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Relatório da OCDE traça panorama do letramento financeiro entre adolescentes

Avaliação, que integra o Pisa 2022, traz resultados sobre competências e habilidades de estudantes de 20 países, entre eles o Brasil

27/06/2024
Isabella Siqueira

(Com edição de Marta Avancini)

 

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou nesta quinta-feira (27) os resultados da avaliação sobre letramento financeiro dos estudantes, que integra o Pisa 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

 

O relatório apresenta os resultados de cerca de 98 mil estudantes de 20 países e regiões de paises, incluindo o Brasil, avaliados na competência de educação financeira. Do total de países participantes, 14 são da OCDE e 6 são parceiros. 

 

O documento em inglês pode ser consultado aqui.

 

O Pisa é realizado a cada três anos com estudantes de 15 anos de vários países. A cada vez, a prova enfoca uma área do conhecimento entre as três avaliadas: leitura, matemática ou ciências. O foco da prova em 2022 foi matemática (esses resultados foram divulgados em dezembro de 2023, confira os destaques nesta matéria).

 

Em 2022, além do enfoque em matemática, a prova avaliou competências consideradas pela OCDE como relevantes para o século 21: pensamento criativo e educação financeira. Para saber mais sobre os resultados da avaliação sobre pensamento criativo dos estudantes, leia aqui.

 

Esta é a quarta vez em que a proficiência dos estudantes em educação financeira é avaliada pela OCDE. A competência foi avaliada em 2012, 2015, 2018 e 2022. O Brasil participou das três últimas edições. Confira os resultados de 2015 e 2018.

 

O que é educação financeira para a OCDE?

 

A definição de educação financeira adaptada para a faixa etária de 15 anos e adotada no Pisa 2022 abrange:

 

  • Conhecimento e compreensão de conceitos financeiros e riscos.

 

  • Habilidades e atitudes para aplicar esse conhecimento e compreensão, a fim de tomar decisões eficazes em diferentes contextos financeiros.

 

Os resultados do Brasil

 

O Brasil teve 416 pontos na avaliação de educação financeira, 82 pontos abaixo da média da OCDE (498). 

 

No ranking internacional, o Brasil está na 17ª posição, à frente apenas da Malásia e Arábia Saudita, que tiveram, respectivamente, 406 e 412 pontos. 

 

A avaliação adota uma margem de confiança de 95%.  Por isso, as posições dos países na tabela ainda podem variar. Então, no caso do Brasil, o intervalo de pontuação oscila de 411 a 420, fazendo com que a maior posição que o país poderia ocupar no ranking seja 15ª, e a menor, 20ª.

 

No conjunto de países avaliados, ficaram acima da média da OCDE a região de Flandres, na Bélgica, que obteve a maior pontuação (527 pontos), seguida da Dinamarca (521), oito províncias do Canadá avaliadas (519), Holanda (517), República Tcheca (507), Áustria (506) e Polônia (506).  

 

Níveis de proficiência

 

A OCDE estabeleceu cinco níveis de proficiência na avaliação, variando de 1 a 5..

 

Os resultados mostram que o Brasil está entre os países com maior porcentagem de estudantes abaixo do nível 1 e no nível 1: 45% dos estudantes brasileiros avaliados estão nesses níveis. A média da OCDE foi de 18%. 

 

A comparação desse resultado com países com pontuação mais alta revela uma diferença significativa. A Dinamarca é a nação com menor número de estudantes nos níveis mais baixos da escala (10,9%), seguida pela região de Flandres da Bélgica (12%).

 

No nível 1, os estudantes possuem habilidades básicas: reconhecem a diferença entre as suas necessidades e o que querem e conseguem tomar decisões simples no dia a dia. Eles realizam operações matemáticas básicas, como adição, subtração e multiplicação, por exemplo, para resolver problemas financeiros. 

 

Em contrapartida, 2% dos jovens brasileiros alcançaram o nível 5 de proficiência, contra a média da OCDE (11%). 

 

O nível mais alto de proficiência inclui habilidades como olhar e planejar o futuro, de forma a resolver problemas financeiros e tomar decisões. Eles também conseguem analisar produtos de financeiros complexos, descrever os possíveis resultados de decisões, mostrando um entendimento do panorama financeiro amplo, como por exemplo o imposto de renda.

 

Outro resultado chama a atenção: no Brasil, 54,9% dos estudantes estão nos níveis 2,3,4 e 5 de proficiência. O percentual é menor do que a média da OCDE (82,1%) e de países como a Dinamarca (89,1%) e a região de Flandres na Bélgica (88%).

 

Nos níveis 2 e 3, os estudantes possuem conhecimento de conceitos básicos, começam a ser capazes de considerar as consequências de suas decisões e conseguem elaborar um planejamento financeiro simples. Ao atingir o nível 4, os estudantes têm a capacidade de tomar decisões tendo em mente consequências a longo prazo.

 

Histórico do Brasil

 

Embora a porcentagem de estudantes no nível 1 e abaixo dele seja elevada no Pisa 2022 (46,7%), ela diminuiu em relação a 2015 (53,3%).

 

Além disso, em 2015, o Brasil teve uma pontuação de 393 e ficou em último lugar no ranking de países.

 

Em 2018, 46,7% dos estudantes brasileiros estavam nos níveis 2,3,4 e 5. Em 2022, esse número aumentou para 54,9%. 



Outros achados relevantes

 

  • Relação com desempenho em matemática e leitura: os resultados indicam uma relação entre letramento financeiro e uma alta performance em matemática e leitura, consideradas pré-requisitos.

  • Desempenho por gênero: na média da OCDE, a pontuação dos meninos foi 5 pontos maior do que a das meninas. Os meninos tiveram desempenho superior ao das meninas nos seguintes países: Áustria, Costa Rica, Dinamarca, Hungria, Itália e Portugal.  Em contrapartida, na Bulgária, Malásia, Noruega e Emirados Árabes Unidos, as meninas tiveram desempenho superior aos meninos em letramento financeiro. Nos outros 10 países, incluindo Brasil, a diferença estatística não foi significativa.

  • O impacto das características dos estudantes: a OCDE analisa que as atitudes, comportamentos e histórico familiar dos estudantes têm mais impacto no letramento financeiro do que as características da escola.

  • Iniciativas para promover a educação financeira: de acordo com o relatório, todos os países e economias avaliados começaram a introduzir tópicos relacionados à educação financeira no currículos escolares ou em atividades extracurriculares. O Brasil é um dos países que possuem uma estratégia nacional de educação financeira voltada ao público jovem.



Dicas de cobertura

 

  • Procure contextualizar os resultados, evitando usar as pontuações e a localização dos países no ranking de forma isolada.

  • Uma análise relevante pode ser comparar um país com o seu histórico na avaliação.

  • Um tópico do relatório que pode se desdobrar em outras pautas é a associação, indicada pela OCDE, entre o desempenho em leitura e matemática e a educação financeira. Também é possível detalhar e aprofundar as habilidades previstas em cada nível de proficiência.

  • A educação financeira é um tema ainda pouco abordado em pautas jornalísticas, mas o tema faz parte da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que prevê o estudo de conceitos básicos de economia e finanças no ensino fundamental. Como esse assunto vem sendo abordado nas escolas?

  • No Brasil, existem algumas iniciativas no campo da educação financeira para estudantes e professores, como o programa Educação Financeira na Escola, resultado da cooperação entre CMV (Comissão Mobiliária de Valores), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e MEC (Ministério da Educação), e o Aprender Valor, do Banco Central.

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