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Rovena Rosa/Agência Brasil
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Confira os principais destaques do desempenho do Brasil no Pisa 2022

Resultados indicam estabilidade do desempenho do país e predomínio de estudantes nos níveis mais baixos da avaliação em matemática, leitura e ciências

05/12/2023
Marta Avancini

(Atualizado em 8/12/2023)

(Com apuração de Isabella Siqueira)

Os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2022, divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nesta terça-feira (5/12) sinalizam para a estabilidade dos níveis de aprendizagem de estudantes brasileiros  em matemática, leitura e ciências entre 2018 e 2022.

O relatório em inglês pode ser baixado no site da OCDE.


O MEC realizou uma entrevista coletiva para divulgar os dados (assista à gravação). O Inep publicou, em seu site, a Nota sobre o Brasil (em português), a apresentação feita pelo instituto e um infográfico com os principais resultados do Brasil

Em contrapartida, houve uma queda “sem precedentes”, segundo o relatório, da performance dos estudantes na avaliação de maneira geral, resultando numa redução da média da OCDE em matemática e em leitura (2 das 3 áreas avaliadas) em 2022 na comparação com 2018.


A pandemia de covid-19 foi um fator importante, mas não é o únco que explica a queda. Vários países já apresentavam queda antes e, segundo a OCDE - o que é relevante levar em conta nas comparações do Brasil com outros países.


Durante a coletiva de lançamenot do relaório, Andreas Schleicher, diretor de Educação e Avaliação da OCDE, o Brasil é um dos poucos países que têm conseguido manter o desempenho e expandir o acesso à educação. Ao mesmo tempo, é preciso levar em conta a faixa de desempenho na qual o Brasil está em relação à média da OCDE e outros países com o mesmo perfil.


Em matemática, a queda foi de 15 pontos, em leitura, 10 pontos. Em ciências, a tendência foi de estabilidade (confira a pontuação abaixo).


O Pisa 2022 enfocou matemática (a prova foi mais extensa), mas o relatório também inclui dados e análises sobre o desempenho em leitura e ciências.


Para contribuir com as reportagens e pautas futuras sobre o Pisa 2022, a Jeduca produziu este material compilando alguns dos principais resultados e possíveis contextualizações e desdobramentos.


Sobre o Pisa 2022

A amostra do Pisa no Brasil foi composta por 10.798 estudantes de 599 escolas. Ela é representativa para um universo de 2.263.000 estudantes na faixa de 15 anos (cerca de 76% da população nessa idade no país).


Ao todo, cerca de 690 mil estudantes de 81 países fizeram a prova. Eles representam um universo de 29 milhões de adolescentes na faixa de 15 anos.


As provas foram compostas por questões de múltipla escolha e dissertativas nas três áreas avaliadas, com duração de cerca de duas horas cada. O Pisa foca em habilidades, não nos conteúdos assimilados. Leia mais sobre o exame nessa matéria da Jeduca.


O Pisa é dividido em seis faixas de desempenho. A faixa 2 é considerada a proficiência mínima que um estudante deveria adquirir ao terminar o nível equivalente ao ensino fundamental 2 do Brasil


Estudantes e diretores das escolas participantes do Pisa responderam questionários socioeconômicos. Os adolescentes responderam sobre suas atitudes, crenças, escolas, vida familiar e os diretores sobre gestão e ambiente de aprendizagem.


Os dados coletados compões o material divulgado pela OCDE.

 

O Brasil no Pisa

Nas três áreas avaliadas, os resultados do Brasil em 2022 foram semelhantes aos de 2018:


Matemática - Brasil

2022: 379
2018: 384


Leitura - Brasil

2022: 410
2018: 413


Ciências - Brasil

2022:403
2018: 404


Para a OCDE, os escores do Brasil indicam uma tendência de estabilidade que começou em 2009. Naquele ano, o país fez 386 pontos em matemática, 412 em leitura e 402 em ciências.


Um bom parâmetro para contextualizar o desempenho do Brasil são as médias da OCDE:


Matemática – média OCDE

2022: 480
2018: 495

Leitura – média OCDE
2022: 482
2018: 492


Ciências – média OCDE

2022: 490
2018: 493

Nota-se que as médias obtidas pelo Brasil estão bem abaixo da média da OCDE. Isso indica que, apesar do desempenho do Brasil se manter estável, a pontuação média do país é baixa porque há uma porcentagem elevada de estudantes abaixo do nível mínimo e no mínimo.

Porcentagem de estudantes na faixa 1 (abaixo da proficiência mínima esperada)

  • Em matemática, 73,7% dos estudantes brasileiros estão na faixa 1 de desempenho. A média da OCDE é 31,1% (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.1, página 317).

  • Em leitura, 50,3% dos estudantes brasileiros estão na faixa 1, contra 26,3% na média da OCDE (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.2, página 319).

  • Em ciências, 55,4% dos estudantes brasileiros estão na faixa 1. A média da OCDE é 24,5% (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.3, página 321).


Porcentagem de estudantes na faixa 2 (proficiência mínima esperada) e nas faixas 5 e 6 (as mais altas)

  • Em matemática, 27% dos estudantes brasileiros estão na faixa 2 contra 69% na faixa da OCDE. Nessa faixa, eles conseguem representar matematicamente situações simples (por exemplo, comparar a distância entre duas rotas ou converter preços em moedas diferentes). Nas faixas mais elevadas (5 e 6), as porcentagens são 1% no Brasil e 9% na média da OCDE (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.1, página 317).

  • As porcentagens para leitura na faixa 2 são: 50% (Brasil) e 74% (média da OCDE). Na faixa 2, os estudantes conseguem identificar a ideia principal de um texto, encontrar informações explícitas, entre outras habilidades.Nas faixas 5 e 6 são: 2% (Brasil) e 7% (média da OCDE) (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.2, página 319).

  • Em ciências, na faixa 2, os dados são: 25,4% dos estudantes brasileiros e 25,2 na média da OCDE. Para as faixas 5 e 6, as porcentagens são: 1,2% (Brasil) e 7,5% (média da OCDE) (relatório Pisa 2022 Results – Volume 1, Tabela IB1.3.3, página 321).

 

Desempenho e nível socioeconômico
A OCDE adota uma classificação internacional de nível socioeconômico que permite comparações do desempenho de estudantes de países diferentes de uma mesma faixa.

Alguns dados mostram diminuição da diferença de desempenho entre os que estão nas faixas mais elevadas e naquelas mais baixas:

  • No Brasil, a maior parcela dos estudantes está na faixa 2 de nível socioeconômico, considerada média. A média desses estudantes em matemática foi 365 em matemática, bem abaixo da média da OCDE (superior a 500 pontos).

  • Considerando os estudantes brasileiros de maior e menor nível socioeconômico, a distância da pontuação entre eles em matemática é de 77 pontos – menor do que a média da OCDE, 93 pontos.

  • Entre 2012 e 2022, a discrepância do desempenho em matemática entre as duas faixas diminuiu 25%.

  • A condição socioeconômica responde por 15% do desempenho do estudante em matemática no Brasil – a mesma porcentagem na OCDE.


Desempenho e gênero

De maneira geral, as garotas têm melhor desempenho em leitura do que os garotos, e eles vão melhor em matemática do que elas. Alguns números:

  • No Brasil, em média, a pontuação das garotas em leitura é 17 pontos maior do que a dos garotos. Em matemática, eles pontuam 8 pontos a mais do que elas. Mas de 2012 a 2022, a performance dos garotos caiu e permaneceu estável entre as garotas.

  • No Brasil, em matemática, a porcentagem de garotos na faixa 1 de desempenho é um pouco menor do que a de garotas: 71% e 76%, respectivamente. Em leitura, são 47% para as meninas e 54% para os meninos.


Sentimento de segurança na escola
O Pisa mostra que quanto maior o sentimento de segurança na escola, melhor o desempenho.

  • Os dados mostram que este é um aspecto relevante no Brasil: no país, 19% dos estudantes dizem que não se sentem seguros no caminho para a escola (a média da OCDE é 8%) e 10% dizem que não se sentem seguros na sala de aula (7% na média da OCDE).

  • Cerca de 22% das meninas e 26% dos meninos dizem ser vítima de bullying algumas vezes por mês (na OCDE, a média é de 20% para as garotas e 21% para os garotos.

  • A exposição ao bullying diminuiu de 20189 para 2022: no Brasil, caiu de 14% para 9% (as médias na OCDE são 11% e 7%, respectivamente).

Uso de celulares e outros equipamentos digitais

Existe uma forte associação entre distração digital e desempenho: os estudantes que informaram que são distraídos por seus colegas usando equipamentos digitais na maior parte ou em todas as aulas de matemática pontuaram 15 pontos a menos do que aqueles que não vivenciam essa situação. De acordo com a OCDE, isso representa ¾ de um ano de aprendizagem.

  • Na OCDE, em média, 65% dos estudantes informaram que se distraem usando equipamento digitais em algumas aulas de matemática. No Brasil, a proporção chega a 80%.

  • No Brasil, 45,1% dos estudantes dizem que se distraem com celulares e outros equipamentos durante a maior parte ou todas as aulas de matemática e 40,3% dizem que sofrem esse tipo de distração quando colegas usam esses equipamentos.

  • O uso de equipamentos digitais também impacta o desempenho em matemática: quanto menor o tempo usando esses equipamentos para lazer, melhor o desempenho. Na média da OCDE, estudantes que usaram celular durante uma hora pontuaram 49 pontos a mais do que aqueles que ficaram entre cinco e sete horas em frente às telas.

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