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Gabriel Jabur/Agência Brasília
Dados e indicadores

Pisa 2022: confira resultados da primeira avaliação de criatividade feita pela OCDE

Resultados de avaliação sobre pensamento criativo de estudantes de 64 países, incluindo Brasil, são divulgados pela primeira vez

19/06/2024
Isabella Siqueira

Nesta terça-feira (18), a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou os resultados de avaliação sobre pensamento criativo, que fez parte do Pisa 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes)

 

O relatório em inglês pode ser acessado aqui

 

A prova é realizada de três em três anos com estudantes na faixa dos 15 anos, a cada vez, enfocando uma área de conhecimento: Leitura, Matemática ou Ciências. Os resultados dessas áreas foram divulgados em dezembro de 2023. 

 

Mas, desde 2015, o Pisa também começou a avaliar competências consideradas relevantes para o século 21. Em 2022, o foco foi em Matemática e no Pensamento Criativo, para avaliar até que ponto os estudantes desenvolvem ideias próprias, originais, não se limitando a reproduzir o que aprendem na escola. Para saber mais sobre o Pisa, confira esse texto da Jeduca.

 

Além deste destaque, a OCDE também divulgará um novo relatório com foco em letramento financeiro dos estudantes participantes do PISA 2022 no próximo dia 27 de junho. 

 

Como o Pisa 2022 avalia o pensamento criativo

Segundo a OCDE, o pensamento criativo é definido como “competência para se envolver produtivamente na geração, avaliação e melhoria de ideias que podem resultar em soluções originais e eficazes, avanços no conhecimento e expressões impactantes de imaginação”. 

 

A definição de pensamento criativo e as questões da avaliação de criatividade do Pisa 2022 se baseiam em três processos que contemplam habilidades cognitivas consideradas relevantes para o pensamento criativo em sala de aula:

 

  • Gerar ideias diversas: a capacidade do aluno de pensar de maneira flexível, de forma a ter ideias que sejam diferentes umas das outras;

  • Gerar ideias criativas: a capacidade de pensar em soluções novas que sejam úteis e originais, medidas a partir da comparação com as respostas de outros alunos na mesma tarefa. Uma resposta é considerada original se poucos estudantes tiverem essa mesma ideia; e

  • Avaliar e melhorar ideias: a capacidade do aluno de avaliar limitações nas ideias e melhorar sua originalidade.

 

A OCDE destaca que essas três capacidades podem ser aplicadas em diferentes processos de aprendizagem e contextos de resolução de problemas. A matriz de referência da avaliação sobre Pensamento Criativo está disponível neste documento, que inclui conteúdo programático, competências avaliadas e exemplos.

As perguntas da avaliação foram baseadas em quatro domínios, sendo eles: expressão escrita, expressão visual, resolução de problemas sociais e resolução de problemas científicos. 


Para avaliar a criatividade, uma das perguntas, por exemplo, solicitava que o estudante sugerisse três títulos diferentes para uma ilustração. Em outra questão, os alunos deveriam escrever um diálogo original para uma história em quadrinhos.


Destaques sobre pensamento criativo do Pisa 2022 e situação do Brasil

A média do Brasil na avaliação do pensamento criativo foi de 23 pontos, 10 pontos abaixo da média da OCDE (33 pontos). No ranking formado por 64 países, o Brasil ocupa a 49ª posição. A escala adotada vai de 0 a 60 pontos.

Alunos de Cingapura (41 pontos), Coréia do Sul (38 pontos), Canadá (38 pontos), Austrália (37 pontos), Nova Zelândia (36 pontos), Estônia (36 pontos) e Finlândia (36 pontos), respectivamente, são os que aparecem entre os mais criativos.


Sobre os resultados do Brasil em níveis:

  • No Brasil, o total de estudantes que ficaram nos níveis 1 e 2, abaixo do considerado básico, foi de 54,3%. Os estudantes desses níveis costumam ter ideias de temas óbvios e um engajamento mínimo com a tarefa, criando elementos visuais simples e histórias curtas.

  • 34,9% dos estudantes brasileiros alcançaram o níveis 3 e 4 da avaliação sobre pensamento criativo, contra 78% da média da OCDE. Com engajamento maior do que o previsto nos níveis abaixo, os estudantes do nível 3 apresentam ideias tidas como apropriadas para tarefas e resolução de problemas simples a moderadamente complexas.
  • 10,9% dos estudantes no Brasil atingiram os níveis 5 e 6. Nesses níveis, os estudantes conseguem se engajar na geração de ideias diversas e originais, inclusive em tarefas tidas como complexas e abstratas. A média da OCDE para os níveis 5 e 6 foi de 27%.


Além dos dados a partir das questões, o Pisa também fez perguntas para traçar o perfil dos estudantes.
Como noticiou o Estadão, os resultados mostram que os alunos que se saíram melhor nas provas são mais curiosos, persistentes e com mais senso de perspectiva.  


Pensamento criativo e gênero

De maneira geral, a análise por gênero sinaliza um desempenho superior das meninas em pensamento criativo. Segundo o relatório, em nenhum país o desempenho dos meninos em pensamento criativo é maior que o das meninas.

  • Com exceção do Chile, México e Peru, o desempenho médio entre meninos e meninas foi estatisticamente significativo em favor das meninas em todos os países.

  • No Brasil, a diferença entre o desempenho de meninas e meninos foi de 2,5 pontos, o que está próximo da média da OCDE (2,7 pontos). 

  •  O desempenho das meninas foi superior, especialmente, entre os estudantes com melhor desempenho, em que a diferença foi de 3 pontos entre meninas e meninos. 
  • No Brasil, entre os estudantes que alcançaram os níveis mais altos de avaliação em pensamento criativo, 12% eram meninas e 9% meninos. As médias da OCDE foram de 31% e 23%, respectivamente.

  • 58% dos estudantes brasileiros que não alcançaram o nível 3 eram meninos, enquanto as meninas representavam 50%. Nos países da OCDE, as médias foram de 25% e 18%, respectivamente.

 
Pensamento criativo e nível socioeconômico

Assim como nas demais áreas de conhecimento avaliadas (Leitura, Matemática e Ciências), de acordo com os resultados, o nível socioeconômico também influenciou na capacidade criativa dos estudantes. 


O relatório indica que em todos os países os alunos com maior nível socioeconômico tiveram um desempenho melhor em pensamento criativo em comparação com os estudantes menos favorecidos. 

  • A média da OCDE foi de 9,5 pontos, enquanto que no Brasil a diferença entre estudantes com melhores condições socioeconômicas em comparação com os mais desfavorecidos chegou a 11,4 pontos.

 

Desempenho em pensamento criativo e em disciplinas tradicionais 

Um dos destaques da avaliação é a relação entre o desempenho dos estudantes em habilidades criativas e o desempenho acadêmico. De acordo com os resultados avaliados, uma melhor pontuação em disciplinas tradicionais não significou uma performance também superior na avaliação da criatividade dos estudantes. 
 

  • Cingapura, país que teve a maior pontuação na escala de pensamento criativo (41 pontos), também liderou as notas em matemática, ciências e leitura no Pisa 2022. Em contrapartida, República Tcheca, Hong Kong e China, que tiveram pontuações acima da média nessas três áreas do conhecimento, apresentaram um desempenho abaixo da média da OCDE na avaliação de criatividade.

  • Outro caso é Portugal, o último dos 12 países acima da média em pensamento criativo (34 pontos), mas que não esteve acima da média nas disciplinas tradicionais avaliadas pelo Pisa. 

  • No caso dos estudantes brasileiros, 4% dos alunos que foram melhor em pensamento criativo também são os melhores em matemática, em leitura esse número é de 11%. 

 
Dicas de cobertura

  • Assim como acontece na cobertura dos resultados das áreas de conhecimento tradicionais, é importante tomar cuidado com o uso apenas dos rankings. O Pisa é uma avaliação amostral e por isso os cálculos são feitos considerando uma margem de erro, ou seja a diferença de posição entre dois países num ranking pode ser apenas em função da margem de erro, não uma diferença significativa de pontuação. Nesse caso, a diferença de resultados entre dois países, de tão pequena, pode não ser real.

  • No caso de uma divulgação que traz uma nova competência avaliada, é importante buscar entender como ela foi feita, o que foi levado em consideração e buscar ilustrar o conteúdo com exemplos. 

  • É uma oportunidade também de buscar exemplos de escolas, redes de ensino e projetos nas escolas que estejam trabalhando mais diretamente os conceitos relacionados na avaliação, que valorizem e incentivem a criatividade, um fator que o relatório também aponta como diferencial. Reportagem da Agência Brasil destacou que o relatório  também aponta que a participação regular (de ao menos uma vez por semana) em atividades artísticas, de jogos e ou competição também beneficia o desenvolvimento do pensamento criativo. 

 

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