Jornalistas de Porto Velho e do interior de Rondônia puderam aprofundar conhecimentos e debater temas nacionais e locais da educação durante oficina dada pela Jeduca na abertura do 1º Congresso Rondoniense de Jornalismo, realizado na capital do estado nos dias 22 e 23 de maio. Organizadora do Congresso, a AJD-RO (Associação dos Jornais Diários de Rondônia) anunciou a criação de um prêmio para reportagens de educação, que terá sua primeira edição este ano.
O presidente da AJD-RO, Alessandro Lubiana, afirmou que a entidade pretende definir ainda em junho as regras do prêmio. “Vamos produzir o edital e anunciar o valor da premiação. Queremos fomentar a cobertura de educação em Rondônia.” Ele informou que poderão ser inscritas reportagens das versões impressa e digital de jornais diários, de sites independentes e também as produzidas para outras mídias, como a TV. A ideia, segundo Lubiana, é incentivar os jornalistas a também pesquisarem sobre os temas abordados.
Realizado pela Jeduca em parceria com o movimento Todos pela Educação, o workshop teve como pano de fundo a cobertura de educação nas eleições. Responsável pela apresentação, o jornalista Ricardo Falzetta, integrante do Comitê Editorial da Jeduca, enfatizou a necessidade de a imprensa se apropriar de dados estatísticos e das metas educacionais em nível nacional, estadual e municipal para fazer entrevistas mais aprofundadas e cobrar posições dos candidatos sobre os principais desafios da área.
“Teve uma parte de oficina propriamente dita, mas também muito diálogo. O público interagiu bastante”, disse Falzetta. Segundo ele, os jornalistas fizeram perguntas sobre questões como alfabetização, financiamento da educação, formação dos professores e Base Nacional Comum Curricular.
“A iniciativa da Jeduca despertou para a necessidade de pautar o tema educação, principalmente para alertar cidadãs e cidadãos neste ano eleitoral”, disse David Rodrigues, diretor do site Rondônia no Ar. “O anúncio do prêmio também foi muito bem recebido pelos colegas.”
“Aqui no estado, tradicionalmente se cobre apenas pautas esporádicas em escolas, além, é claro, do Enem. Não temos o costume de buscar dados que apresentem um panorama geral da educação, seja nas cidades ou em nível estadual”, disse Etiene Gonçalves, repórter do jornal Diário da Amazônia e um dos organizadores do Congresso. “A oficina colaborou para indicar maneiras de pensar pautas e onde buscar dados estatísticos. Precisamos discutir, sim, o assunto, porque nós, jornalistas, repetimos aos quatro cantos que ‘só a educação pode mudar o país’.”
Falzetta fez uma apresentação dos grandes números da educação brasileira e compartilhou sua experiência de cobertura, dando dicas de como identificar e desenvolver pautas, interpretar dados e indicadores como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Também navegou por plataformas de acompanhamento do Plano Nacional de Educação, como o Observatório do PNE, coordenado pelo Todos Pela Educação, e o PNE em Movimento, do Ministério da Educação, que tem um mapeamento dos Planos Municipais e Estaduais de Educação.
O jornalista também procurou desmistificar lugares comuns, como a visão de que o ensino público “de antigamente” era muito melhor que o de hoje ou de que não há nenhum avanço na educação do país. “É preciso olhar essas questões com uma perspectiva histórica. A escola pública nos anos 50 e 60 era restrita a uma elite. Precisava haver um processo de inclusão de outras parcelas da população, mas a qualidade caiu porque a expansão ocorreu sem o investimento adequado em infraestrutura e formação de professores.”
Falzetta teve uma agenda corrida em Porto Velho. Participou de dois programas de TV e deu entrevistas para veículos com a Rede TV, que levou ao ar uma reportagem de 4min46 sobre a abertura do Congresso. Também entrevistado pela emissora, o diretor da Porto FGV, Guto Pellucio, disse que o evento reforçou a importância do papel do jornalista de informar a sociedade, realçada pelo ano eleitoral. “A gente apoia iniciativas como essa para ter de fato um jornalismo forte, que seja responsável e trabalhe a informação com profundidade.”