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Tiago Queiroz/Jeduca
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Rotina do jornalismo expõe ao trauma, mas também oferece caminhos de resiliência

No #Jeduca2025, Bruce Shapiro, jornalista norte-americano, falou sobre relação da cobertura de educação com exposição ao estresse e trauma e práticas de autocuidado e bem-estar para jornalistas e redações

30/09/2025
Redação Jeduca

"Trauma e resiliência existem em paralelo, andam lado a lado", afirmou o jornalista Bruce Shapiro, editor executivo da Global Center for Journalism and Trauma, durante palestra que abordou os impactos do trauma e estresse no cotidiano do trabalho jornalístico, assim como a tendência à resiliência da profissão. Ele também falou sobre as ações de autocuidado podem ser adotadas por jornalistas e redações para mitigar esses problemas.

 

Esses foram alguns dos temas da palestra "Lidando com estresse, trauma e esgotamento: autocuidado para jornalistas", ministrada por Shapiro no segundo dia do  9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca (26/8). A sessão foi mediada pela jornalista independente e antropóloga Gabi Coelho.

 

 

Gabi Coelho (jornalista independente e antropológa) e Bruce Shapiro (Global Center for Journalism and Trauma)
Foto por Tiago Queiroz/Jeduca

 

 

"O trauma começa com humanos encontrando grandes medos", afirmou Shapiro, que deu início à apresentação explicando o  trauma como  uma experiência, ao mesmo tempo, biológica, psicológica e social que afeta a capacidade de nos conectarmos com outras pessoas. 

 

No jornalismo, na cobertura frequente de questões de abuso e violência, contar histórias pode desafiar a saúde mental do profissional, ressaltou o jornalista. Ao falar sobre o impacto do trauma, ele apontou que é necessário considerar também o estresse causado por incertezas econômicas e falar sobre identidade, incluindo gênero, raça, classe e histórico familiar.

 

Ao cobrir e estar em contato com fontes em situações de vulnerabilidade, nos expomos ao trauma , explicou Bruce. Sobre a cobertura de educação, ele afirmou: ?Significa encontrar pessoas que estão muito vulneráveis, crianças e pais, que lidam com violência, pobreza, e professores que têm seus próprios encontros com traumas e violência na sala de aula". 

 

 
 

O palestrante destacou ainda que o trauma das fontes é absorvido como uma espécie de "fumaça", somando-se às experiências traumáticas vivenciadas pelo próprio jornalista anteriormente. 


"O trauma e a violência tiram o poder e o controle e a segurança das pessoas, isso é desafiador. Muitas das nossas reportagens são projetadas para pessoas com mais poder. Como repórter de educação, você lida com pessoas que começaram a vida com muito pouco status e poder, que agora tem a violência que os ameaça todos os dia", disse Shapiro.


Na palestra, o jornalista comentou sobre a diferença entre trauma e estresse, que está mais relacionado aos aspectos diários da profissão. "Vocês estão sempre estressados. Tomaram a decisão de entrar numa profissão com gatilho minuto a minuto, o deadline. O dia a dia: prazo de entrega, exposição a novas ideias e o gatilho de acontecimentos difíceis", disse, dirigindo-se aos jornalistas da plateia.


"Quando você tem um estresse que dura  muito tempo, você perde eficácia profissional, esse é o burnout, não é só estar muito cansado", enfatizou Bruce. Para ele, atrasar a entrega de demandas e faltar constantemente são alguns dos sinais de alerta para os profissionais. ?O burnout é um problema de saúde ocupacional para jornalistas, relacionado a demandas que excedem os recursos disponíveis para elas?, concluiu.


Em contrapartida, Shpairo observou que o jornalismo, ao mesmo tempo que expõe ao trauma, também é uma profissão de resiliência. "O trabalho também tem vários fatores protetivos: valores, ética, sentido de missão e propósito de enfrentar crueldade e violência; São fatores que ajudam a mitigar o trauma", falou.

 

De acordo com o jornalista, estudos recentes apontam a relação do bem-estar e a saúde mental com as práticas jornalísticas. ?Quando sentimos que reportamos com nossos melhores valores, isso está associado com a resiliência. Quando sentimos que violamos nossos valores ou casos de violação de ética, é como jogar gasolina no fogo do burnout, da pressão e do trauma, é uma lesão moral?, concluiu.

 

 
 

 

 

Práticas de autocuidado e o papel das redações

 

Para Shapiro, ter um plano de autocuidado é tão essencial quanto às atividades e habilidades rotineiras do jornalismo. "É preciso falar da recuperação interna durante o dia. Não é só ir de férias três semanas para a praia, é o que fazemos durante as pequenas pausas", reforçou.

 

Em primeiro lugar, o jornalista precisa estar atento e reconhecer os próprios sinais, pontuou Shapiro. Ao contar histórias difíceis, ele recomenda limitar a carga de trauma, reduzir o tempo de uso de aparelhos tecnológicos e redes sociais e manter uma rede de apoio na família e no trabalho. Exercícios físicos, yoga e meditação também foram citados pelo jornalista como práticas de autocuidado.

 

As redações também podem construir planos e adotar medidas para mitigar os problemas associados ao exercício da profissão, pontuou Bruce. "Redações em todo o mundo estão fazendo isso: criando uma cultura de conscientização sobre o trauma, em que gestores são treinados para lidar com o trauma e  estresse a que as equipes estão expostas", disse o palestrante. Já o suporte entre pares, que estudos recentes associam à resiliência, tem sido implementado como um sistema formal de apoio em redações de vários veículos.

 

 

Para saber mais:

 

Global Center for Journalism and Trauma

 

 

 

 

Trauma Aware Journalism

 

 

 

 

 

 

 

 

O 9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca contou com o patrocínio de Imaginable Futures, Instituto Unibanco, Fundação Bradesco, Fundação Lemann, Fundação Itaú, Arco Educação, Fundação Telefônica Vivo, Grupo Eureka, Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura e Santillana Educação e apoio da Fecap, Instituto Sidarta, do Colégio Rio Branco e da Loures. Conta também com apoio institucional da Abej, Abraji, Ajor, Canal Futura, Coalizão em Defesa do Jornalismo e Instituto Palavra Aberta.

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