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Debate eleitoral sobre educação precisa ir além da pandemia

Além das eleições, o pensamento conservador na área educacional e os desafios do jornalismo independente foram temas de debate no terceiro dia do 4.º congresso da Jeduca

22/10/2020
Mariana Mandelli, Especial para a Jeduca

A programação do terceiro dia do 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca foi marcada por debates sobre a pauta da educação no contexto das eleições municipais e a perspectiva do pensamento conservador sobre as questões educacionais, além de uma conversa sobre os caminhos do jornalismo independente na área.

 

O evento, que aconteceu de 19 a 23 de outubro de 2020, foi online e gratuito. A programação completa pode ser conferida aqui e, até dia 23 de novembro, caso ainda não tenha feito inscrição, ainda dá para se inscrever para assistir às mesas aqui. Caso tenha feito inscrição, basta entrar no site com o login e a senha cadastrados. 

 

Educação nas eleições: a importância focar nas políticas públicas

O retorno às aulas presenciais impacta estudantes, professores, funcionários, famílias e, no período eleitoral, também os políticos. A polarização em torno do tema foi pauta da primeira sessão do terceiro dia do 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca, “A Covid e as eleições”, mediada pelo jornalista Victor Vieira, do Estadão. Para os participantes, é preciso pensar também nos temas estruturantes da área educacional.

 

“Atores políticos que já estão em seus cargos ou que querem um estão usando a polarização de opiniões em torno dessas questões para atrair votos”, opinou o pesquisador Alexsandro Santos, doutor em Educação pela USP (Universidade e São Paulo).  “A educação sempre é tema de agenda eleitoral nos municípios, mas questões determinantes para os próximos quatro anos podem ficar escondidas por conta da pandemia, como o acesso à educação infantil e o financiamento”, analisou ele.

 

O risco de que as propostas dos candidatos sejam rasas, atendendo apenas à urgência de respostas sobre a reabertura das escolas, é real. Para a repórter Isabela Palhares, da Folha de S. Paulo, a missão do jornalismo nesse contexto deve ser justamente buscar as ideias dos candidatos para além de voltar ou não às aulas presenciais.

 

“O debate está muito em torno da data do retorno ou não das escolas, olhando menos para os caminhos que serão tomados para isso”, explicou ela. Para Isabela, os repórteres que estão na cobertura dessas eleições devem questionar os políticos também sobre quais as propostas deles para quem foi prejudicado pela pandemia, tendo em vista um possível cenário de evasão escolar e prejuízos para a aprendizagem.

 

Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), lembrou que os municípios não podem delegar para as próximas administrações a adequação das escolas e o suporte para professores e alunos na reabertura dos colégios.

 

"É irresponsabilidade deixar para o próximo governo. Parte de adequação física das escolas e preparação dos educadores precisa ser iniciada imediatamente – na pior das hipóteses, em novembro e dezembro”, afirmou.

 

Conservadorismo: o papel da família na formação de crianças e jovens

A educação no cento do debate político foi tema de outra sessão do dia, conduzida pelo repórter Paulo Saldaña, da Folha de S. Paulo, sobre as vozes conservadoras da educação.

 

Entre os temas mais discutidos, esteve o papel predominante da família na formação das crianças e jovens. Para o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), assuntos como a educação sexual devem ser de primazia familiar. “Sempre existiu educação sexual nas escolas. A diferença está em como abordar esse assunto”, disse.

 

A formação de professores também foi um tema de debate. Segundo Anderson Correia, reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), os cursos são muito teóricos e precisam ser retrabalhados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), MEC (Ministério da Educação), CNE (Conselho Nacional de Educação) e faculdades. “Precisa haver menos foco em carreira acadêmica. É importante, mas é necessário haver também o olhar para sala de aula”, explicou.

 

O fato de os cursos de formação de universidades públicas serem, de maneira geral, mais bem avaliados do que aqueles das instituições privadas não é necessariamente uma indicação de que eles preparam melhor os docentes - é preciso “separar as coisas”, disse. “Não é porque o professor se formou numa instituição com nota boa no exame que ele está preparado para sala de aula”, afirmou Correia.

 

Segundo o reitor do ITA, as ciências humanas não ajudam “o país a crescer”. “Tem que haver investimento em áreas prioritárias. Não é deixar de investir nas humanas, mas priorizar o que é fundamental para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.

 

Amábile Pacios, vice-presidente da Fenepe (Federação Nacional da Escolas Particulares), reforçou a importância de a escola ter o mesmo valor que a família dos alunos, especialmente na rede privada, onde os pais e mães escolhem onde os filhos estudam. Ela também afirmou que é preciso implementar a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e a reforma do ensino médio, além de incentivar os alunos a se manterem no ensino superior nesse cenário de pandemia.

 

“A BNCC precisa melhorar, mas ela é extremamente necessária. Ela garante o direito de a criança aprender. Antes a escola estava preocupada com conteúdo e agora isso mudou, uma vez que as habilidades e competências ganharam espaço. É outro entendimento”, explicou.

 

Veja como foi a mesa:

 

 

Jornalismo independente: o equilíbrio entre financiamento e independência

O terceiro dia do congresso também contou com uma conversa entre Tatiana Klix, diretora da Jeduca, e Sarah Garland, editora executiva do The Hechinger Report, uma plataforma de jornalismo independente que cobre exclusivamente educação nos Estados Unidos.

 

Segundo Sarah, para atrair financiadores para esse tipo de iniciativa financiamento para esse tipo de iniciativa é preciso mostrar que seu apoio permite que eles tenham acesso a informações importantes sobre programas e políticas nas quais investem.

 

“O jornalismo pode mostrar essas deficiências. Temos que mostrar o que está e não está funcionando, para essas pessoas se perguntarem se o dinheiro delas está sendo usado de forma eficiente”, afirmou Sarah, lembrando que um dos criadores da base curricular dos Estados Unidos rompeu relações com o Hechinger Report após a publicação de matérias críticas.

 

Assegurar que a linha editorial se mantenha distante de interesses particulares, segundo Sarah, é outra tarefa para quem não está nos veículos tradicionais de comunicação. “Esse é um esforço constante. Você não pode simplesmente pode dizer: ‘sou independente e não preciso mais pensar nisso’”, relatou. Ela afirmou também que é preciso reforçar esse posicionamento com os financiadores em todas as negociações, já que algumas matérias podem revelar aspectos que não os agradem.

 

Manter o foco das pautas nas desigualdades educacionais, opção feita pelo Hechinger Report, é fundamental, segundo a jornalista, pois revela os principais gargalos do sistema de ensino. "Isso é parte da nossa missão: não só tratar dos problemas, mas também focar nas soluções, entender o que as pessoas estão fazendo para melhorar isso, por meio de uma abordagem cética e baseada em evidências. Precisamos fazer as perguntas difíceis", explicou Sarah.


Confira os destaques da entrevista com Sarah Garland:

 

 

O 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação tem o patrocínio da Fundação Lemann, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Unibanco, Itaú Social, Itaú Educação e Trabalho, e apoio do Colégio Rio Branco e Loures Consultoria.

 

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