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Tiago Queiroz/Jeduca
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Uso da Inteligência Artificial nas redações exige responsabilidade e ética

Jornalistas que incorporaram a tecnologia no seu dia a dia contaram suas experiências e analisaram vantagens e riscos em mesa do segundo dia do #Jeduca2024

05/09/2024
Júlia Sardinha/Oboré Projetos Especiais*

(Com edição de Ana Luisa Gomes)

Finalizar com as novidades. Nesta terça-feira (3/9), o 8° Congresso Internacional de Jornalismo de Educação chega ao fim com discussões atuais no campo da tecnologia. Mediada por Jamile Santana, coordenadora da Escola de Dados, a penúltima mesa do evento discutiu os usos da inteligência artificial - IA nas redações de jornalismo com André Miranda, editor-executivo do jornal O Globo, Bruno Romani, repórter do Estadão, e Jade Drummond, diretora de operações do Núcleo Jornalismo.

 

As inscrições para a versão online do #Jeduca2024, com a possibilidade de emissão de certificado até 4/10, seguem abertas aqui.

 

Quando o ChatGPT conquistou os holofotes da tecnologia mundial em 2022, as ferramentas consideradas IA foram do amor ao ódio — e vice-versa — entre usuários do mundo todo. Nas redações brasileiras, comprometidas com a dinamicidade das notícias, a tecnologia não poderia ficar de fora. “Depois da explosão do uso da OpenAI, nós [jornalistas] pensamos: o que um jornal com responsabilidade pode fazer com isso?”, disse André Miranda.

 

Com esse pensamento, Jade Drummond também começou a refletir sobre como unir a tecnologia ao jornalismo. Segundo ela, o “boom” da IA generativa — forma de inteligência artificial mais utilizada atualmente — ganhou espaço por se diferenciar da “velha” inteligência artificial, voltada para usos mais específicos e limitados.

 

Para firmar a união dessa tecnologia com o jornalismo, Bruno Romani afirmou ser fundamental a existência de uma integração entre funcionários de diferentes áreas do veículo de comunicação — dos redatores aos tecnólogos — para concretizar a mudança. Dentre os empecilhos, o jornalista do Estadão indicou a diferença geracional entre os profissionais: enquanto uns estavam atualizados e receptivos ao uso da tecnologia, outros ainda preferem o bom e velho gravador de fita cassete. 

 

Superados os primeiros desafios, vários veículos, em todo o país, desenvolveram os seus próprios chatbots (assistentes IAs para uso interno nas editorias) - inclusive aqueles dos participantes da mesa. Para dar vida às criações, os três palestrantes pensaram em objetivos como a praticidade ao jornalista, a maneira de produzir a notícia e a inovação na interação com o leitor. Porém, nortear os projetos não foi suficiente: ”fazer ficar ‘vivo’ [o chatbot] é fácil, fazer ficar bom é difícil”, contou Jade Drummond.

 

Cuidado com o "lero-lero"

Em meio às novidades no cenário das notícias, as redações viram a necessidade de se discutir regras e questões éticas frente ao uso da inteligência artificial. Apesar de não existir um consenso de legalidades entre os veículos da imprensa, há concordâncias na manutenção da transparência com os seus leitores e da checagem humana. “O que guia essa política é nunca substituir o trabalho humano”, contou Drummond.

 

Mas o trabalho humano tem falhas. De acordo com Bruno Romani, o risco da tecnologia aos jornalistas é torná-los preguiçosos, acomodados frente à  facilidade e persuasão das IAs. Por isso, o próprio jornalista aconselha ter cuidado com os “leros-leros” — as falhas da inteligência  artificial — na hora de produzir conteúdos jornalísticos de qualidade e com ética. “Não use a IA como fonte primária de pesquisa, porque não é uma ferramenta própria para isso”, acrescenta.

 

Sinto informar aos fãs de ficção científica e aos apaixonados por robôs que, segundo os palestrantes, a tecnologia não irá substituir os jornalistas. Romani reforça a ideia ao afirmar que o trabalho de um jornalista humano será essencial frente à ocorrência das alucinações — ou seja, inverdades — das ferramentas de IA.

 

“Tecnologias estão aí para serem usadas para o bem ou para o mal. A tecnologia é uma ferramenta muito grande de potencialização da democracia e, ao mesmo tempo, da exclusão”, disse André Miranda. 

 

Na dinâmica de reprodução de desigualdades, Drummond relatou o agravamento entre a hegemonia dos veículos tradicionais e dos independentes. Ela acrescenta que, como a inteligência artificial é treinada pelos dados dispostos na internet, conteúdos misóginos, racistas e preconceituosos podem ser reproduzidos de forma irresponsável pelos usuários dessas tecnologias.

 

Confira a íntegra desta mesa aqui:

 

 

O 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca contou com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Lemann e Instituto Sonho Grande, patrocínio ouro de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura, Santillana Educação e Imaginable Futures e apoio da Fecap, Canal Futura, Colégio Rio Branco e Loures Consultoria. O evento contou também com o apoio institucional da Abraji (Associação de Jornalismo Investigativo), Abej (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Coalização em Defesa do Jornalismo, Instituto Palavra Aberta, Jornalistas&Cia e Unesco Mil Alliance.


* A cobertura oficial do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da Editoria Pública e da equipe de Comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).

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