Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.
OK
A associação
Notícias
Guias
Congressos
Dados educacionais
Edital
Editora pública
Banco de fontes
CONTATO
ASSOCIE-SE
LOGIN ASSOCIADO
Valter Campanato/Agência Brasil
Outros

Miniguia de cobertura sobre o Enem detalha como a prova é elaborada

Entre outros tópicos e dicas para reportagens, material inclui fontes de dados e informações sobre o principal meio de ingresso na educação superior no país

07/11/2023
Marta Avancini

(Atualizado em 12/11/2023)

(Com apuração de Isabella Siqueira)

 

A  aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é um dos assuntos que mais mobilizam a cobertura de educação. Afinal, o exame é o principal meio de acesso à educação superior no país, mexendo com a vida de 3 milhões de estudantes, famílias e boa parte da cadeia do sistema educacional.

 

A primeira prova do Enem 2023, foi realizada no domingo 5/11, e a segunda no dia 12 de novembro.Como acontece todos os anos, no primeiro dia são realizadas as provas de linguagens (língua portuguesa, língua estrangeira, literatura), ciências humanas e a redação. No segundo, são as provas de matemática e ciências da natureza. Este vídeo do MEC detalha a estrutura do Enem.

 

Para contribuir para a cobertura, a Jeduca reuniu alguns dados e documentos que podem ser úteis para os jornalistas. Entre os pontos enfocados estão a elaboração da prova do Enem, alvo de polêmica por conta de questões consideradas ideológicas.

 

A prova

O Enem adota uma metodologia de avaliação baseada na TRI (Teoria de Resposta ao Item), que consiste em um conjunto de modelos matemáticos que representam a probabilidade de um candidato responder corretamente uma questão, o seu conhecimento da área e as características das questões da prova.

 

A nota no Enem, portanto, não é a soma da quantidade de questões certas. E dois candidatos que tiverem o mesmo número de acertos não necessariamente terão a mesma pontuação. Isso acontece porque, além do número de acertos, o cálculo leva em conta o tipo de questão correta (fácil, média ou difícil).

 

As questões do Enem são elaboradas por especialistas selecionados por meio de chamada pública do Inep, segundo uma matriz de referência e um guia de elaboração. Todo o processo passa por revisão.

 

Os itens, outro nome dado às questões, são pré-testados em escolas de forma sigilosa e sem que os estudantes saibam que estão respondendo possíveis questões do Enem. É assim que se avalia o grau de dificuldade, a precisão dos enunciados e a probabilidade de acerto. Após ser aprovado, o item passa a compor o Banco Nacional de Itens para ser usado no Enem.

 

No Enem 2023, três questões sobre o agronegócio na região Centro-Oeste, o desmatamento da Amazônia e o uso de agrotóxicos foram consideradas “ideológicas” pela bancada ruralista no Congresso Nacional e, por isso, reivindicam publicamente a anulação dos itens. 

 

Entre outras entidades, a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) divulgou nota pedindo o posicionamento do governo. Os deputados falam em convocar o ministro da Educação, Camilo Santana, para explicações.

 

O caso repercutiu na imprensa e nas redes, gerando posicionamentos a favor e contra, como se vê no Canal Meio e  nesta coluna da rádio Nova Brasil FM, por exemplo.

 

A seleção das questões que compõem a prova do Enem se dá segundo critérios técnicos. Elas são escolhidas no banco de itens por técnicos do Inep em conjunto com professores da educação básica e superior, respeitando a matriz de habilidades e competências de cada área avaliada, a atualidade dos temas e parâmetros psicométricos (medidas de processos mentais). O processo é validado por uma comissão assessora e não passa por aprovação do ministro da Educação ou da direção do Inep.

 

Em nota enviada à imprensa, por conta da polêmica, o Inep informou que os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do Banco Nacional de Itens; leia no Estadão e na  Folha.

 

Durante o governo Bolsonaro, a prova do Enem também foi objeto de polêmica: em 2021, surgiram denúncias de questões suprimidas da prova, o que levou 37 servidores do Inep a pedirem exoneração.

 

O site do MEC disponibiliza as provas e os gabaritos do Enem desde 1998, primeiro ano em que foi realizado. Acesse aqui.

 

O Inep possui um guia do participante do Enem que explica o funcionamento da TRI, que pode ser consultado aqui.

 

A redação é uma parte importante e sua correção também possui uma série de especificidades, detalhadas na Cartilha da Redação do Enem 2023. Consulte aqui.

 

Banco de questões

Um dos problemas envolvendo o Enem, já há alguns anos, é o baixo número de questões disponíveis no banco de ítens.


Nesta edição do exame, uma questão de matemática sobre a gripe H1N1 foi anulada porque já havia sido usada no Enem PPL, aplicação para pessoas privadas de liberdade, em 2010. Ou seja, além de repetida, a questão está há pelo menos 13 anos no banco de itens, o que é coerente com as informaçõess sobre a falta de itens disponíveis para elaborar a prova do Enem.


A prova de 2023 também continha outra questão repetida, já usada no vestibular da UEG (Universidade Estadual de Goiás), mas esta não foi anulada peleo Inep.

 

Na coletiva de imprensa após o segundo dia de aplicação do Enem 2023, o presidente do Inep, Manuel Palacios, anunciou que será aberto um edital para selecionar novos professores e especialistas para elaborar itens para o Enem. A última seleção foi realizada em 2020. Vale ficar atento a esse processo.


Enem 2024

De acordo com o presidente do Inep, o Enem 2024 terá as mesmas características da prova atual.


Mudanças, provavelmente, só em 2025, após o processo de adequação do Enem à BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e do debate sobre o exame no contexto da elaboração do novo PNE (Plano Nacional de Educação) - o que deverá ocorrer no primeiro semestre de 2024.

Este é outro tópico relevante, que merece ser acompanhado, e que deverá se dar num contexto mais amplo de reformulação do ensino médio, com a tramitação do Projeto de Lei 5.230/2023, enviado pelo governo à Câmara dos Deputados no final de outubro.

Replicação

Um dos problemas envolvendo o Enem 2023 foi alocação de estudantes em locais de aplicação mais distantes do 30 quilômetros da residência por erro da empresa responsável pela realização do exame.


Esses candidatos - e outros que nçao puderam fazer a prova por motivo de doença ou de logística (por exemplo, falta de energia) têm direito a pedir reaplicação entre 13 e 17 de novembro.

A reaplicação será nos dias 12 e 13 de dezembro, junto com o Enem PPL.

 

Logística e segurança

A aplicação do Enem envolve uma complexa logística. Em 2023, são 9.399 locais de prova e 132.456 salas de aplicação, em 1.750 municípios, nas 27 unidades da Federação.  

 

O Inep divulga informações detalhadas por estado e município, o que pode ser útil para os repórteres de veículos que estão nessa cobertura. Consulte aqui e aqui.

 

No primeiro dia de aplicação do Enem, imagens da prova foram publicadas na internet três horas antes do permitido, o que levou a uma investigação da Polícia Federal por suspeita de vazamento, noticiou O Globo. Oito pessoas foram identificadas por envolvimento na divulgação dessas imagens.


No segundo dia de aplicação, houve novamente publicação de imagens da prova antes do horário permitido (por volta de 17h), informou o ministro Camilo Santana na coletiva de imprensa realizada após o encerramento do exame. 

 

O MEC e o Inep descartam a possibilidade de vazamento, já que, nas duas vezes, quando as imagens circularam depois que os candidatos já estavam nas salas fazendo a prova, portanto não teria havido chance de alguém ser beneficiado.

 

No entanto, com o avanço da tecnologia, a segurança de uma prova de dimensão nacional como o Enem, é um tema que merece atenção. 

 

Em 2022, 30 pessoas foram presas durante a aplicação do Enem em operação da Polícia Federal para evitar fraudes.

 

Saiba mais sobre a segurança do Enem aqui.

 

Inscrições

Este ano, são 3.933.992 participantes confirmados - aumento de 13,1% em relação a 2022 (3.476.226). O número representa o segundo aumento seguido, depois da queda do número de inscritos em 2021, durante a pandemia de covid-19 e o governo Bolsonaro. 

 

Apesar do aumento dos inscritos este ano, o número ainda está distante da marca de 2014, cerca de 8,7 milhões de candidatos. Mas ao fazer esta comparação é importante lembrar que naquela época, o Enem tinha uma dupla função: meio de ingresso na educação superior e certificação de conclusão do ensino médio, o que explica tantos inscritos. 

 

Isso mudou em 2017, quando o certificado de conclusão do ensino médio passou a ser obtido por meio do Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos), o que ajuda a entender porque há menos candidatos nos anos recentes.

 

Assim, um bom parâmetro para acompanhar a adesão dos jovens ao Enem, é ter em mente os números de inscritos a partir de 2018.

 

Esta informação e outros dados de perfil dos candidatos (número de inscrições por região, unidade da federação, faixa etária, gratuidade da taxa de inscrição, recursos de acessibilidade, entre outros) podem ser consultados nos press kits de cada ano de aplicação, disponíveis no site do Inep.

 

A seguir, o número de inscritos no Enem, extraídos dos press kits:

 

2018: 5.513.762

 

2019: 5.095.388

 

2020: 5.825.369

 

2021: 3.109.800

 

2022: 3.476.226

 

2023: 3.933.992

 

Perfil dos inscritos

Os dados divulgados pelo Inep permitem identificar diversos tipos de características dos candidatos: gênero, raça/etnia, faixa etária e participação de pessoas com deficiência são algumas delas e podem ser boas fontes de matéria.

 

Há também dados por unidade da federação e município, o que pode ser relevante para os veículos locais.


O Inep não disponibiliza informações sobre o tipo de escola de origem do candidato (pública ou privada), mas divulga a quantidade de candidatos que conseguiram a gratuidade, o que permite inferir se o exame está atraindo mais ou menos estudantes e pessoas de níveis socioeconômicos mais baixos da população. Quanto maior o número de gratuidades, mais “inclusivo” é o exame. 

 

Têm direito à gratuidade: 

 

  • Estudante matriculados na 3ª série do ensino médio no ano em que fizer o Enem.

  • Pessoas que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em escola privada.

  • Pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, membros de família de baixa renda com registro no CadÚnico (o cadastro único para programas sociais do governo federal).


Em 2023, 63% dos inscritos tiveram a gratuidade da taxa de inscrição (2.481.562) - 33,4% (1.315.006) com declaração de carência aceita e 29,6% (1.166.556) com inscrição gratuita. Os pagantes são 37% (1.452.430).

 

Confira os números de anos anteriores:


2018: 63,8% com gratuidade - 38,9% (2.146.405) com declaração de carência aceita e 24,9% (1.374.777) com inscrição gratuita.

 

2019: 58,5% - 38,2% (1.950.463) com declaração de carência aceita e 20,2% (1.030.039) com inscrição gratuita.

 

2020: 82,6% - 60,3% (3.576.197) com declaração de carência aceita e  22,3% (1.300.399) com inscrição gratuita.

 

2021: 55,4% - 26,4% (803.671) com declaração de carência aceita e 29% (883.547) com inscrição gratuita.

 

2022: 57% - 25,9% (901.219) com declaração de carência aceita e 31,1% (1.082.327) com inscrição gratuita.

 

Para informações sobre o perfil, acesse aqui.

 

Abstenção

Em entrevista coletiva após o primeiro dia de aplicação do Enem, o MEC divulgou que a taxa de abstenção foi de 28,1% (considerando 98% dos dados operacionais).  Assista à coletiva realizada depois do primeiro dia do Enem 2023 neste vídeo.

No segundo dia, a abstenção foi de 32%. O vídeo da coletiva está disponível aqui.


As taxas estão na média histórica do Enem, porém o ministro Camilo Santana anunciou que a partir de 2024 pretende implementar ações para atrair mais jovens para fazer o Enem e para diminuir a abstenção: uma ideia é atrair um número maior de concluintes do ensino médio para se inscreverem e fazerem o exame, por meio de articulação com as secretarias estaduais e municpais de educação.

A quantidade de concluintes do ensino médio que fazem o Enem varia muito entre as unidades da federação. Em 2022, a porcentagem oscilou de 83,1% no Ceará a 32,1% na Bahia.  A informação foi divulgada na apresentação do Censo da Educação Superior 2022, realilzada pelo Inep em outubro (slide 25 da apresentação à imprensa).

 

No slide 24 da mesma apresentação é possível identificar A divulgação do Censo da Educação Superior 2022, em outubro, incluiu um slide com o número de estudantes que fizeram o Enem, descontada a taxa de abstenção, desde 1998, quando o exame foi criado. Veja o slide 24, O Enem e a perspectiva de ingresso na educação superior, da apresentação à imprensa.

 

Outra ideia que está sendo estudada para atrair mais estudantes é deixar de cobrar a taxa de inscrição para o Enem, conforme declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 

Este miniguia da Jeduca traz dicas de cobertura do Enem contemplando a diversidade.

 

Acessibilidade

O Inep divulga, no press kit, dados detalhados sobre os pedidos de recurso de acessibilidade, o que possibilita pautas sobre o perfil dos candidatos com deficiência que fazem o Enem. É possível saber o tipo de recurso de acessibilidade solicitado e os tipos de deficiência dos candidatos que solicitam este serviço.

 

Mais subsídios:

 

Press kit do Enem 2023.

 

Página geral sobre o Enem.

 

Painéis do Inep com dados sobre o Enem.

 

Histórico do Enem.


Press kit de anos anteriores.

#inep #enem2023 #avalicao #enem #acessoeducacaosuperior #abstencao #mec

PARCEIROS FINANCIADORES
PARCEIROS INSTITUCIONAIS
ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS DE EDUCAÇÃO