Três jornalistas, dois do Paraná e uma de São Paulo, são os vencedores da primeira edição do Edital de Jornalismo de Educação, Categoria Estudante.
O edital é uma iniciativa da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) e do Itaú Social, com o objetivo de estimular a produção de material jornalístico de qualidade sobre temas relevantes da área da educação por jornalistas e estudantes.
Na Categoria Estudante, foram analisados trabalhos de conclusão de curso de formandos de jornalismo dos anos de 2017, 2018 e 2019, que tenham trabalhado temas ligados à educação.
Os três projetos foram selecionados pela Comissão Julgadora do Edital entre 212 candidatos, de 22 unidades da federação, que se inscreveram até 15 de dezembro de 2019. Eles receberão prêmios de R$ 3 mil (primeira colocada), R$ 2 mil (segunda) e R$ 1 mil (terceiro).
A primeira colocada é Carolina Ribeiro de Oliveira, com o livro-reportagem “De Pinheiros a Itaquera - As políticas para o ensino médio público a partir de São Paulo”, apresentado como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) na USP (Universidade de São Paulo) em 2018.
O segundo lugar ficou co Laís Tobias de Carvalho, com o projeto “Foca no ensino médio”, TCC defendido na Universidade Positivo, em Curitiba (PR), em 2018. O trabalho foi realizado em parceria com Talita Brasileiro.
O terceiro colocado foi Daniel Victor Tozzi Mendes, que defendeu seu TCC na UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 2019, com o vídeo-documentário “Aqui estou mais um dia: retratos da leitura no cárcere”, sobre a experiência de presidiários com a leitura.
Em outubro, foram anunciados os oito vencedores da Categoria Jornalista, que receberam financiamento para elaborarem reportagens especiais sobre educação. Eles têm até dia 15 de abril para publicá-las.
Fazem parte da Comissão Julgadora e Editorial do Edital de Jornalismo de Educação os jornalistas Denise Chiarato, Ricardo Falzetta e Rodrigo Ratier.
Experiências com educação
Para Carolina e Laís, o interesse pelo jornalismo de educação surgiu de suas experiências pessoais.
Carolina foi aluna da rede pública em Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal, até o 1.º ano do ensino médio, quando conseguiu uma bolsa de estudos numa escola privada. “Eu queria fazer faculdade e percebi que a escola pública não poderia suprir mais tudo o que eu precisava para prestar o vestibular”, conta Carolina, que hoje é repórter da revista Exame, onde assina Carolina Riveira.
Desde então, ela sempre se interessou em compreender as desigualdades que marcam o sistema educacional, especialmente o acesso ao ensino superior. Por isso, em seu TCC procurou basear-se em evidências para explicar as desigualdades entre as escolas públicas dos bairros de classe média e da periferia.
Laís, por sua vez, cursou magistério no ensino médio. Ela diz que procurou unir conhecimentos de jornalismo e educação no projeto. “Quando terminei o magistério, parti para o jornalismo, que era o meu grande sonho”, revela.
O projeto “Foca no ensino médio”, de Laís e Talita, surgiu quando elas perceberam uma correspondência entre os temas da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e as pautas jornalísticas.
A partir disso, elas desenvolveram um trabalho de educomunicação com alunos de uma escola estadual, baseado em oficinas sobre o processo de produção da notícia, em especial, na linguagem audiovisual. Ao final do ciclo de 6 oficinas, os participantes das oficinas escolheram um possível tema para a redação do Enem e produziram uma reportagem sobre o assunto escolhido para servir como conteúdo de estudo. Assista ao vídeo em que Laís apresenta seu TCC:
Depois de formada, Laís voltou para Londrina (PR), onde nasceul, e desenvolve como voluntária o projeto “Foca educomunicação”, semelhante ao TCC premiado, mas adaptado para alunos do ensino fundamental 2 de uma escola pública.
Daniel começou a se envolver com os temas da educação na faculdade, quando desenvolveu algumas atividades de educomunicação. A ideia do TCC surgiu de seu interesse pela leitura e de uma iniciativa da Biblioteca Pública do Paraná, que lançou um livro de contos escritos por detentos. “Acabei descobrindo este livro e me encantei com as histórias e com a ideia”, diz ele. Confira o vídeo sobre o projeto:
Durante a pesquisa, descobriu que o Paraná é pioneiro num programa de remissão de pena baseado na leitura: os detentos escrevem resenhas de livros que leem e se o texto for bem avaliado por professores que trabalham na unidade prisional, a pena é reduzida em quatro dias. “O cárcere é um tema espinhoso, que muitas vezes gera repulsa na sociedade. Mas creio que cumpri a minha ideia original: passar a mensagem que os mecanismos de ressocialização são fundamentais”, diz ele.