A Jeduca e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) realizam às 10 horas de segunda-feira (11/09) webinário sobre o relatório “Education At a Glance”, fonte de dados e indicadores sobre o estado da educação no mundo que é referência básica para comparações internacionais. A OCDE fará a divulgação oficial do EAG na terça-feira (12/09).
No webinário, a consultora da OCDE Camila de Moraes vai fazer uma exposição geral sobre o EAG, que reúne informações de 46 países e inclui 125 gráficos e 145 tabelas. Ela falará também sobre as novidades da edição deste ano: o foco em áreas do conhecimento e as taxas de conclusão no ensino médio. O webinário será realizado na plataforma da OCDE (veja como participar no fim do texto).
Embargo
A divulgação oficial do relatório será feita pela OCDE em webinários e coletivas de imprensa programados para dez países (o Brasil não está entre eles) a partir das 6 horas de terça-feira, horário de Brasília. Jornalistas cadastrados no site da OCDE podem pedir pelo e-mail embargo@oecd.org acesso antecipado ao EAG, com o compromisso de observar um embargo até o anúncio oficial antes de publicar notícias.
A imprensa brasileira terá acesso, a partir das 6 horas de segunda, aos PDFs do “Education At a Glance” – disponíveis apenas em inglês e francês – e do country note do Brasil, uma compilação comentada de dados do país (em português). Quem não tem cadastro na OCDE pode fazê-lo no endereço http://www.oecd.org/
Análise por área de formação: renda, desemprego e gênero
A principal novidade da edição 2017 do EAG é a apresentação de dados por dez áreas de conhecimento/formação: Educação; Artes e Humanidades; Ciências Sociais, Jornalismo e Informação; Negócios, Administração e Direito; Ciências Naturais, Matemática e Estatística; Tecnologias da Informação e Comunicação; Engenharia; Agricultura e Veterinária; Saúde e Bem-Estar; Serviços. “Fizemos a desagregação por áreas do conhecimento de todos os indicadores em que isso foi possível”, diz Camila.
Além dos ganhos médios de salário, com essa distribuição será possível comparar países em indicadores como porcentual da população formada em cada área e sua distribuição por gênero e a taxa de desemprego de acordo com a graduação. Outra análise interessante é a da mobilidade dos estudantes: quantos brasileiros cursam o ensino superior no exterior e quantos estrangeiros estudam em universidades do Brasil.
Quanto ao ensino médio, o EAG vai apresentar as taxas de conclusão no prazo previsto para essa etapa de ensino em cada país e até dois anos depois. No caso do Brasil, o relatório terá dados sobre quem conclui o ensino médio em três anos ou em até cinco anos. Como as informações utilizadas pela OCDE são fornecidas pelos governos, a novidade aqui é poder comparar a progressão dos estudantes brasileiros com a de alunos dos outros 45 países.
Escolaridade e financiamento
O EAG tem centenas de indicadores agrupados em quatro grandes capítulos.
O capítulo A trata de escolaridade. Terá informações sobre a porcentagem da população que completou cada nível de ensino, taxas de conclusão e a probabilidade de um adolescente ou jovem completar o ensino médio ou o curso superior.
O capítulo B é dedicado ao financiamento da educação. Os indicadores permitirão comparações entre países em tópicos como gasto por aluno e per capita, gasto em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), investimento público por esferas de governo e como são feitas as transferências de recursos entre elas e a porcentagem dos recursos aplicados em educação que vão para gastos correntes ou para investimentos.
No caso do Brasil, a OCDE não contabiliza nos indicadores de gasto por aluno e per capita programas de financiamento como o Fies ou a renúncia fiscal dada a instituições como as do Sistema S. “Mas o Fies, por exemplo, entra no cálculo do gasto total com educação em relação ao PIB”, explica Camila.
Educação infantil
O capítulo C inclui indicadores sobre as taxas de matrícula por faixa etária e a proporção de alunos nas redes pública e particular. Camila chama a atenção para os dados sobre a educação infantil, que permitem comparar a situação do atendimento à demanda no Brasil e em outros países.
Uma particularidade do Brasil no capítulo C do EAG é a de que o país não entrou nos indicadores de taxa de matrícula em EJA (Educação de Jovens e Adultos). “Isso ocorre porque o ‘Education At a Glance’ usa como base os dados do Piaac, avaliação internacional de educação de jovens e adultos feita pela OCDE, da qual o Brasil não participa”, explica Camila.
O capítulo D trata da organização dos sistemas de ensino. Tem indicadores sobre tamanho das turmas, jornada de alunos e professores, número de alunos por docente, faixa etária, gênero e salário dos professores.
Cuidados nas comparações
No webinário, Camila vai chamar a atenção para aspectos que os jornalistas devem levar em conta ao comparar a situação dos países. Um deles é que os indicadores têm como base anos diferentes. Taxa de escolaridade, emprego e renda se referem a 2016; taxas de conclusão, a 2015; e o financiamento, a 2014 – ou seja, o EAG 2017 ainda não vai captar o impacto mais profundo da crise econômica no Brasil.
Como em qualquer comparação internacional abrangente, é difícil compatibilizar as informações fornecidas pelos governos nacionais. No EAG, entram dois grupos de países, os 35 membros da OCDE, grupo formado por países ricos e de renda média, e 11 parceiros (África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, China, Colômbia, Costa Rica, Índia, Indonésia, Lituânia e Rússia.
Mesmo assim, dos países parceiros só Brasil, Lituânia e Rússia participaram da coleta de dados específica usada para compor a maioria dos indicadores do EAG – nos demais, as informações vieram da base de dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Outra dificuldade diz respeito a creches e à pré-escola. Alguns países incorporaram essas etapas a um sistema de educação infantil, enquanto em outros o atendimento segue uma lógica mais assistencial, de atenção à criança (child care). Há ainda países nos quais os dois modelos convivem. “Em teoria buscamos identificar só os programas de educação, mas em algumas situações fica difícil separar educação e child care”, diz Camila.
A especialista da OCDE também adverte que não é possível comparar relatórios do EAG de edições diferentes. “Alguns países podem mudar sua metodologia de coleta de dados de um ano para outro.” A saída, nesse caso, é recorrer à base de dados do EAG no site da OCDE, onde as informações estão organizadas seguindo uma metodologia uniforme.
Formada em Economia e Ciências Políticas pela Brown University, nos Estados Unidos, Camila fez mestrado em Economia e Políticas Públicas no Institut d’Études Politiques de Paris (Sciences Po Paris). Ela trabalha como consultora do Departamento de Educação da OCDE.
Tutorial para o webinário
Para participar do webinário de segunda-feira, será preciso acessar o link https://conferenceoecd.webex.