(Com apuração de Isabella Siqueira)
A cobertura jornalística de suicídios ganhou destaque por causa de reportagens sobre a morte de um adolescente, bolsista em uma escola privada de elite em São Paulo, na primeira quinzena de agosto.
O caso ganhou ampla visibilidade por causa de um áudio gravado pela vítima anunciando sua intenção que vazou e circulou via whatsapp e redes sociais, além de reportagens que detalham sua história pessoal, suas motivações e sua condição na escola.
Diante do caso e da repercussão, a Jeduca compilou algumas orientações sobre a cobertura de suicídios e de eventos violentos relacionados a escolas.
Pesquisas mostram que, assim como ocorre na cobertura de ataques armados contra escolas, a maneira como a notícia é dada, pode influenciar outras pessoas a cometerem esses atos, desencadeando o efeito contágio. Ou seja, as reportagens, dependendo de como são elaboradas, podem servir de inspiração e modelo para outras pessoas cometerem suicídio ou ataques armados. Leia mais sobre os cuidados na cobertura de ataques contra escola nessa matéria da Jeduca.
Assim como ocorre na cobertura de suicídio, a violência na escola também precisa ser vista com cuidado em reportagens. Neste caso específico, estão circulando informações em reportagens e nas redes sociais que associam o episódio à a convivência do adolescente com colegas na escola.
Esse é um aspecto que merece atenção porque as pesquisas mostram que a violência na escola é um fenômeno complexo, que se manifesta de diversas formas, entre elas o bullying, as agressões verbais e as agressões físicas.
De maneira geral, os estudos apontam a importância de entender os contextos a violência se dá no ambiente escolar, assim como as medidas adotadas por escolas ou redes de ensino para lidar com essas questões. As reportagens podem, então, contribuir para problematizar esses pontos e aprofundar o debate, sem focar em casos específicos.
Na cobertura de suicídios, um dos principais documentos orientadores é um manual da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado no ano 2000, usado como referência nesse tipo de cobertura.
É importante destacar que a OMS não recomenda que a mídia se omita ou deixe publicar esse tipo de notícia. A organização chama a atenção para a necessidade de tomar cuidado com a maneira como a notícia é dada para evitar que novos casos ocorram.
De acordo com a organização, já existe evidência científica suficiente para sugerir que algumas formas de noticiário e coberturas televisivas estão associadas a um aumento de suicídios estatisticamente significativo, principalmente entre os jovens.
Em contrapartida, a mídia pode desempenhar um papel relevante na prevenção de suicídios.
O que evitar na cobertura de suicídios, segundo a OMS
Como a mídia pode contribuir para qualificar as informações sobre suicídios
Para saber:
Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia
OMS: cobertura jonalística responsável pode contribuir para prevenir suicídios