Mulher, branca, residente no Sudeste, entre 31 e 40 anos. Essas são algumas das características que compõem o perfil do jornalista de educação, com base em uma pesquisa realizada pela Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).
O estudo foi realizado por meio de formulário online respondido por 286 associados em maio. Os resultados são representativos do universo de integrantes da associação, com margem de erro de 5%. Em maio, quando a pesquisa foi realizada, a Jeduca contava com 1.409 associados.
A pesquisa foi lançada em evento online nesta terça-feira (27/7), com a participação dos jornalistas Mariana Tokarnia (diretora da Jeduca) e Claudia Nonato (coordenadora do estudo e pesquisadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho, ligado à Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo). A abertura foi feita por Fábio Takahashi (presidente da Jeduca) e a mediação por Marta Avancini (editora pública da associação). O evento de lançamento completo você confere no final desta matéria.
Esta é a segunda pesquisa sobre o perfil do jornalista de educação realizada pela Jeduca. A primeira foi lançada em2019 e pode ser conferida aqui.
Perfil
Os resultados indicam que as mulheres são maioria entre os profissionais que atuam no jornalismo de educação. Elas são 66,3% do total. Também são brancas (79,3%), residem na região Sudeste (70,5% - com destaque para São Paulo, 56,1%), estão na faixa etária entre 31 e 40 anos (39,6%), recebem de R$ 4.401,00 a R$ 6.600,00 ao mês (26,3%) e têm pós-graduação completa ou incompleta (76,4%).
Outros resultados sobre cor indicam que os pardos correspondem a 12,6% do total, os pretos são 5,6% e os amarelos, 1,8%. Quanto ao gênero, 32,6% são do gênero masculino e 1,1% se declararam não-binários – além das mulheres.
A Jeduca está presente em quase todas as Unidades da Federação, porém a maioria dos associados é de São Paulo (56,1%), seguido de Rio de Janeiro (9,1%), Rio Grande do Sul (5,6%), Distrito Federal (4,9%) e Minas Gerais (4,6%). De maneira geral, os associados se concentram nas capitais.
A grande maioria possui graduação em jornalismo, 87% dos entrevistados. O restante possui, predominantemente, formação na área de humanas.
O que fazem e onde trabalham
A pesquisa mostra a maioria dos associados da Jeduca trabalha com produção de conteúdo: 59,9% do universo. No entanto, nem todos estão ligados a um veículo de comunicação. Do total de produtores 62,4% não atuam em veículos. Dos que trabalham em veículos, 12,20% trabalham em editorias de educação e 9,12% em cidades cotidiano.
São muitos os espaços de trabalho para esses profissionais: o principal são as organizações do terceiro setor (22%), seguidas por instituições educacionais (18,9%), jornais (11,9%) e portais noticiosos da internet (10,8%). As agências de mídia (8,7%), entidades ou órgãos públicos (8,4%) e canais de TV (6,3%), revistas impressas ou on-line (5,2%) e rádio (3,5%), entre outros.
As funções também são diversificadas, abrangendo assessores de imprensa (16,1%), editores (8,8%), repórteres (13,3%), gestores de comunicação e mídias sociais (7,4%), produtores de conteúdos (7,4%), diretores (7,0%) e freelancers (3,5%), além de outros cargos.
A maior parte (49,6%) trabalha regime de contratação com registro em carteira. O segundo regime de contratação mais comum é prestador de serviço por contrato temporário (PJ), 22,9%. "A quantidade de profissionais com carteira assinada chama a atenção e diverge das pesquisas sobre o perfil do jornalista brasileiro em geral", analisa Claudia Nonato. Segundo ela, a proporção de carteira assinada em 2021 é menor do que na pesquisa de 2019, porém ainda é alta. Ainda em relação à primeira pesquisa, a porcentagem de jornalistas com contrato temporário aumentou. Em 2019, 59,3% tinham carteira assinada e 19,7% eram PJ.
Tempo de atuação e motivação
A maior parcela (28,4%) é de profissionais que atuam na área entre 6 e 10 anos. Na sequência, vêm aqueles que trabalham com jornalismo de educação há menos de cinco anos (22,8%) e os que trabalham na área entre 11 e 20 anos (20,9%).
Chama a atenção que 44,2% dos entrevistados informam que ingressaram no jornalismo de educação por gostar deste mercado ou ter interesse pessoal nele.
Impactos da pandemia
O principal efeito da pandemia de Covid-19 sobre os jornalistas de educação foi a migração para o regime de home office (61,6%). Além disso, quase 30% dos comunicadores afirmaram terem tido problemas de saúde física e/ou mental. Em contrapartida, a pesquisa mostra que 22,9% iniciaram um novo projeto, 13% conseguiram um novo emprego e 11,3% tiveram mais qualidade de vida. A suspensão de contratos de trabalho ou perda de clientes afetou 10,9% e 4,6% foram demitidos.
Confira aqui o relatório completo.
Confira também como foi o papo no evento de lançamento: