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Ênfase na qualidade é diferencial da cobertura de educação infantil nas campanhas eleitorais

No segundo webinário da série A cobertura de educação nas eleições 2024, especialistas debateram sobre o papel da imprensa no monitoramento das políticas para a primeira infância nos municípios

15/07/2024
Redação Jeduca

(Com apuração de Isabella Siqueira)

 

A cobertura sobre educação infantil nas campanhas eleitorais para prefeito e vereador pode extrapolar temas já comuns no noticiário, como a falta de vagas em creches e os resultados das avaliações. Embora esses assuntos sejam relevantes, questões ligadas à qualidade também devem ser abordadas por reportagens, contribuindo para um olhar mais abrangente sobre a educação e sua relação com o desenvolvimento infantil.

 

Esse foi um dos assuntos debatidos no webinário Acesso à educação de qualidade e o desenvolvimento infantil, realizado pela Jeduca. O evento contou com a participação de Camila Hessel (Lunetas), Leila Sousa (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal) e Miriam Pragita (Andi - Comunicação e Direitos). A mediação foi de Marta Avancini, editora pública da Jeduca.

 

Uma maneira de pautar a educação infantil é através do monitoramento dos indicadores. “Temos mais de 18 milhões de crianças na primeira infância e mais da metade delas estão em famílias de baixa renda, o que mostra o quanto essa agenda é prioritária no Brasil”, contextualiza Leila Sousa. “Já avançamos muito, mas precisamos manter essa pauta em evidência, monitorando indicadores, acompanhando como a pauta tem entrado nas agendas de governo”, complementa.

 

A imprensa tem um papel central nesse processo, tanto no sentido de questionar os candidatos sobre temas como a garantia de vagas em creches para as crianças que mais precisam, propostas para melhorar a infraestrutura das escolas ou estratégias para estimular as famílias a se envolverem mais na educação dos filhos.


Nessa direção, Miriam Pragita falou sobre o papel dos municípios para a garantia de acesso à educação e às demais políticas para a primeira infância. “Os municípios carregam algumas das condições e competências mais decisivas para a implementação de soluções que promovam mudanças que atendam as necessidades de crianças e adolescentes”, enfatizou ela, lembrando que Agenda 227 tem o objetivo de incentivar os candidatos a colocarem a pauta dos direitos da faixa etária de 0 a 18 meses como prioridade em seus planos de governo.

 

Por isso, ela reforça a importância da cobertura jornalística sobre educação e primeira infância nas campanhas eleitorais. “É fundamental acompanhar o comprometimento dos candidatos com a agenda da infância, porque esta é uma escolha humana, econômica, além de ser essencial para romper o ciclo de pobreza, como mostram diversos estudos”, analisa Miriam Pragita. Uma chave importante, segundo ela, é a contextualização.

 

A jornalista Camila Hessel trouxe alguns pontos que contribuem para uma cobertura que mescla o olhar para os dados e as políticas públicas (como geralmente ocorre na grande mídia) com casos e soluções. 

 

“A gente sempre procura trazer nas reportagens do Lunetas um senso de agência, quer dizer, procuramos fazer com que as pessoas sintam que podem incidir, contribuir para mudar o cenário”, afirmou a jornalista. “Num contexto em que muitos problemas sociais afetam, ainda que indiretamente, o desenvolvimento das crianças, procuramos sinalizar um caminho, quebrando a impressão que estamos somente despejando um monte de problemas sobre as famílias”, detalha Camila Hessel, lembrando que o site tem como público-alvo as famílias.

 

A intenção é manter o jornalismo como uma fonte confiável de informações, num cenário em que as redes sociais estão se tornando a principal referência das pessoas. “Um desafio é fazer jornalismo de forma que não pareça jornalismo para atrair e engajar mais as pessoas”, propõe ela.

 

Assista ao webinário:

 

 

O primeiro webinário da série abordou o uso da educação em conteúdos de desinformação nas campanhas eleitorais (saiba mais aqui), Os eventos fazem parte da série de webiinários A cobertura de educação nas eleições 2024 (leia aqui).

 

Confira, a seguir, dados e sugestões de fontes de informação para

a cobertura de educação infantil nas campanhas eleitorais

Raio-x educação infantil nos municípios

  • Os municípios são os principais responsáveis pela oferta de educação infantil no Brasil. Eles respondem por 72,5% das 9.461.155 matrículas - ou seja, 6.861.621 crianças frequentam creches e pré-escolas municipais, segundo o Censo Escolar 2023. 

 

  • Das cerca de 6,8 milhões de matrículas na rede municipal, 2.748.671 são em creches e 4.112.950 são em pré-escolas.


  • Nas creches, os municípios são responsáveis por 98% das matrículas no sistema público. Além disso, 33,2% dos alunos de creche estão matriculados na rede privada e 50,4% estão em instituições conveniadas com o poder público.


  • Na pré-escola, 72,5% das matrículas estão nas redes municipais. Os municípios também são responsáveis por 79.551 escolas e 489.411 professores.

 

  • Alguns dados sobre recursos disponíveis em creches e pré-escolas municipais (Brasil):

             

Infraestrutura

Escolas públicas (%)

Escolas municipais (%)

Água filtrada

94

94

Água inexistente

3

3

Sem energia elétrica

2

2

Esgoto inexistente

6

6

Alimentação

100

100

Biblioteca

19

19

Dependências com acessibilidade

62

62

Laboratório de informática

13

13

Sala de leitura

18

18

                                          Fontes: Painel de Estatísticas Censo Escolar da Educação Básica do Inep, Apresentação da Coletiva de Imprensa                                                                                                           Censo Escolar 2023 e QEdu.

 

Atendimento em creches

  • Em maio, foi sancionada a lei 14.851/2024, que obriga os municípios e o Distrito Federal a divulgar levantamento obrigatório e anual da demanda por educação infantil e organizar listas de espera respeitando as definições territoriais, famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica e casos de monoparentalidade. 

 

  • O 5º  Relatório do Monitoramento do PNE 2014-2024 (Plano Nacional de Educação) aponta que, em 2022, 37,3% das crianças de 0 a 3 anos eram atendidas em creches. Isso significa 4.375.413 matrículas contra 7.369.073 crianças não atendidas. A meta do PNE prevê 50% dessa população matriculada em 2024 - ou seja, faltam cerca de 624 mil matrículas para que atingi-la.

  • As desigualdades regionais são significativas. A menor taxa de atendimento em creches é no Norte (20,4%). A maior é no Sudeste (44,3%). Nas outras regiões as taxas são: Centro-Oeste (31%), Nordeste (33,7%) e Sul (42,5%). 

 

Número e percentual da população de 0 a 3 anos em escola ou creche -
Brasil, Grandes regiões e Unidades da Federação (2022)

 

Matrículas

%

Brasil

4.375.413

37,3

Norte

262.201

20,4

RO

19.789

18,3

AC

11.607

19,3

AM  

51.876

16,7

RR  

10.667

22,9

PA  

128.465

21,7

AP

6.625

19,2

TO

33.173

32,3

Nordeste

1.148.891

33,7

MA

166.757

35,1

PI

63.537

34,5

CE

193.058

37,7

RN

76.240

37,2

PB

74.818

30,1

PE

174.100

30,8

AL

77.017

35,2

SE

48.121

33,6

BA

275.243

32,1

Sudeste

1.962.286

44,3%

MG

382.879

33,3

ES

90.015

37,8

RJ

304.956

40,9

SP

1.184.435

51,6

Sul

678.716

42,5

PR

254.675

39,1

SC

207.650

49,5

RS

216.390

41,1

Centro-Oeste

323.320

31

MS

85.515

40,5

MT

79.253

33,0

GO

107.119

26,2

DF

51.433

31,1

Fonte:  5º Relatório de Monitoramento do PNE 2014-2024 (pág. 30)


  • A maior desigualdade na cobertura das crianças de 0 a 3 anos é por renda domiciliar per capita: entre os 20% mais pobres a cobertura é de 28,2%, entre os 20% mais ricos, é de 53,6% (maior que a meta do PNE). Foram 25,4 pontos percentuais de diferença em 2022.


  • O principal motivo para uma criança não frequentar uma creche é a vontade contrária dos pais, segundo a Pnad Educação 2023. No Brasil, são 63,7% das crianças de 0 a 1 ano e 55,4% das crianças de 2 a 3 anos que não frequentam creche porque os pais não querem. As maiores taxas estão no Norte e Nordeste: 36,3% e 37,9%, respectivamente, para as crianças de até 1 ano e 48,1% e 41,1%, respectivamente, para as crianças de 2 a 3 anos de idade. Isso indica menor oferta de vagas nessas regiões.


  • O segundo motivo mais apontado foi inexistência de escola/creche na localidade, falta de vaga ou não aceitação de matrícula por causa da idade da criança: no país, os percentuais foram 30,7% (0 a 1 ano) e 38,5% (2 a 3 anos). 


  • O Brasil tem 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos que não estão em creches por alguma dificuldade de acesso ao serviço, de acordo com levantamento do Todos pela Educação. Do total de crianças fora de creches, 44% têm dificuldade de acesso e se concentram em cinco estados: São Paulo, Minas Gerais, Pará, Bahia e Maranhão. 

 

Atendimento em pré-escolas

  • De acordo com a Pnad Educação 2023, a taxa de escolarização de crianças de 4 a 5 anos foi de 92,9% - alta em relação a 2021 (91,5%).

 

Para saber mais:

Dados e informações

Legislação

 

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