As principais avaliações e indicadores, responsáveis pelo monitoramento das políticas e da qualidade da educação no país, estão passando por revisão em 2022.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) encerra o ciclo iniciado em 2007 neste ano. Já o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) serão adequados aos novos currículos da educação básica.
Com base neste cenário, a jornalista Renata Cafardo ofereceu o curso “Avaliações da educação: o que pode mudar a partir de 2023?”, nos dias 6 e 7 de junho, que faz parte da série “Jornalismo de educação e as eleições de 2022”, composta por cinco minicursos.
Além das avaliações, o impacto do atraso histórico da educação brasileira nos desafios do presente foi tema do curso ministrado pelo jornalista Antônio Gois. O minicurso pode ser assistido na íntegra aqui e aqui.
Até agosto, serão oferecidos mais três cursos sobre as cotas para acesso ao ensino superior, a educação nos programas de governo e fact-checking e o Novo Ensino Médio. A programação completa pode ser conferida aqui.
A seguir, apresentamos alguns pontos analisados no minicurso “Avaliações da educação: o que pode mudar a partir de 2023?”, que podem render pautas durante a cobertura das eleições.
O papel das avaliações e indicadores
É importante que os jornalistas conheçam esses instrumentos e compreendam a finalidade de cada um.
O Saeb é uma avaliação da aprendizagem aplicada a cada dois anos para estudantes do 5.º e 9.º anos do ensino fundamental e 3.º ano do ensino médio desde os anos 1990. A metodologia adotada é a mesma desde 1995, o que permite comparar os resultados ao longo dos anos, além de identificar os avanços e desafios ao longo do tempo.
Combinados com as taxas de aprovação, os resultados do Saeb compõem o Ideb, que se tornou a principal referência para medir a qualidade da educação básica. Além de atribuir uma classificação às escolas, redes municipais, estaduais e privadas, o Ideb está vinculado a um sistema de metas que servem de parâmetro de qualidade.
O Enem é uma avaliação individual criada no final dos anos 1990, que começou a ser usado como parte da pontuação em alguns vestibulares. Em 2009, foi transformado no mecanismo de ingresso nas universidades e institutos federais, ganhando escala e importância.
Por conta dessas características e do volume de dados e informações produzidos, esses instrumentos tornaram a educação mais mensurável, ampliando as possibilidades de acompanhamento das políticas públicas na área. Para o jornalismo, representou a ampliação do leque de pautas e o aprofundamento do olhar sobre questões-chaves (aprendizagem, aprovação/reprovação, abandono e evasão etc.).
As mudanças
No atual cenário, um dos principais pontos de atenção da imprensa é acompanhar o andamento das discussões em torno das mudanças do Saeb, Enem e Ideb.
Embora este seja um processo que precisa se dar com certa rapidez, ainda não há um posicionamento oficial por parte do MEC (Ministério da Educação) sobre esses trabalhos. Assim, vale ficar atento e acompanhar se há grupos de discussão em funcionamento, se há reuniões programadas e, sempre que possível, tentar mapear os tópicos em debate.
E, mesmo que ainda não haja grupos oficialmente instalados, é possível mapear, junto a pesquisadores e especialistas em avaliação, os pontos que merecem atenção. O que as avaliações permitiram em termos de avanço da qualidade da educação básica? O que elas revelam e o que elas não revelam? Quais são as adequações que elas precisam sofrer para se adequarem ao atual contexto social? Por exemplo, alguns especialistas defendem que o Ideb precisa incorporar variáveis que meçam desigualdade.
Como foi discutido no curso, as alterações que precisam ser feitas no Saeb e no Enem são complexas. No caso do Saeb, é necessário haver um alinhamento com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Já o Enem precisa se alinhar ao currículo do Novo Ensino Médio, que começou a ser implementado este ano e que possui uma parte comum a todos os estudantes e os itinerários formativos, que podem ser escolhidos. Então, o exame terá de dar conta dessas possibilidades, a fim de avaliar adequadamente os egressos do ensino médio.
Assista a seguir às duas aulas do minicurso
Material suplementar
No vídeo a seguir, Maria Helena Guimarães de Castro, presidente da Abave (Associação Brasileira de Avaliação Educacional), analisa, a partir de uma perspectiva histórica, o papel desempenhado pelas avaliações educacionais brasileiras nas últimas décadas e as perspectivas de mudança.
O professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Francisco Soares explica, no próximo vídeo, como as avaliações são importantes para a garantia do direito à educação.