(Com edição de Anelize Moreira/Oboré Projetos Especiais*)
“Há algo errado no ensino médio. É a etapa de maior evasão escolar”, declarou Camilo Santana, durante entrevista que marcou a abertura do segundo dia do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca. Nesse sentido, informou que pretende enviar para a Câmara dos Deputados um projeto de lei com o objetivo de reduzir a evasão escolar.
“É uma espécie de bolsa para o ensino médio, uma forma de auxílio para ajudar na permanência, a partir de experiências internacionais e também do Brasil”. Santana declarou ainda que se o país pagasse para o aluno ficar na escola, sairia mais barato. E que isto é mais efetivo “do que depois ficar corrigindo distorções sociais e econômicas, que é o que a gente está enfrentando neste país”.
A entrevista foi mediada por Renata Cafardo, presidente da Jeduca e repórter especial do Estadão, Paulo Saldaña, repórter da Folha de S.Paulo, Sara Rebeca Aguiar, colunista de O Povo (CE), e Ariel Bentes, jornalista freelancer de Manaus (AM).
É possivel fazer a inscrição para assistir às mesas gravadas, com emissão de certificado até o dia 20/10. Inscreva-se aqui.
Ele também afirmou que o projeto de lei sobre as modificações no Novo Ensino Médio está pronto. “Será entregue à Casa Civil e estou aguardando o presidente Lula voltar [da viagem aos Estados Unidos] para apresentar as mudanças”. A expectativa de Santana é que o projeto seja encaminhado ao Congresso Nacional até o fim de setembro, mas afirmou que as alterações no ensino médio não devem ser implementadas em 2024.
Entre as mudanças citadas pelo ministro, estão medidas já foram anunciadas como o aumento da carga horária da formação geral para 2.400 horas e o fortalecimento do ensino técnico. “É uma das melhores opções para o ensino médio, é garantir não só uma escola em tempo integral, mas a capacitação, a formação desses jovens”, destacou Santana. O exemplo citado pelo ministro foi o do estado do Piauí, que possui o maior percentual de alunos no ensino técnico do Brasil.
Outra mudança incluída no texto do projeto de lei, segundo o ministro, diz respeito aos itinerários formativos, que serão transformados em percursos, mais restritos em termos de quantidade, e definidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
Sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), principal meio de acesso ao ensino superior no Brasil, o ministro deu indicativos que ele não será alterado pelo menos até 2024. “Nós não vamos mudar o Enem agora. Vamos deixar essa discussão dentro do novo PNE [Plano Nacional de Educação] que está sendo elaborado”.
Diante da necessidade de melhorar os índices de alfabetização, que tiveram uma piora durante e após a pandemia, Camilo Santana destacou o papel das políticas públicas pensadas para os primeiros anos do ensino fundamental como parte de um projeto maior que pode impactar positivamente os anos seguintes de aprendizado.
“Se a gente não tem um ensino fundamental bom, a gente acaba comprometendo o interesse do aluno no ensino médio”. Apesar disso, não mencionou estratégias que atingem, especificamente, os alunos dos anos finais do fundamental.
Camilo Santana também apontou o papel do jornalismo de educação na produção de reportagens críticas e que destacam as melhorias que são necessárias. “É por isso que eu vim aqui hoje, para dizer que o papel de vocês [jornalistas] é fundamental para a consolidação e garantia da redução das desigualdades neste país”.
Assista o resumo da entrevista do ministro Camilo Santana durante o 7º Congresso da Jeduca:
Assista à entrevista do ministro Santana na íntegra:
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca conta com o patrocínio master de Fundação Itaú, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e YouTube, patrocínio ouro de Fundação Lemann, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Sonho Grande e Instituto Unibanco, patrocínio prata de Instituto Península e Santillana Educação, apoio do Instituto Ibirapitanga, Fecap, Canal Futura, Colégio Rio BrancoConsulados dos EUA no Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Loures Consultoria e apoio institucional da Abraji, Ajor, Unesco MIL Alliance, Énois, Jornalistas&Cia, Instituto Palavra Aberta e Núcleo Jornalismo.
* A cobertura oficial do 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação foi realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da editoria pública e da equipe de comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação