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As desigualdades à luz da ciência, economia e direitos humanos

O segundo dia do 5.º congresso da Jeduca trouxe a perspectiva do debate internacional sobre o tema

28/09/2021
Vanessa Vieira, Especial para a Jeduca

As mesas desta terça-feira (28/9), segundo dia do 5.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca, se centraram sobre o papel do poder público no combate às desigualdades sob o ponto de vista da ciência e sobre os diálogos entre economia e direitos humanos na busca por um sistema educacional menos desigual.

 

Online e gratuito, o evento acontece até 1.º de outubro e tem como tema “A educação e as desigualdades na pandemia”. A programação completa pode ser conferida aqui. Caso tenha feito a inscrição, basta entrar no site com o login e senha cadastrada. E quem ainda não está participando, pode se inscrever aqui e acompanhar todas as mesas, que ficarão gravadas na plataforma.

 

Confira a seguir como foram os debates do segundo dia do #Jeduca2021:

 

Ciência e desigualdade

A ciência é fundamental para o levantamento de dados sobre as desigualdades sociais e educacionais. Porém, sem políticas públicas e a ação do poder público, as estruturas não se movem, principalmente no atual contexto de pandemia.

 

Esta foi a tônica do debate que abriu o segundo dia do evento, com a participação dos professores Abdeljalil Akkari, da Universidade de Genebra (Suíça); Douglas Ready, da Universidade de Columbia (EUA); e Flavio Comim, da Universidade Ramon Llull (Espanha). A mediação foi de Mariana Tokarnia, diretora da Jeduca e repórter da Agência Brasil.

 

Para Akkari, a pandemia funcionou como um multiplicador de desigualdades já existentes. No entanto, em contrapartida, o atual cenário permitiu a identificação aspectos estruturantes da sociedade, que podem funcionar como pontos de apoio para superar os desafios que a covid-19 trouxe para o mundo.

 

“Na pandemia, temos muitos desafios a resolver e essa é só uma oportunidade para enxergarmos os dramas sociais. Percebemos que o sistema tem capacidade de resistir. Mesmo na Suíça, o único ator que estava presente na pandemia era o Estado. Sem ele, não teria vacina nem ajuda social. Para mim, a lição mais importante é que passou o tempo de escutarmos ‘precisamos menos do Estado’”, frisou.

 

Na mesma linha, Comim afirmou que o desafio na pandemia é coletivo. “Temos problemas estruturais que não podemos esquecer. Vimos que diferentes países fizeram coisas diferentes. As famílias, em especial as crianças, que dependiam mais do Estado enfrentaram mais dificuldades, como acesso à internet e dependência do conhecimento dos pais para aprender. Essas crianças ficaram muito expostas a suas realidades”, disse.

 

O professor da Universidade Ramon Llull, na Espanha, acredita que a escola faz muita diferença na vida das crianças mais pobres. “As crianças que ficam só com suas famílias estão mais expostas a violência, dificuldades econômicas e todos os problemas associados. Precisamos de uma agenda de recuperação, que não ignore elementos estruturais e que considere a ampliação de desigualdades na pandemia”.

 

Ainda sobre a importância do Estado, Douglas Ready classificou como impressionante o impacto da atuação do governo dos Estados Unidos durante a pandemia – algum incomum no país - ao comentar o papel dos governos na superação das desigualdades. “A transferência de renda proporcionou a maior redução na pobreza infantil em décadas [caiu 30% nos últimos 12 meses] e foi a covid-19 que permitiu que isso acontecesse”, comentou.

 

Direitos humanos e economia: os impactos das desigualdades educacionais

Na segunda mesa do dia, o economista e ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, e a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, debateram sobre a desigualdade educacional e os abismos sociais do Brasil sob pontos de vista econômico e dos direitos humanos. A mediação foi feita pela jornalista Miriam Leitão.

 

A desigualdade, apontou Jurema, é o sobrenome do Brasil. “A pandemia aprofundou essas diferenças porque vastas populações foram deixadas para trás. Indígenas, quilombolas, pessoas em situação de rua, idosos, crianças, entre outros. O Estado brasileiro falhou em diferentes medidas”, comentou. Na educação, essa realidade não foi diferente, sem incentivo financeiro para aquisição de equipamentos viabiliza o acesso dos estudantes às aulas remotas, sem investimentos em vacinas, em alimentação para a população que precisava. “Fora a luta, o resto é tragédia, desassistência e descaso”.

 

Fraga, que presidiu o Banco Central de 1999 a 2003, apontou uma saída: “Os objetivos de redução das desigualdades de renda e crescimento andam juntos no Brasil. O que é preciso fazer? Priorizar, fazer algo que dificilmente a maioria dos políticos gosta de fazer, que é reorganizar. Se for possível priorizar, vai dar para melhorar o que temos em termos de educação, mobilidade social e para reforçar programas sociais”. O esforço deve partir da sociedade também. “Não tem maquininha para criar riqueza. Não vai dar para fazer isso se as pessoas não entenderem do que se trata, mas com esforço, educação e direcionamento adequado dos recursos públicos é possível”, complementou.

 

Para Jurema Werneck, a superação das desigualdades no pós-pandemia deve ter como pressuposto o direito à educação, trazendo de volta todos que estão afastados (crianças, adolescentes e educadores), reconhecendo as diferentes realidades. “É preciso fazer um novo pacto na sociedade brasileira para priorizar erradicação da desigualdade, o gap que foi ampliado pela pandemia e priorizar a solução. A nação precisa priorizar essa população e seus direitos”, afirmou.

 

O 5.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação conta com o patrocínio de Fundação Lemann, Fundação Telefonica Vivo, Instituto Unibanco, Itaú Social, Itaú Educação e Trabalho, e apoio do Colégio Rio Branco e Loures Consultoria.

 

 

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