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Tiago Queiroz/Jeduca
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"Enxugamento" das redações colabora para a ausência de cobertura eleitoral no interior

Jornalistas de veículos locais falam sobre os desafios de incluir a pauta da educação na cobertura das campanhas eleitorais, em mesa do #Jeduca2024

05/09/2024
Fábia Medeiros/Oboré Projetos Especiais*

(Com edição de Anelize Moreira)

“Hoje o maior desafio na cobertura eleitoral é o enxugamento das redações locais. Existem diversos municípios com problemas na pauta de educação, mas que não são cobertos por falta de pessoal”, destaca Fabiana Pulcineli do jornal goiano O Popular. Ela destacou as dificuldades enfrentadas por profissionais da imprensa no interior do país durante o debate “Jornalismo local e a cobertura de eleições”, tema abordado no último dia (3/9) do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, no Teatro Fecap, em São Paulo. 

Participaram da mesa os jornalistas Cley Medeiros, do veículo A Crítica (AM), Jéssica Senra, apresentadora da TV Bahia (BA) e Mirella Araújo do Jornal do Commercio (PE). A mediação foi conduzida por Jéssica Welma, editora de Política no Diário do Nordeste e TV Diário, no Ceará. 

 

As inscrições para a versão online do #Jeduca2024, com a possibilidade de emissão de certificado até 4/10, seguem abertas aqui.


Fabiana Pulcineli lamenta que a cobertura das eleições 2024 se concentre apenas na capital goiana e na região metropolitana."Nas eleições de 2012 eram realizadas sabatinas com os principais candidatos do interior de Goiás, os repórteres iam até as cidades conhecer os planos de governo. Hoje não há mais condições de fazer isso, a cobertura era relevante, porque existem problemas muito graves nessas cidades do interior. Hoje cobrimos Goiânia, região metropolitana, mesmo assim com dificuldade de fazer um bom diagnóstico da área de educação, por exemplo". 
Ela contou sobre uma iniciativa inovadora do jornal O Popular em parceria com a ONG Todos pela Educação, que realizou sabatinas exclusivas focadas na pauta de educação entre os candidatos a prefeitos em Goiânia no pleito de 2020. 


Desertos de notícias

Cley Medeiros é de Manaus e conhece bem os desafios que envolvem cobrir a região amazônica, entre eles, estão a dificuldade de acesso, a questão salarial, a violência de gênero e os perfis de redes sociais ligados a grupos políticos. “Este conjunto de fatores inevitavelmente contribuem para a instalação de um deserto de notícias”, diz.  

 

Uma questão levantada por Medeiros é que embora a Amazônia, assim como outras regiões brasileiras, tenha uma cobertura jornalística focada no nível municipal, elas é impactada pela nacionalização dos debates centrados no eixo Rio-São Paulo - o que torna quase inevitável a desvalorização das pautas locais, contribuindo para o esvaziamento de notícias que refletem diretamente a vida das comunidades. 

 

A desinformação está ligada ao deserto de notícias, porque em locais onde não há cobertura da imprensa há espaço para o aumento do consumo de notícias falsas que circulam nas redes sociais. O repórter especial de meio ambiente e clima do Portal A Crítica comentou que uma das formas de combater a informação é tornar o jornalismo cada vez mais acessível ao público. 

 

“Estamos dentro de um círculo de consumo de notícias e para além de entender que trazemos um certo tipo e conteúdo baseado em dados, temos que fazer com que essa linguagem seja mais acessível. Vemos o debate político repleto de declarações absurdas e  como jornalistas não conseguimos contrapor isso no mesmo nível”.

 

Durante a apresentação, ele compartilhou a sua experiência como editor de conteúdo do canal Mídia Ninja e que veículos independentes têm tido o papel de engajamento e de disseminação de notícias que podem ser um caminho para enfrentar o deserto de notícias. “Eu tenho visto cada vez mais as pessoas estão interessadas em se aproximar daquelas mídias que partilham os mesmos valores, então quando há essa identificação começamos acabar com os desertos de notícias”, conclui.

 

Na visão da jornalista da TV Bahia, Jéssica Senra, para se assegurar um cenário minimamente democrático não se deve tomar partido de nenhum lado das correntes políticas. É necessário que existam jornalistas isentos para garantir qualidade do debate, “Ter jornalistas desinteressados politicamente no sentido da política partidária nos garante a qualidade de legítimos representantes da população”, destaca.

 

A jornalista reconhece os avanços das redes sociais na democratização da informação, no entanto acredita que o público está mais exposto a informações distorcidas, manipuladas ou politicamente enviesadas, “Muitas vezes as redes sociais não conseguem realmente informar as pessoas. E aí que eu reforço mais uma vez a importância do nosso trabalho de jornalistas como um antídoto para desinformação”, reflete Senra.

 

Mirella Araújo retratou sua trajetória em coberturas de pautas eleitorais nos anos 2020 e 2022, atualmente escreve sobre educação no Jornal do Commercio. Araújo apresentou um estudo realizado pelo Jornal do Commercio intitulado de “Desafios do Recife”, nele constam as pautas demandadas pela população: cultura, Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), educação e políticas. A intenção do projeto é dialogar com o programa de governo de cada candidato ou candidata que está disputando o pleito municipal e não confrontar com gestão atual, “Temos a preocupação de não personificar, mas ressaltar apenas o que precisa estar no radar dos candidatos”, explica.

 

Para saber mais sobre cobertura da educação nas eleições municipais baixe publicação da Jeduca, em parceria com Editora Moderna e Fundação Santillana, que oferece subsídios para a cobertura do tema.

 

Confira a mesa completa aqui:


 

O 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca contou com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Lemann e Instituto Sonho Grande, patrocínio ouro de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura, Santillana Educação e Imaginable Futures e apoio da Fecap, Canal Futura, Colégio Rio Branco e Loures Consultoria. O evento contou também com o apoio institucional da Abraji (Associação de Jornalismo Investigativo), Abej (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Coalização em Defesa do Jornalismo, Instituto Palavra Aberta, Jornalistas&Cia e Unesco Mil Alliance.


*A cobertura oficial do 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da Editoria Pública e da equipe de Comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação)
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