A série de reportagens “Militarização de escolas na Bahia”, produzida pelos jornalistas Paulo Oliveira e Linda Gomes, venceu a Categoria Educação Básica da 23º Edição do Prêmio Andifes de Jornalismo. A pauta, que se tornou a série veiculada no portal Meus Sertões, foi uma das selecionadas pelo 3º Edital de Jornalismo de Educação, realizada em 2021. O projeto é uma iniciativa da Jeduca, em parceria com o Itaú Social.
O anúncio dos vencedores foi feito pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) no março de 2024.
Com 20 reportagens divididas em quatro seções, a série aborda o processo de implantação de escolas militarizadas em três cidades da Bahia: Salvador, Vitória da Conquista e Conceição do Jacuípe. Entre os anos de 2018 e 2022, 86 (21%) das 417 cidades da Bahia aderiram ao sistema compartilhado de gestão de escolas com a Polícia Militar.
Nesse contexto, a série problematiza e aprofunda o processo de militarização de escolas feito pelo governador Rui Costa (PT) em ano eleitoral, e que se deu antes da implantação do Pecim (Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares), política criada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que foi encerrada em 2023. A reportagem de abertura da série está disponível aqui.
“Fiquei muito feliz com a premiação, pois a Andifes reconheceu um trabalho aprofundado sobre a militarização das escolas da rede estadual na Bahia. A série só foi realizada graças à bolsa concedida pela Jeduca e, na época, pelo Itaú Social”, comenta o jornalista Paulo Oliveira, criador do Meus Sertões.
Linda também comemorou o prêmio. “Ser escolhida no edital e agora premiada pela Andifes foi um marco na minha carreira como jornalista. Espero que nosso trabalho inspire outros a se envolverem no jornalismo de educação e aproveitarem as oportunidades para produzir jornalismo de qualidade e que mostre as lacunas da nossa sociedade quando o assunto é educação”, diz a jornalista.
Com os recursos do Edital, os jornalistas puderam viajar para as três cidades baianas e realizar entrevistas com cerca de 30 pessoas, incluindo educadores e especialistas, o comando da Polícia Militar da Bahia, professores, pais, alunos, políticos e inspetores.
A produção da série também incluiu a leitura de trabalhos acadêmicos, revisão de documentos, cruzamento de dados e edição de textos, fotos e vídeos.
“A possibilidade trabalhar sem a pressa vigente nas grandes redações, com prazo mais ampliado, nos dá oportunidade de tomarmos cuidados adicionais para não cometermos erros”, afirma Oliveira
“Realizamos uma investigação minuciosa que resultou em uma série de reportagens que gerou debate sobre as articulações ocultas da educação pública na Bahia”, diz Linda.
Pautas do edital premiadas
Ao longo de cinco edições, o Edital disponibilizou 36 bolsas para produção de pautas sobre educação pública no Brasil para jornalistas e veículos de todas as regiões do país.
Outras duas pautas selecionadas pelo Edital se desdobraram em reportagens que receberam reconhecimento de premiações.Em 2022, a série intitulada “Educação árida: mudanças climáticas dificultam o acesso à escola”, cuja pauta foi selecionada também pelo 3º Edital, foi finalista do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. O trabalho foi produzido por Anelize Moreira e Camila Salmazio para o portal Lunetas.
O impacto da mudança climática na educação foi tema da reportagem que abordou como o processo de desertificação que atinge as regiões semiáridas dos estados de Alagoas e Pernambuco afetou a vida escolar de crianças, jovens e adultos.
Resultado da pauta selecionada na primeira edição do Edital de Jornalismo de Educação, a série de reportagens de Vanessa Vieira foi vencedora da segunda edição do Prêmio Sul Americano de Jornalismo sobre Migração da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Publicada no site do Correio do Lavrado em 2020, a série de quatro reportagens tratou sobre os impactos do aumento no número de estudantes venezuelanos matriculados em escolas públicas em Roraima.
