A implementação do Novo Ensino Médio é um dos principais temas da política educacional no Brasil neste ano de 2022. Por isso, é um assunto que deverá estar presente na campanha eleitoral, já que envolve não apenas os governos estaduais (responsáveis pela oferta de ensino médio), quanto a administração federal, que, por lei, deve dar suporte técnico e financeiro aos estados.
Para mapear os desafios e os pontos de interesse da cobertura sobre este tema, a Jeduca ofereceu o minicurso “Os desafios da implementação do Novo Ensino Médio”, com a Ângela Chagas, jornalista e doutoranda em Educação na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Marta Avancini, editora pública e de conteúdo da Jeduca.
O minicurso integra a série “Jornalismo de educação e as eleições de 2022”, oferecido pela Jeduca para trazer subsídios para a cobertura de educação na campanha eleitoral deste ano. Todo o material pode ser acessado aqui.
No curso, foram abordadas algumas questões que merecem atenção da imprensa e que podem render pautas:
Ampliação da carga horária, que passou a ser de 1.000 horas anuais a partir de 2022, envolvendo uma série de adequações de infraestrutura e pessoal, a fim de dar conta da nova jornada de cinco horas diárias de aula. Um desafio que se coloca é como aumentar o tempo de permanência do estudante na escola assegurando a qualidade? Outro aspecto é o ensino médio noturno, geralmente frequentado por estudantes trabalhadores e com carga horária menor que o diurno.
Flexibilização curricular x precarização. A parte flexível do currículo - que corresponde a 40% do total - tem como objetivo permitir que os estudantes possam escolher uma formação alinhada com seus desejos, expectativas e projetos de futuro. No entanto, quais são as condições para que as escolas possam assegurar de fato diversidade de oferta aos estudantes? Um ponto relevante é contar com professores formados para dar conta das novas possibilidades de formação. Outro desafio é a comunicação, já que existe uma diversidade de possibilidades de modos de organização da parte flexível do currículo, não existindo um modelo único.
Professores e infraestrutura são dois aspectos fundamentais para que a implementação do Novo Ensino Médio ocorra da maneira esperada, o que envolve planejamento, investimento em formação e aporte de recursos adicionais, em muitos casos.
As desigualdades educacionais que caracterizam o Brasil podem ser ampliadas no contexto da implementação do Novo Ensino Médio, na visão de especialistas, pois as condições para ofertar o novo currículo variam significativamente entre os estados e internamente nas redes de ensino (por exemplo, entre escolas centrais e periféricas ou entre escolas da capital e do interior). Há também a desigualdade entre rede pública e rede privada, que merece a atenção da cobertura.
Assista às duas aulas do minicurso:
Veja também o vídeo sobre o Novo Ensino Médio com Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna:
E veja o vídeo com Fernando Cássio, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) e membro da Repu (Rede Escola Pùblica e Universidade), sobre a implementação do do Novo Ensino Médio: