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Pandemia revela o papel fundamental do professor

Debates do quarto dia do congresso da Jeduca abordaram relevância dos educadores na educação básica e no ensino superior

23/10/2020
Mariana Mandelli, Especial para a Jeduca

O enfrentamento da pandemia na área educacional tem sido desafiador em todos os níveis de ensino, da educação básica ao ensino superior, uma vez que adaptação à modalidade remota e as desigualdades de acesso às tecnologias agravam o cenário de incertezas em que toda a comunidade escolar está inserida.

 

Nesse cenário, novos desafios se somam a outros que já existiam, como mostram os debates do penúltimo dia do 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca.

 

O evento, que aconteceu de 19 a 23 de outubro de 2020, foi online e gratuito. A programação completa pode ser conferida aqui e, até dia 23 de novembro, caso ainda não tenha feito inscrição, ainda dá para se inscrever para assistir às mesas aqui. Caso tenha feito inscrição, basta entrar no site com o login e a senha cadastrados. 

 

A centralidade do professor

O papel do professor no ensino remoto foi um dos temas centrais de debate da sessão “A pandemia e a volta às aulas em diferentes países”, com participação de educadores de Israel, Espanha e Chile e mediação de José Brito, gerente do Canal Futura e membro do Comitê da Jeduca.

 

Longe das lousas e agora atrás das telas, os educadores têm se desdobrado para dar conta de todos os alunos, ao mesmo tempo em que aprendem a lecionar em um contexto completamente diferente de meses atrás. Mesmo com os avanços tecnológicos e de inteligência artificial que observamos nos últimos anos, a pandemia reforçou o papel docente na aprendizagem e, consequentemente, na sociedade.

 

“A tecnologia não substitui o contato pessoal e a interação entre os estudantes, nem os professores. Esse é o principal aprendizado desse período”, disse o professor israelense Amit Goren. Ele é coordenador dos 9.º e 10.º anos e dá aulas de matemática do ensino médio.

 

Perdas e ganhos

A chilena Marcela Villavicencio, diretora de escola pública e professora estadual de história e geografia, concorda. “Apesar do contexto de angústia, os professores fizeram esforços maravilhosos para chegarem a cada uma das casas”, relatou. Segundo ela, o ministério chileno demorou para tomar providências, o que fez com que não houvesse uma proposta única no país.

 

Em contrapartida, a pandemia trouxe uma oportunidade para mudança de paradigmas. “A pandemia pressionou o sistema educativo a mudar as formas de avaliação e as formas de entregar os conteúdos. O professor precisa fazer mais do que entregar conceitos. Temos que focar nas atividades. A avaliação formativa é a chave”, disse ela.

 

O fechamento das escolas também afetou o desenvolvimento das habilidades socioemocionais das crianças e jovens – e isso é mais prejudicial para os alunos menores. “Quando estão juntas, as crianças desenvolvem habilidades sociais, de comunicação e de relacionamento importantes para a vida futura”, explicou Mario Fiore, professor de idiomas na Ilha de Tenerife, na Espanha.

 

Por outro lado, a quarentena impulsionou outras competências nos estudantes. Para Amit Goren, afirma que as crianças e jovens estão sendo obrigados a gerenciar o próprio o tempo, já que os dias são muito parecidos. “Eles precisam ter motivação, objetivo e aprender a aprender a partir da leitura de livros e da internet”, pontuou.

 

Desigualdades

O cenário relatado pelos educadores estrangeiros é semelhante ao brasileiro em diversos aspectos, especialmente a dificuldade de enfrentamento das desigualdades.

 

No Chile, a diretora Marcela afirma que, antes da pandemia, via-se a discrepância entre escolas públicas e particulares. Agora, com o ensino remoto, essas diferenças aparecem entre os alunos de uma mesma turma, por conta da falta de rede e equipamentos.

 

Mesmo lecionando em uma escola privada, Mario Fiore também observou dificuldades de acesso a computadores e celulares que facilitassem o ensino remoto. “Como fazer para compartilhar dispositivos eletrônicos em uma casa com muitas crianças, sendo que os pais também usam para trabalhar?”, questionou o professor.

 

Universidades federais: entre antigos e novos desafios

Além dos desafios impostos pela pandemia, as universidades federais enfrentam dificuldades que já se arrastavam nos últimos anos e que foram agravadas com a Covid-19 e com o governo Bolsonaro, como o corte de verbas e os ataques ideológicos.

 

Esses temas foram colocados em debate no 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, na mesa “O que será das universidades federais no pós-pandemia?”, liderada por Thais Borges, repórter do Jornal Correio, da Bahia, e membro do Comitê da Jeduca.

 

“A universidade não tem tempo para doutrinamento. É o lugar onde os diferentes convivem de forma harmoniosa, com respeito e debate. E é assim no mundo todo – essa é a prerrogativa da universidade, que existe há mil anos. Não dá para ela atendera qualquer tipo de ingerência política, com qualquer viés, como ocorre hoje no Brasil”, disse Edward Madureira Brasil, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Associação Nacional dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), referindo-se ao processo de escolha de novos reitores de universidades federais

 

Para ele, é preciso reforçar a ideia de que a universidade é o ambiente de dados confiáveis e da construção do conhecimento. “A universidade mobilizou-se como nunca para fazer o enfrentamento da Covid-19. Ela se mostrou solidária e passou a ser uma protagonista desse cenário. A ciência se colocou a serviço da pandemia”, disse.

 

Nesse sentido, Mariana Pezzo, jornalista e coordenadora executiva do LAbI UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), afirmou que é preciso falar mais sobre as universidades e o que elas realmente fazem. Segundo ela, é preciso pensar como promover o diálogo mais informado sobre a relevância do ensino superior público para permitir que as pessoas participem dos rumos das universidades, o que pode ser feito por meio do reforço de ações de divulgação cientifica.

 

“Falar delas é defendê-las e desfazer de discursos recorrentes e distantes da realidade, como essa questão de que existe um financiamento excessivo ou mesmo a ideia de que elas sejam instituições inúteis, que ficaram paradas durante os últimos meses”, explicou.

 

Defasagem

A situação precária de algumas instituições também foi tema de debate. Nilton Brandão, presidente da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituição Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) e professor no Instituto Federal do Paraná, lembrou que as verbas destinadas às universidades não acompanharam a expansão de matrículas nos últimos anos.

 

“Com o Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], dobramos o número de alunos. Ocupamos o vazio, estamos em todos os estados da federação. Mas o orçamento caiu em relação ao PIB. É importante dizer isso”, pontuou Nilton

 

Para ele, o fortalecimento da ciência brasileira não pode acontecer sem que essas instituições sejam valorizadas. “Vivemos um retorno de cérebros, cientistas que estavam no exterior começaram a enxergar no Brasil um país que tem uma ciência séria. Mas, de repente, as bolsas estão sendo cortadas”, relatou Brandão.

 

Confira como foi a mesa sobre as universidades federais:

 

 

O 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação tem o patrocínio da Fundação Lemann, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Unibanco, Itaú Social, Itaú Educação e Trabalho, e apoio do Colégio Rio Branco e Loures Consultoria.

 

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