“Alguns políticos veem isso como uma ferramenta efetiva para ganhar votos”, explicou Kalyn Belsha, repórter de educação do site Chalkbeat referindo-se ao movimento Don’t say gay, que proíbe que os direitos LGBTQIA+ sejam abordados em escolas dos Estados Unidos em mesa do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação.
Para ela, há uma relação clara entre esse comportamento dos políticos e as ideias defendidas pelo ex-presidente Donald Trump: “Ele deflagrou o que está acontecendo agora. Senadores que o apoiam estão continuando o trabalho iniciado por ele”.
Durante sua conversa com Mariana Tokarnia, repórter da Agência Brasil e vice-presidente da Jeduca, e Josué Ferreira, assessor de comunicação em Respostas a Crises Humanitárias na World Vision Internacional (Visão Mundial Internacional) no Brasil, a jornalista norte-americana trouxe detalhes de como as novas leis sobre gênero e sexualidade em alguns estados dos Estados Unidos - entre eles a Flórida - estão afetando estudantes e professores, além de falar os desafios na cobertura do tema.
Segundo a jornalista, a lei impacta os ensinos de história e de saúde para crianças e adolescentes, além de ultrapassar a escola em si.
“Os professores e alunos estão tentando navegar nisso, entender o que podem fazer”, relatou. “Geralmente, os alunos se sentem menos acolhidos do que se sentiam antes”. Ainda faltam estudos nacionais que considerem esta população em seus levantamentos, principalmente quanto a dados na educação.
Contudo, a jornalista já percebe a diferença nas entrevistas que realiza com os estudantes. “Os alunos, é importante conversar com eles. Dão essa visão do que foi antes e depois”, contou. Em relação aos professores, destacou as ameaças embutidas nas leis estaduais, inclusive de revogação da licença para dar aulas.
Cuidados na cobertura
Ela explicou alguns cuidados que toma ao entrevistar profissionais da educação. “Não uso meios oficiais. Uso as redes sociais, pergunto o contato para pessoas que conhecem eles, e não uso a escola”, diz Kalyn Belsha.
Além disso, Kalyn sempre escreve uma longa explicação sobre quem é, como atua no jornalismo, matérias que já fez e como protege as informações dos alunos. Ela acompanha guias e grupos de jornalistas focados nos direitos LGBTQIA + e ressaltou a importância de desenvolver a confiança com os entrevistados. A jornalista considera suas fontes sensíveis, e inclusive mostra perguntas básicas da entrevista com antecedência, para prepará-los para a conversa. “Tento ser transparente sobre essa história, o que vou contar”.
Confira a íntegra do papo no vídeo abaixo:
O 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca conta com o patrocínio master de Itaú Educação e Trabalho e Instituto Educbank, patrocínio de Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Península, Instituto Unibanco, Itaú Social e Santillana Educação, XP Educação e apoio da Fecap, Canal Futura/Fundação Roberto Marinho, Colégio Rio Branco, Loures Consultoria e Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil.
* Edição: Anelize Moreira
A cobertura oficial do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação é realizada por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, da OBORÉ. A equipe opera sob coordenação do Conselho de Orientação Profissional e do núcleo coordenador do Projeto, com o apoio da editoria pública e da equipe de comunicação da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).