(Com edição de Marta Avancini)
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou nesta quinta-feira (27) os resultados da avaliação sobre letramento financeiro dos estudantes, que integra o Pisa 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).
O relatório apresenta os resultados de cerca de 98 mil estudantes de 20 países e regiões de paises, incluindo o Brasil, avaliados na competência de educação financeira. Do total de países participantes, 14 são da OCDE e 6 são parceiros.
O documento em inglês pode ser consultado aqui.
O Pisa é realizado a cada três anos com estudantes de 15 anos de vários países. A cada vez, a prova enfoca uma área do conhecimento entre as três avaliadas: leitura, matemática ou ciências. O foco da prova em 2022 foi matemática (esses resultados foram divulgados em dezembro de 2023, confira os destaques nesta matéria).
Em 2022, além do enfoque em matemática, a prova avaliou competências consideradas pela OCDE como relevantes para o século 21: pensamento criativo e educação financeira. Para saber mais sobre os resultados da avaliação sobre pensamento criativo dos estudantes, leia aqui.
Esta é a quarta vez em que a proficiência dos estudantes em educação financeira é avaliada pela OCDE. A competência foi avaliada em 2012, 2015, 2018 e 2022. O Brasil participou das três últimas edições. Confira os resultados de 2015 e 2018.
O que é educação financeira para a OCDE?
A definição de educação financeira adaptada para a faixa etária de 15 anos e adotada no Pisa 2022 abrange:
Os resultados do Brasil
O Brasil teve 416 pontos na avaliação de educação financeira, 82 pontos abaixo da média da OCDE (498).
No ranking internacional, o Brasil está na 17ª posição, à frente apenas da Malásia e Arábia Saudita, que tiveram, respectivamente, 406 e 412 pontos.
A avaliação adota uma margem de confiança de 95%. Por isso, as posições dos países na tabela ainda podem variar. Então, no caso do Brasil, o intervalo de pontuação oscila de 411 a 420, fazendo com que a maior posição que o país poderia ocupar no ranking seja 15ª, e a menor, 20ª.
No conjunto de países avaliados, ficaram acima da média da OCDE a região de Flandres, na Bélgica, que obteve a maior pontuação (527 pontos), seguida da Dinamarca (521), oito províncias do Canadá avaliadas (519), Holanda (517), República Tcheca (507), Áustria (506) e Polônia (506).
Níveis de proficiência
A OCDE estabeleceu cinco níveis de proficiência na avaliação, variando de 1 a 5..
Os resultados mostram que o Brasil está entre os países com maior porcentagem de estudantes abaixo do nível 1 e no nível 1: 45% dos estudantes brasileiros avaliados estão nesses níveis. A média da OCDE foi de 18%.
A comparação desse resultado com países com pontuação mais alta revela uma diferença significativa. A Dinamarca é a nação com menor número de estudantes nos níveis mais baixos da escala (10,9%), seguida pela região de Flandres da Bélgica (12%).
No nível 1, os estudantes possuem habilidades básicas: reconhecem a diferença entre as suas necessidades e o que querem e conseguem tomar decisões simples no dia a dia. Eles realizam operações matemáticas básicas, como adição, subtração e multiplicação, por exemplo, para resolver problemas financeiros.
Em contrapartida, 2% dos jovens brasileiros alcançaram o nível 5 de proficiência, contra a média da OCDE (11%).
O nível mais alto de proficiência inclui habilidades como olhar e planejar o futuro, de forma a resolver problemas financeiros e tomar decisões. Eles também conseguem analisar produtos de financeiros complexos, descrever os possíveis resultados de decisões, mostrando um entendimento do panorama financeiro amplo, como por exemplo o imposto de renda.
Outro resultado chama a atenção: no Brasil, 54,9% dos estudantes estão nos níveis 2,3,4 e 5 de proficiência. O percentual é menor do que a média da OCDE (82,1%) e de países como a Dinamarca (89,1%) e a região de Flandres na Bélgica (88%).
Nos níveis 2 e 3, os estudantes possuem conhecimento de conceitos básicos, começam a ser capazes de considerar as consequências de suas decisões e conseguem elaborar um planejamento financeiro simples. Ao atingir o nível 4, os estudantes têm a capacidade de tomar decisões tendo em mente consequências a longo prazo.
Histórico do Brasil
Embora a porcentagem de estudantes no nível 1 e abaixo dele seja elevada no Pisa 2022 (46,7%), ela diminuiu em relação a 2015 (53,3%).
Além disso, em 2015, o Brasil teve uma pontuação de 393 e ficou em último lugar no ranking de países.
Em 2018, 46,7% dos estudantes brasileiros estavam nos níveis 2,3,4 e 5. Em 2022, esse número aumentou para 54,9%.
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