ficar com uma média entre 1 e 2, a instituição recebe a visita do Ministério da Educação para verificação dessa avaliação.
Já o RUF utiliza cinco parâmetros como indicação para análise das 195 universidades brasileiras: pesquisa científica, qualidade do ensino, internacionalização, mercado de trabalho e inovação. O Ranking Universitário da Folha foi criado em 2012, a partir da percepção de Righetti de que nos países democráticos este tipo de avaliação era feito por veículos de imprensa, enquanto e em nações não democráticas os indicadores eram produzidos pelos governos.