Nesta quinta-feira (3/10), o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) divulgou os resultados do Censo da Educação Superior 2023, que reiterou a expansão do ensino a distância no país nesta etapa e trouxe novos dados sobre acesso dos jovens à educação superior após o ensino médio.
A apresentação dos resultados do Censo da Educação Superior 2023 estão disponíveis aqui e a transmissão da coletiva de imprensa está no canal de YouTube do Inep, assista aqui.
Confira alguns destaques desta divulgação e sugestões para cobertura:
EAD, oferta de vagas e ingressantes
Em 2023, o número de cursos a distância aumentou 15% em relação a 2022, foram 10.554 cursos registrados. Mas, apesar desse aumento, durante a apresentação dos resultados, um ponto destacado foi a desaceleração no ritmo de crescimento.
O aumento no número de ingressantes nos cursos de Eduacão a Distância foi de 6%, ficando abaixo dos dois dígitos pela primeira vez desde 2018.
Nos últimos cinco anos, o aumento no número de cursos EAD foi de 232%. Em 2013, eram 1.258 cursos EAD no país.
O número de ingressantes representa 66% (3.314.402) do total de novos estudantes em 2023. Desse total, 97% (3.226.891) estão no setor privado. Nas instituições públicas, 87.511 ingressaram na modalidade EAD.
O total de vagas na educação superior foi de 24.686.700. O número de vagas no ensino a distância também superou o número de vagas presenciais, 19.181.871 e 5.504.829, respectivamente.
É importante destacar que o setor privado concentra a maior parte dessas vagas a distância, chegando a 19.046.990. Em contrapartida, a oferta de vagas presenciais nas públicas (870.213) foi maior do que o número de vagas em cursos EAD (134.881).
Diante da expansão da modalidade EAD no ensino superior, está prevista uma revisão do Marco Regulatório da educação a distância, que deve ser concluída pelo MEC até 31 de dezembro de 2024, prazo estabelecido pela portaria Portaria nº 528/2024. A criação de novos cursos, vagas e polos de EAD também foi suspensa pelo ministério até março de 2025. Saiba mais sobre as mudanças de regras na EAD nesta matéria da Jeduca, acesse aqui.
Ociosidade e vagas remanescentes
Porém, um ponto para prestar atenção é a questão da ociosidade das vagas nas instituições de ensino públicas e privadas.
No ensino público, 27% das 702.640 vagas novas não são preenchidas. A maior taxa na ocupação é vista na rede estadual (78,3%), seguida pela rede federal (74,2%).
Em 2023, das 14.192.513 novas vagas em instituições privadas com fins lucrativos, apenas 23,3% foram ocupadas. Então, apesar do setor privado ser o que mais oferta vagas na graduação, cuja maior parte é a distância, a maioria não é preenchida.
A taxa de ocupação das vagas remanescentes, aquelas que surgem após o término dos processos seletivos das instituições, são ainda menores. A menor taxa é vista nas instituições sem fins lucrativos, com 8,1% de vagas ocupadas.
Nas redes federal e estadual de ensino, a taxa de ocupação das vagas remanescentes é de 18,7% e 22,5%, respectivamente.
Matrículas no ensino superior
Em 2023, houve um aumento de 5,6% no número de matrículas (9.976.782) em relação a 2022. Esse é o maior número registrado desde 2014.
O ensino presencial tem 51,7% (5.063.501) das matrículas, mas chama atenção a porcentagem de ensino a distância, 49,2% (4.913.281). O Inep aponta que, caso a tendência de crescimento do EAD se mantenha, o EAD deve ultrapassar o ensino presencial no número de matrículas em 2024.
Os dados também sinalizam o crescimento da rede privada, que conta com mais de 7,9 milhões de alunos, um crescimento de 7,3% em relação a 2022. Em contrapartida, com 2 milhões de matrículas, as matrículas da rede pública diminuíram 0,3%.
Nesta edição, um novo dado revela a média de estudantes que concluíram a educação básica em um ano e ingressam na educação superior no ano seguinte. Em 2022, a média nacional foi de 59%, porém esse percentual tende a ocultar desigualdades. A sugestão é procurar pelos números dos estados.
No sistema federal, 58% dos estudantes acessaram a educação universitária logo após a conclusão do ensino médio. Chama atenção a diferença para com as médias da rede privada e estadual, que são de, respectivamente, 27% e 21%.
No ensino médio articulado com com educação profissional, 44% dos estudantes entram no ensino superior no ano seguinte. Em contrapartida, na EJA, a porcentagem é de 9%.
No recorte por cor/raça, a média de estudantes brancos que concluíram o ensino médio e foram direto para o ensino superior foi de 37%, média maior em relação aos estudantes pretos (20%), pardos (17%) e indígenas (12%).
Permanência no ensino superior
Outros pontos de destaque na divulgação são a taxa de desistência, conclusão e a relação com as políticas de permanência estudantil.
Os dados mostram que a desistência foi de 53% na rede pública e 61% na rede privada.
A desistência também é maior no ensino a distância (66%) do que no presencial (58%).
A taxa de desistência é de 51% entre os alunos contemplados com Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). Para alunos fora do programa, a média fica em 65%.
Por sua vez, a taxa de conclusão para estudantes com e sem Fies é de, respectivamente, 49% e 34%.
Entre os estudantes beneficiários do ProUni (Programa Universidade para Todos), a taxa de desistência é de 41%. A porcentagem é de 63% para alunos fora do programa. A conclusão é de, respectivamente, 58% e 36% para estudantes com e sem bolsas de estudos.
Nas federais, a desistência dos estudantes cotistas (41%) é menor do que os não cotistas (56%), enquanto que a taxa de conclusão é de 51% e 41%, respectivamente.
Formação de professores
A apresentação dos resultados também teve destaque para as licenciaturas. Nos últimos anos, os dados mostraram um número expressivo de estudantes de licenciatura no formato EAD, o que levanta preocupações quanto à qualidade dessa formação inicial.
Em 2023, nos cursos de licenciatura, 81% (827.285) dos ingressantes optaram pelo EAD. 67% (1.710.983) das matrículas estão no ensino a distância.
A rede privada possui mais de 1 milhão de matrículas em cursos de licenciatura, 90% estão no EAD. Dos 654.329 ingressantes em cursos de formação de professores na rede privada, 93,5% estudam a distância.
Em 2024, a discussão em torno da formação inicial de professores se intensificou. No fim de maio, o MEC homologou parecer do CNE com novas diretrizes para cursos de formação de professores, estabelecendo limite de 50% para carga horária a distância. As instituições de ensino superior têm dois anos para se adaptar às mudanças.
Em junho, foi instituído o Enade das Licenciaturas, que será realizado pela primeira vez em 2024 para avaliar a formação prática dos professores que irão atuar na educação básica. A avaliação será feita a cada ano.
Outro destaque do censo foram os dados do curso de pedagogia, que têm 852.334 matrículas, 53,6% do total de alunos que cursam licenciatura. Importante pontuar que 689.663 das matrículas em pedagogia são na modalidade EAD.
Entre abril e maio, a Jeduca promoveu dois webinários sobre formação de professores e regulação do EAD, confira aqui e aqui.