O IEA (Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional) apresentou nesta quarta-feira (4/12) os resultados do TIMSS 2023, Trends in International Mathematics and Science Study.
O Brasil participou pela primeira vez da avaliação internacional, que traz resultados sobre o desempenho dos estudantes de 4º e 8º anos do ensino fundamental em matemática e ciências. A amostra do TIMSS contou com 650.500 estudantes de 72 países/sistemas de ensino.
De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), no Brasil, a avaliação foi aplicada para 44.900 estudantes de escolas públicas e privadas de todo o país, sendo 22.130 do 4º e 22.770 do 8º ano. O Inep disponibilizou material que reúne informações sobre a aplicação no Brasil, assim como exemplos de itens e resultados, acesse aqui.
É a pela primeira vez que temos resultados de matemática e ciências de estudantes brasileiros mais novos em comparação com outros países, uma vez que o Pisa (Programa Internacional da Avaliação de Estudantes) avalia apenas estudantes com 15 anos, que tenham completado seis anos no ensino formal.
Os resultados gerais do TIMSS 2023 podem ser acessados nesta página. Os resultados gerais podem ser conferidos aqui.
Reunimos alguns dos principais resultados do Brasil e alguns pontos de atenção. Confira mais informações sobre a estrutura da avaliação nesta matéria da Jeduca.
O TIMSS 2023 utiliza uma escala composta pelos seguintes níveis de proficiência: avançado, alto, intermediário e baixo, cada nível possui uma pontuação média.
Níveis de proficiência |
Avançado (625) |
Alto |
Interme-diário (475) |
Baixo (400) |
|
Brasil |
4º ano |
1% |
5% |
21% |
49% |
8º ano |
1% |
4% |
14% |
38% |
|
Média Internacional |
4º ano |
7% |
35% |
70% |
91% |
8º ano |
7% |
28% |
55% |
81% |
Fonte: TIMSS2023/IEA_Elaboração: Jeduca
Níveis de proficiência |
Avançado (625) |
Alto |
Interme-diário (475) |
Baixo (400) |
|
Brasil |
4º ano |
1% |
9% |
31% |
61% |
8º ano |
1% |
8% |
27% |
58% |
|
Média Internacional |
4º ano |
7% |
31% |
70% |
90% |
8º ano |
6% |
27% |
56% |
80% |
Fonte: TIMSS2023/IEA_Elaboração: Jeduca
O Estado de S.Paulo aponta que 16% dos estudantes brasileiros tiveram um desempenho pior do que se tivesse chutado todas as questões, já 5% dos alunos do 4º ano não acertaram nenhuma pergunta da avaliação de matemática.
Especialistas ressaltam que o déficit de aprendizagem de matemática é mais grave que o de leitura. A pouca familiaridade dos estudantes com números, a baixa atratividade da carreira docente na área de matemática e o desequilíbrio na distribuição de professores são alguns fatores que podem explicar esse cenário, segundo matéria publicada no g1.
Diante do percentual de estudantes com baixo desempenho, é importante destacar também que os dados relativos ao Brasil podem ter “reservas sobre confiabilidade”, de acordo com o próprio IEA em relatório.
O cenário revelado no TIMSS diverge dos resultados do Saeb, que vinha apontando avanços anos iniciais do ensino fundamental, fazendo com a avaliação nacional e os currículos das redes tenham de ser revistos. A análise é de Ernesto Faria, diretor do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede).
A análise do desempenho por gênero é importante tendo em vista os estereótipos relacionados aos meninos e meninas - por exemplo, eles costumam ser mais encorajados nas disciplinas exatas do que as meninas, que seriam melhores em disciplinas de humanas, como português e história.
Os resultados do TIMSS indicam que quanto maior a confiança na disciplina, melhor é o desempenho dos estudantes em ambos os anos escolares.
Os resultados do TIMSS também apontam uma relação entre o status socioeconômico familiar e o desempenho dos estudantes em matemática e ciências do 4º ano.
A escala do TIMSS sobre o nível socioeconômico se baseou em informações como: quantidade de livros disponíveis em casa, incluindo livros infantis, escolaridade e ocupação dos pais.
Chama a atenção que em países que tiveram pontuação elevada no TIMSS, a porcentagem de estudantes no nível socioeconômico mais baixo é menor. Na Coreia, por exemplo, são menos de 10%.
No 8º ano, os resultados apontam que alunos com acesso à mais recursos educacionais, o que inclui livros, internet e o nível de escolaridade dos pais, apresentaram melhor desempenho em matemática e ciências.
Os resultados do TIMSS também indicam que os estudantes mais ausentes apresentam um desempenho pior em em matemática e ciências em comparação aqueles que têm maior frequência na escola.