(Atualizado em 30/11/2023)
(Com apuração de Isabella Siqueira)
A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) vai divulgar, no dia 5 de dezembro, os resultados do Pisa 2022, exame internacional realizado desde o ano 2000 em países da organização e parceiros, entre eles o Brasil.
O lançamento mundial será na sede da OCDE em Paris, às 11h - horário local (7h no horário de Brasília). A coletiva será transmitida em canal da OCDE.
No Brasil, o MEC (Ministério da Educação) fará uma coletiva de imprensa em Brasília no próprio dia 5 de dezembro, às 10h, para apresentar os resultados do Pisa. Haverá transmissão pela internet no canal do ministério,
Jornalistas interessados podem solicitar o relatório embargado em inglês. Para isso, é preciso enviar um e-mail para embargo@oecd.org. O relatório será enviado no dia 4 de dezembro (segunda-feira).
Para mais informações, contatar a assessoria de comunicação da OCDE através do email spencer.wilson@oecd.org.
A divulgação do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) é um dos eventos que mais mobilizam a cobertura de educação por causa do volume de dados divulgados e das possibilidades de análises e comparações.
A prova é realizada de três em três anos com estudantes na faixa dos 15 anos, a cada vez, enfocando uma área de conhecimento: Leitura, Matemática ou Ciências. Desde 2015, o Pisa também começou a avaliar competências consideradas relevantes para o século 21.
Em 2022, o foco foi em Matemática e no Pensamento Criativo, para avaliar até que ponto os estudantes desenvolvem ideias próprias, originais, não se limitando a reproduzir o que aprendem na escola.
A matriz de referência da avaliação sobre Pensamento Criativo está disponível neste documento, que inclui conteúdo programático, competências avaliadas e exemplos.
Confira as áreas do conhecimento e habilidades avaliadas a cada edição do Pisa:
2000: Leitura
2003: Matemática
2006: Ciências
2009: Leitura
2012: Matemática
2015: Ciências, Resolução de Problemas Cotidianos e Letramento Financeiro
2018: Leitura, Competências Globais e Letramento Financeiro
2022: Matemática e Pensamento Criativo
Embora o Pisa seja considerado um instrumento relevante para compreender o nível de aprendizagem, as desigualdades e fatores que influenciam no desempenho dos estudantes, existem críticas ao fato de o exame ser utilizado como uma espécie de atestado da qualidade da educação de um país.
Características do exame
O Pisa não é uma prova comum, que verifica se o estudante aprendeu ou não a matéria. Ele mapeia habilidades, isto é, como os estudantes extrapolam o que aprenderam na escola, aplicando o conhecimento em situações do dia a dia, no contexto do mundo contemporâneo.
Neste vídeo, o diretor de Avaliação e Educação da OCDE, Andreas Schleicher, explica que o Pisa avalia “habilidades, atitudes e valores que são importantes para o futuro das crianças” alinhadas com as demandas da educação do século 21, segundo a visão da OCDE.
Importante:
Escala
A escala do Pisa é dividida em 6 níveis de proficiência em todas as áreas avaliadas. A partir da pontuação, é possível identificar em qual nível o país está e as habilidades previstas.
A escala está relacionada à matriz da avaliação, que estabelece as habilidades esperadas. As faixas são definidas por uma pontuação, que é diferente em cada área.
Detalhe importante: esses parâmetros podem mudar de uma edição para outra do exame e sempre estão descritos detalhadamente nos relatórios do Pisa.
Por exemplo, na escala do Pisa 2018, em Leitura, no nível 2 , os estudantes conseguem entender o significado literal de frases ou passagens curtas; no nível 6 são capazes de interpretar o significado das nuances de linguagem.
Em Matemática, também para o Pisa 2018, no nível 5, eles são capazes de desenvolver modelos para situações complexas e trabalhar com eles, identificando restrições e especificando hipóteses.
A escala de Ciências define que, no nível 3, eles conseguem fazer distinção entre questões científicas e não científicas e identificar a evidência que apoia uma afirmação científica, para o Pisa 2018.
No relatório Brasil no Pisa 2018 publicado em porutuguês pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) é possível consultar a descrição dos níveis de proficiência em Leitura (Quadro 10, página 74), Matemática (Quadro 15, página 112) e Ciências (Quadro 21, página 134).
Questionário socioeconômico
Além da prova, o Pisa inclui a aplicação de um questionário socioeconômico a estudantes e ao diretor de cada escola participante. No Pisa 2018, professores também participaram da pesquisa em 19 países, incluindo o Brasil.
As respostas aos questionários são analisadas com os resultados das provas, com isso é possível ter uma visão mais ampliada do desempenho dos estudantes, da escola e do sistema educacional.
Seleção dos estudantes
A OCDE definiu, para todos os países participantes, que a amostra deve ser composta por adolescentes de entre 15 anos e 3 meses (completos) e 16 anos e 2 meses (completos) no início do período de aplicação da avaliação. Eles devem estar matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental.
A definição da idade como critério (e não por ano/série) permite uniformizar o público avaliado, estabelecendo um parâmetro mais estável para uma avaliação internacional, permitindo comparar o desempenho de estudantes nascidos no mesmo ano
Além disso, a idade de 15 anos foi escolhida pelo Pisa porque, em boa parte dos países, é a faixa etária em que termina a escolaridade básica obrigatória. Mas no Brasil é diferente: a educação básica inclui o ensino médio e é obrigatório frequentar a escola dos 4 aos 17 anos (Emenda Constitucional 59).
O Pisa 2022 no mundo e no Brasil
O calendário original do Pisa previa uma prova em 2021. Mas, por causa da pandemia de covid-19, ela foi adiada para 2022. Pelo mesmo motivo, a edição prevista para 2024 acontecerá em 2025. Os resultados sempre são divulgados no ano seguinte à aplicação.
Cerca de meio milhão de estudantes de 81 países (dos quais 37 pertencem à OCDE) participaram do Pisa 2022. A OCDE disponibiliza a lista completa de países.
No Brasil, cerca de 14 mil estudantes, matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental, fizeram as provas do Pisa em 2022. Elas foram aplicadas em formato eletrônico, com coordenação do Inep.
Foram selecionadas 606 escolas de 420 municípios nas 27 Unidades da Federação, seguindo critérios de representatividade para o universo de escolas e estudantes.
Desempenho do Brasil
O Brasil participa do Pisa desde a primeira edição em 2000 e há relatórios em inglês e em português, produzidos pelo Inep, com informações desde a primeira aplicação.
Uma boa fonte para se preparar para a cobertura é o Country Note (ou Nota sobre o País, em português) do Brasil. A OCDE produz este documento com os principais dados para todos os países. O Country Note do Brasil de 2018 pode ser consultado em inglês e português.
Como a série histórica está disponível, nas reportagens é possível abordar a evolução do país ao longo do tempo, tanto na área de conhecimento em foco, como nas demais. Também é possível contextualizar o país em relação a outros que participaram do exame.
Compilação do desempenho do Brasil no Pisa desde 2000
Matemática
(os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)
2003: 356
2006: 370
2009: 386
2012: 389
2015: 377
2018: 384
Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 13, página 109).
Leitura
(os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)
2000: 396
2003: 403
2006: 393
2009: 412
2012: 407
2015: 407
2018: 413
Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 6, página 77).
Ciências
(a partir de 2006, primeiro ano em a área foi avaliada; os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)
2006: 390
2009: 405
2012: 402
2015: 401
2018: 404
Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 20, página 132).
Confira o material do MEC (Ministério da Educação) sobre o lançamento dos resultados do Pisa 2018.
Os principais resultados do Pisa 2018 podem ser conferidos nesta matéria da Jeduca.
Dicas de cobertura
Rankings
Muitas reportagens utilizam somente a média de proficiência dos países e se centram nos rankings, indicando quais tiveram melhor ou pior desempenho, mas é possível (e recomendável) ir além. Algumas sugestões:
Essas orientações podem ser conferidas com mais detalhes em um webinário realizado pela Jeduca em 2016, no contexto da divulgação dos resultados do Pisa 2015. Assista ao vídeo e leia a matéria.
Comparações
A jornalista Carolina Moreno e o economista Ernesto Faria dão várias dicas de como analisar os dados do Pisa sem se limitar aos rankings. Algumas delas são:
Assista ao vídeo e leia a matéria:
Mais fontes e materiais:
Resultados do Brasil no Pisa de 2000 a 2018 (site do Inep).
Resultados gerais do Pisa 2018 (site da OCDE).