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OCDE divulga Pisa 2022 dia 5 de dezembro; confira as dicas de cobertura

Nesta edição, a avaliação internacional que acompanha o desempenho de estudantes de 15 anos em diversos países, entre eles o Brasil, focou em Matemática e Pensamento Criativo

28/11/2023
Marta Avancini

(Atualizado em 30/11/2023)

(Com apuração de Isabella Siqueira)

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) vai divulgar, no dia 5 de dezembro, os resultados do Pisa 2022, exame internacional realizado desde o ano 2000 em países da organização e parceiros, entre eles o Brasil.


O lançamento mundial será na sede da OCDE em Paris, às 11h - horário local (7h no horário de Brasília). A coletiva será transmitida em canal da OCDE.


No Brasil, o MEC (Ministério da Educação) fará uma coletiva de imprensa em Brasília no próprio dia 5 de dezembro, às 10h, para apresentar os resultados do Pisa. Haverá transmissão pela internet no canal do ministério,


Jornalistas interessados podem solicitar o relatório embargado em inglês. Para isso, é preciso enviar um e-mail para embargo@oecd.org. O relatório será enviado no dia 4 de dezembro (segunda-feira).


Para mais informações, contatar a assessoria de comunicação da OCDE através do email spencer.wilson@oecd.org.


A divulgação do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) é um dos eventos que mais mobilizam a cobertura de educação por causa do volume de dados divulgados e das possibilidades de análises e comparações.


A prova é realizada de três em três anos com estudantes na faixa dos 15 anos, a cada vez, enfocando uma área de conhecimento: Leitura, Matemática ou Ciências. Desde 2015, o Pisa também começou a avaliar competências consideradas relevantes para o século 21.

 
Em 2022, o foco foi em Matemática e no Pensamento Criativo, para avaliar até que ponto os estudantes desenvolvem ideias próprias, originais, não se limitando a reproduzir o que aprendem na escola. 


A matriz de referência da avaliação sobre Pensamento Criativo está disponível neste
documento, que inclui conteúdo programático, competências avaliadas e exemplos.


Confira as áreas do conhecimento e habilidades avaliadas a cada edição do Pisa:

2000: Leitura

2003: Matemática

2006: Ciências

2009: Leitura

2012: Matemática

2015: Ciências, Resolução de Problemas Cotidianos e Letramento Financeiro

2018: Leitura, Competências Globais e Letramento Financeiro

2022: Matemática e Pensamento Criativo


Embora o Pisa seja considerado um instrumento relevante para compreender o nível de aprendizagem, as desigualdades e fatores que influenciam no desempenho dos estudantes, existem
críticas ao fato de o exame ser utilizado como uma espécie de atestado da qualidade da educação de um país. 


Características do exame

O Pisa não é uma prova comum, que verifica se o estudante aprendeu ou não a matéria. Ele mapeia habilidades, isto é, como os estudantes extrapolam o que aprenderam na escola, aplicando o conhecimento em situações do dia a dia, no contexto do mundo contemporâneo.


Neste
vídeo, o diretor de Avaliação e Educação da OCDE, Andreas Schleicher, explica que o Pisa avalia “habilidades, atitudes e valores que são importantes para o futuro das crianças” alinhadas com as demandas da educação do século 21, segundo a visão da OCDE.


Importante:
 

 

  • Em todas as edições do Pisa, as três áreas são avaliadas, mas os estudantes respondem um número maior de questões sobre a área priorizada naquele ano e a divulgação desses resultados é mais aprofundada.

  • O conceito de habilidade está diretamente relacionado ao de competência (capacidade de mobilizar recursos, conhecimentos ou vivências para resolver questões da vida real, como pensamento crítico e empatia).

  • A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que serve de fundamento para os currículos das escolas, está estruturada em competência e habilidade, então o Pisa dialoga com as propostas curriculares brasileiras e pode ser relevante para compreender como está a aprendizagem dos estudantes brasileiros.

 


Escala

A escala do Pisa é dividida em 6 níveis de proficiência em todas as áreas avaliadas. A partir da pontuação, é possível identificar em qual nível o país está e as habilidades previstas.


A escala está relacionada à matriz da avaliação, que estabelece as habilidades esperadas. As faixas são definidas por uma pontuação, que é diferente em cada área.


Detalhe importante: esses parâmetros podem mudar de uma edição para outra do exame e sempre estão descritos detalhadamente nos relatórios do Pisa.


Por exemplo, na escala do Pisa 2018, em Leitura, no nível 2 , os estudantes conseguem entender o significado literal de frases ou passagens curtas; no nível 6 são capazes de interpretar o significado das nuances de linguagem.


Em Matemática, também para o Pisa 2018, no nível 5, eles são capazes de desenvolver modelos para situações complexas e trabalhar com eles, identificando restrições e especificando hipóteses.


A escala de Ciências define que, no nível 3, eles conseguem fazer distinção entre questões científicas e não científicas e identificar a evidência que apoia uma afirmação científica, para o Pisa 2018.


No
relatório Brasil no Pisa 2018 publicado em porutuguês pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) é possível consultar a descrição dos níveis de proficiência em Leitura (Quadro 10, página 74), Matemática (Quadro 15, página 112) e Ciências (Quadro 21, página 134).


Questionário socioeconômico

Além da prova, o Pisa inclui a aplicação de um questionário socioeconômico a estudantes e ao diretor de cada escola participante. No Pisa 2018, professores também participaram da pesquisa em 19 países, incluindo o Brasil.


As respostas aos questionários são analisadas com os resultados das provas, com isso é possível ter uma visão mais ampliada do desempenho dos estudantes, da escola e do sistema educacional.


Seleção dos estudantes

A OCDE definiu, para todos os países participantes, que a amostra deve ser composta por adolescentes de entre 15 anos e 3 meses (completos) e 16 anos e 2 meses (completos) no início do período de aplicação da avaliação. Eles devem estar matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental.


A definição da idade como critério (e não por ano/série) permite uniformizar o público avaliado, estabelecendo um parâmetro mais estável para uma avaliação internacional, permitindo comparar o desempenho de estudantes nascidos no mesmo ano


Além disso, a idade de 15 anos foi escolhida pelo Pisa porque, em boa parte dos países, é a faixa etária em que termina a escolaridade básica obrigatória. Mas no Brasil é diferente: a educação básica inclui o ensino médio e é obrigatório frequentar a escola dos 4 aos 17 anos (
Emenda Constitucional 59).

 

O Pisa 2022 no mundo e no Brasil
O calendário original do Pisa previa uma prova em 2021. Mas, por causa da pandemia de covid-19, ela foi adiada para 2022. Pelo mesmo motivo, a edição prevista para 2024 acontecerá em 2025. Os resultados sempre são divulgados no ano seguinte à aplicação.


Cerca de meio milhão de estudantes de 81 países (dos quais 37 pertencem à OCDE) participaram do Pisa 2022. A OCDE disponibiliza a
lista completa de países.


No Brasil, cerca de
14 mil estudantes, matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental, fizeram as provas do Pisa em 2022. Elas foram aplicadas em formato eletrônico, com coordenação do Inep. 


Foram selecionadas 606 escolas de 420 municípios nas 27 Unidades da Federação, seguindo critérios de representatividade para o universo de escolas e estudantes.


Desempenho do Brasil

O Brasil participa do Pisa desde a primeira edição em 2000 e há relatórios em inglês e em português, produzidos pelo Inep, com informações desde a primeira aplicação.


Uma boa fonte para se preparar para a cobertura é o Country Note (ou Nota sobre o País, em português) do Brasil. A OCDE produz este documento com os principais dados para todos os países. O Country Note do Brasil de 2018 pode ser consultado em 
inglês e português


Como a série histórica está disponível, nas reportagens é possível abordar a evolução do país ao longo do tempo, tanto na área de conhecimento em foco, como nas demais. Também é possível contextualizar o país em relação a outros que participaram do exame. 


Compilação do desempenho do Brasil no Pisa desde 2000


Matemática
(os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)

 

2003: 356

2006: 370

2009: 386

2012: 389

2015: 377

2018: 384

Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 13, página 109).

 

  • Em 2018, a média dos estudantes brasileiros em Matemática foi de 384 pontos - 108 pontos abaixo da média dos estudantes dos países da OCDE (492), segundo o Relatório Brasil no Pisa 2018.

  • A série histórica mostra que a média de proficiência do Brasil em Matemática melhorou entre 2003 e 2018, porém o crescimento foi mais intenso até 2009. Desde então, a média de proficiência em Matemática oscila em torno de 385 pontos.

  • A maioria dos estudantes brasileiros está no nível 1 de proficiência ou abaixo dele (68,1%). Na média da OCDE, são 23,9%.

  • Cerca de 31,8% dos estudantes brasileiros alcançaram o nível 2 ou acima em Matemática, contra 76,0% dos estudantes dos países da OCDE. O nível 2 é considerado básico.

  • Aproximadamente 1% dos estudantes brasileiros atingiram o nível 5 ou acima em Matemática. A média da OCDE foi de 11%.

  • É importante notar a diferença de proficiência entre as redes: na rede estadual, foi 374 e na municipal, 314. Na rede particular, a média foi 473 e nas escolas federais, 469.

  • Há uma diferença relevante de desempenho dependendo da região: cerca de 40% dos estudantes do Sul e 36% do Centro-Oeste e Sudeste encontram-se no nível 2 ou acima. No Norte e Nordeste, o percentual é de cerca de 24%.


Leitura
(os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)

 

2000: 396

2003: 403

2006: 393

2009: 412

2012: 407

2015: 407

2018: 413

Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 6, página 77).

 

  • A média dos países da OCDE nos últimos dois exames, 2015 e 2018, em Leitura foi, respectivamente, 493 e 487, acima daquela obtida pelo Brasil.

  • Em 2018, o Brasil teve a maior pontuação em Leitura na série histórica, com 6 pontos de diferença em relação à edição de 2015. Mas essa diferença não seja estatisticamente significativa. 

  • Em 2018, o percentual de estudantes no nível 6 na média da OCDE é de 1,3%, enquanto que no Brasil, são apenas 0,2%.

  • Em contrapartida, no nível 1, as porcentagem de estudantes são 15% na média da OCDE e 26,7% no Brasil.

  • Cerca de 50% dos estudantes brasileiros alcançaram o Nível 2 ou acima em letramento em Leitura, contrastando com 77,4% dos estudantes dos países da OCDE.



Ciências
(a partir de 2006, primeiro ano em a área foi avaliada; os anos em negrito indicam quando a área foi foco do Pisa)

2006: 390

2009: 405

2012: 402

2015: 401

2018: 404

Fonte: Inep/MEC. Relatório Brasil no Pisa 2018 (Tabela 20, página 132).

 

  • A média em Ciências nos países da OCDE nos últimos dois exames, 2015 e 2018 foi 493 e 489, respectivamente.

  • Embora a média de proficiência do Brasil tenha aumentado ligeiramente, de 401 em 2015 para 404 em 2018, a diferença não é estatisticamente significativa. 

  • Verifica-se que a média de proficiência do Brasil em Ciências melhorou entre 2006 e 2009 e, desde então, vem oscilando em torno de 400 pontos.


Confira o
material do MEC (Ministério da Educação) sobre o lançamento dos resultados do Pisa 2018. 


Os principais resultados do Pisa 2018 podem ser conferidos nesta
matéria da Jeduca. 


Dicas de cobertura

Rankings

Muitas reportagens utilizam somente a média de proficiência dos países e se centram nos rankings, indicando quais tiveram melhor ou pior desempenho, mas é possível (e recomendável) ir além. Algumas sugestões:

  • Embora os rankings possam ser úteis para desenhar um cenário, é preciso tomar cuidado e evitar conclusões precipitadas, pois o Pisa é uma avaliação amostral e por isso os cálculos são feitos considerando uma margem de erro.

  • Por isso, a diferença de posição entre dois países num ranking pode ser apenas em função da margem de erro, não pode causa de uma diferença significativa de pontuação. Nesse caso, a diferença de resultados entre dois países, de tão pequena, pode não ser real.

  • Outra dica é tomar cuidado ao lidar com os sistemas educacionais que têm alto desempenho no Pisa. O resultado obtido por um país no exame é consequência de suas políticas educacionais, por isso é preciso cuidado ao estabelecer relações de causa e efeito e extrair “lições” ou “receitas” a partir dos resultados.


Essas orientações podem ser conferidas com mais detalhes em um webinário realizado pela Jeduca em 2016, no contexto da divulgação dos resultados do Pisa 2015. Assista ao
vídeo e leia a matéria.


Comparações

A jornalista Carolina Moreno e o economista Ernesto Faria dão várias dicas de como analisar os dados do Pisa sem se limitar aos rankings. Algumas delas são:

 

  • Pesquise com antecedência os resultados do Brasil e de outros países nas edições anteriores do Pisa, para ter uma noção geral do cenário e da evolução de cada país.

  • Uma boa estratégia para fazer comparações é, então, utilizar a série histórica de um país. Ou fazer comparações entre países com característis semelhantes.

  • Vale analisar a média do Brasil em relação à média da OCDE e também de países da América Latina ou que tenham características semelhantes. É preciso cuidado para comparar o Brasil com países de alto desempenho,  pois o nível socioeconômico dos estudantes, as características culturais e do sistema educacional são diferentes.

  • Mas é possível fazer comparações dos resultados de países diferentes, considerando a mesma faixa de nível socioeconômico - por exemplo, existem escolas com perfil de alunos de alto ou baixo nível socioeconômico em todos os países. Será que o nível de desempenho é semelhante?

 

Assista ao vídeo e leia a matéria:



 

Mais fontes e materiais:

Resultados do Brasil no Pisa de 2000 a 2018 (site do Inep).

Resultados gerais do Pisa 2018 (site da OCDE).

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